Caroline

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Caroline se sentou na grama, ao lado de suas amigas, na sexta-feira de manhã, quando faltavam apenas vinte minutos para a primeira aula começar. Mesmo naquele horário, o sol já estava forte – para os padrões da Europa – e os corredores dos dormitórios estavam agitados. Suas amigas estavam arrumadas, como se fossem para uma festa, e não para a aula. Harriet vestia um vestido de verão curto, e saltos altos. Mia estava de saia justa e uma blusa social sem mangas, com sapatilhas nos pés, e Ronnie era a mais simples de todas, vestia calça, blusa e tênis.

Caroline tinha que confessar: gostava mais dela do que das outras. Talvez porque ela fosse simples, gentil e não fosse esnobe. Ela tinha a impressão de que Ronnie era a única de suas amigas que não via interesse em fazer amizade com a filha do primeiro ministro.

-Ei, Caroline, você está dormindo? – perguntou Harriet.

Ela sorriu amarelo para a garota e se levantou, limpando a grama da roupa.

-Na verdade, preciso buscar meus cadernos no dormitório. Vejo vocês na aula.

E, dizendo isso, saiu dali.

Não que ela quisesse se desfazer das meninas, mas estava de saco cheio de ter amizades por interesse. As pessoas achavam que por ela ser filha de uma das pessoas mais importantes do país, deveriam andar grudadas com ela. Não era assim que funcionava, é claro. Caroline tinha senso, sabia quem era falso e quem era verdadeiro com ela, mas o problema era que, com o passar do tempo, quem antes era seu amigo começava a enxergá-la com outros olhos.

Harriet e Mia eram exemplos disso, garotas que no começo eram amigáveis e verdadeiras, mas que, com o passar do tempo, haviam se tornado invejosas. Caroline não tinha coragem de afastá-las, simplesmente porque aquele era o pior momento da sua vida, e mesmo que elas não soubessem de nada que estava acontecendo, ainda sentia que tinha amigas. Na sua cabeça ela ainda podia contar com elas.

Entrou no quarto e encontrou Juliet engolindo uma daquelas suas pílulas diárias para ansiedade e depressão.

-Bom dia – disse.

Juliet nem mesmo levantou o olhar para ela, continuou penteando o cabelo e se arrumando para a aula. Caroline franziu o cenho.

-Aconteceu alguma coisa?

A garota parou de se encarar no espelho e deixou os braços caírem ao lado do corpo, derrotada.

-A mãe do Louis morreu – disse ela, sem nem olhar Caroline nos olhos.

Caroline caiu sentada na cama, olhando para Juliet sem acreditar no que estava ouvindo.

-Hoje?

-Não, ontem de noite. Ele não está mais na escola, Niall que me contou. – Juliet se sentou de frente para ela, na outra cama, e cobriu a boca com as mãos.

-Meu Deus – murmurou Caroline – ele estava falando dela ontem, sobre a doença, e do nada ela morre. É meio sinistro, não?

-Sinistro? – grunhiu Juliet – não é sinistro, Caroline, é horrível. Ele vai se acabar de vez agora.

-A bebida... Vai matá-lo. – comentou, e viu Juliet estremecer com a menção da palavra "morte" – você deveria ajudar ele.

Ela levantou o rosto e perguntou:

-Porque eu? Ele não escuta ninguém.

-Talvez ele te escute. Sabe, ele era bem mais controlado com a bebida quando vocês namoravam.

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