Dez

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Não importa a situação, é sempre horrível dizer adeus.

- Fala Carol, que história é essa de você e Thomas? - diz Gwen e percebo que estou a algum tempo parada olhando-a.
  - Nada de mais, ontem quando eu sai da sua casa, os vi juntos na praça e a provoquei, para perturbar Carrie, foi só isso. - Resolvo não contar a história direito e muito menos sobre Thomas ter me ajudado. - Mas isso não importa agora. O que importa é que você precisa se tratar.
  - Eu vou tentar parar, eu juro. - diz ela respirando fundo e se encostando na pia, ela já esqueceu do assunto sobre Thomas.

+++

  1 semana se passou, finalmente estou no último mês de aula. Depois disso vou finalmente terminar a escola.
  Nessa semana que passou, eu e Gwen continuamos namorando e continuei indo para casa dela todas as tardes - claro que agora estamos tomando mais cuidado -, vi Thomas poucas vezes e sempre que o via ele estava com Carrie por perto, pertobando-o. Nunca mais soube de Gwen estar usando cocaína, mas agora ela fuma sempre, diferente de antes, ela não fumava na minha frente.
  Estou indo para casa, estava na casa de Gwen, quando alguém me puxa para dentro de um beco, tampando minha boca, estou apavorada não consigo ver quem está me segurando.
  Finalmente a pessoa me solta, viro rapidamente para ver quem é.
  - Qual é o seu problema? - digo enfurecida.
  - O que foi? Não vai me dizer que se assustou? - diz Thomas rindo.
  Não aguento e acabo rindo, um pouco de alívio e um pouco por ter sido engraçado o meu desespero. - Claro que me assustei, você é maluco.
  - É... talvez.
  - O que você está fazendo aqui?
  - Esperando você passar, todos os dias que venho a praça com Carrie vejo você passar por essa calçada, então fiquei aqui te esperando para darmos uma volta. - diz Thomas.
- Primeiro, sua namoradinha não quer você andando comigo. E segundo, o que faz pensar que quero sair com você?
- Primeiro que Carrie é minha namorada e não minha dona. E segundo, não é um encontro, é apenas uma volta... Como amigos. - diz ele tentando me convencer.
- Eu não sou sua amiga...
- Você já disse isso outro dia. - ele me interrompe.
Bufo e acabo cedendo. - Ok, fazer o quê? Você não vai me deixar em paz mesmo.
Ele sorri se sentindo vitorioso.

+++

  Estamos no bosque, na árvore do pensamento. Seu carro está estacionado em frente a entrada do bosque, a noite está sendo muito divertida com Thomas, já fomos ao cinema e compramos doces na Sweet Candy BP e agora estamos comendo e conversando, sentados, encostados na árvore do pensamento. Por sorte, estou saindo sempre um pouco antes do anoitecer da casa de Gwen, então ainda não está tão tarde.
- Escolhe, bombom com recheio de coco ou morango? - diz Thomas.
  - Tanto faz. - digo sorrindo.
  - Sério escolhe, são os últimos.
  - Certo, então pode ser de morango. - digo.
  Thomas abre o bombom e chega mais perto de mim. - Abre a boca. - diz ele.
  - Não Thomas. - digo meio desconfortável.
  - Se não abrir não vai ter. - diz ele sorrindo.
  Acabo rindo nervosa diante de seu sorriso e abro a boca, ele põe o bombom em minha boca e posso sentir seus dedos em meus lábios. Mastigo o bombom e percebo que Thomas está parado olhando para mim. E de repente, ele me beija.
  Tento empurra-lo, mas seu beijo é maravilhoso, sua boca macia junto com seus braços e mãos fortes, que me pegam pela nuca e pela cintura, chegando mais perto, tudo isso à sombra da árvore do pensamento. Está tudo tão perfeito e gostoso que não tento mais sair do beijo.
Gwen.
  A imagem de Gwen vem a minha mente, abro os olhos. O que eu estou fazendo? Empurro Thomas com força que me olha sem entender.
  - Estou indo embora. - digo já me levantando e passando pelas árvores a caminho da saída do bosque.
  - Calma, eu vou te levar em casa. - diz Thomas vindo atrás de mim. Quando já estou na calçada Thomas me alcança segurando meu braço, puxo meu braço da mão dele. - Desculpa, eu não deveria ter...
  - Eu não quero saber das suas desculpas, só estou indo embora, ok? - digo sendo um pouco rude com ele.
  Ele respira fundo e diz. - Deixa eu pelo menos te levar em casa, juro que não farei nada... Como amigos?
  - Da última vez que você disse "como amigos", você acabou me beijando. - respondo com ignorância.
  - Carol... é sério. - fala ele me lançando um olhar que me derrete por dentro, quero beija-lo mais, mas não posso.
  Fico em silêncio e ele percebe que meu silêncio é um "sim". Ele abre a porta do carro para mim e eu entro.
  Peço para que ele pare um pouco antes da minha casa e explico que é para os meus pais não perguntarem. Ele para o carro e antes que eu saia digo.
  - Obrigada por ter me ajudando tanto aquele dia e pela noite de hoje, mas acho melhor a gente não se ver mais.
  - Por que não? Eu sei que você gostou, como eu também gostei. - diz ele como se o que aconteceu tivesse sido importante para ele.
  Olho para ele, o desejo de beija-lo toma meu corpo, mas me contenho. - Adeus Thomas.
  Saio do carro e entro em casa.

+++

  No dia seguinte, estou em casa almoçando com meus irmãos, mamãe e papai estão trabalhando. Chegamos da escola a cerca de uma hora. Meu celular toca, é Gwen. Me levanto da mesa e vou até o quarto para atender.
  - Oi amor. - digo.
  - Carol, me encontre na praça daqui a uma hora, por favor... Preciso falar com você, é urgente. - diz Gwen com uma voz de choro e após isso desliga.
  Uma hora depois estou na praça, aflita, nervosa, pensando mil coisas no que poderia ter acontecido. Liguei para ela após ela ter desligado, mas o celular dela só dava desligado.
   Finalmente Gwen chega, me levanto do banco dizendo. - Gwen, o que houve? Por que você estava daquele jeito quando me ligou?
  Ela se senta e eu me sento ao lado dela, olhando-a.
  - Nós sabíamos que isso mais cedo ou mais tarde aconteceria, não é? - diz ela com um sorriso no rosto, mas dos seus olhos caíam lágrimas.
  - Aconteceria o quê? - Pergunto, mesmo já sabendo a resposta.
  - Daqui a uma semana... Eu e meu pai
estamos indo embora. Acabou, Carol... Acabou.

CarolOnde histórias criam vida. Descubra agora