Capitulo Um

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“Você devia saber que eu nunca poderia continuar sem você olhos verdes”

Eram quase seis da manhã quando Eve acordou naquela manhã de quarta feita.
O despertador ao lado na cabeceira tocava descontroladamente, o que só a deixou mais irritada.
Ela desligou o despertador e colocou os pés para fora da cama parando assim que sentiu uma pequena tontura tomar conta de sí, por um único segundo sua visão pareceu ficar meio embaçada. Ela respirou fundo e fechou os olhos tentando se acalmar.
Após poucos segundos tentando se recuperar ela se levantou e seguiu na direção do banheiro onde parou em frente ao espelho e encarou seu reflexo.
Mesmo tendo a pele bem clarinha ainda dava para notar que ela estava um pouco abatida, as sardas em seu rosto ainda dava um pouco de cor, mas nada disfarçava o fato dela parecer doente. Bom, de qualquer forma aquilo não era uma total mentira.
Aos 15 anos Eve descobriu que estava com um tumor no cérebro. No começo tudo aquilo pareceu um grande pesadelo, ainda parecia, mas nada se comparava a dor que ela sentiu nos primeiros meses.
Ela nunca foi uma pessoa muito segura de sí, além de estar sempre sofrendo Bullying do pessoal do colégio e de ser rejeitada e humilhada pelo cara que ela tanto gostava, aquela era mais uma luta que ela tinha que enfrentar e por mais que fosse difícil ela estava disposta a vencer.
Durante um ano ela lutou fazendo tratamentos, radioterapia, abrindo mão de tudo para se recuperar, não por ela mas por suas duas mães, e por mais difícil que foi ela também foi obrigada a  desistir de seu cabelo que naquela época era grande e ruivo.
Sempre tentou encarar tudo da melhor forma possível mas algo em tudo aquilo mudou.
Numa tarde nublada de dezembro ao descobrir que tinha pouco menos de trinta semanas de vida, Eve percebeu que nada do que fez valeu a pena.
Ela percebeu que aquela era uma batalha que ela mesma não conseguiria vencer. Se ela estava desistindo de fazer o tratamento não era porque não tinha mais forças para lutar, ela mesma jurou a sí que faria de tudo para enfrentar aquilo de cabeça erguida, mas ela estava desistindo porque não havia mais sentido lutar por algo impossível.
A luta para se curar de um câncer maligno como o dela era o mesmo que está a beira de um precipício, na dúvida entre pular ou esperar até que tudo se resolvesse. Só havia uma única escolha, e essa poderia fazer com que sua vida tomasse um runo totalmente diferente, mas ambas as decisões entre pular ou esperar tinha um único final e esse com certeza era algo inevitável.
Eve definitivamente não tinha mais medo do câncer, não tinha mais medo da morte. A única coisa que a assustava era não conseguir viver o suficiente para enfrentar a vida, porque de alguma forma tudo o que fez até hoje foi desistir e ficar quieta enquanto os outros faziam dela o que quisessem.
Por mais que tentasse lutar contra essa rejeição de todos ela sabia que aquele sim era um desafio grande demais.
O tempo era seu limite, se ela não fizesse, ou pelo menos tentasse qualquer coisa tudo iria acabar.
Era como se toda a sua vida estivesse se desfazendo e por pior que fosse a realidade, para ela aquilo estava acontecendo rápido demais.

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