Eu não entendia o porquê de sempre estar naquele lugar, porquê da neve, porquê eu estava daquele jeito, só sabia que eles viriam atrás de mim, esse momento eu nunca conseguiria esquecer, o medo e insegurança, meu coração acelerado e a neve caindo e enfeitando o chão. Então corri e gritei pela minha mãe de novo, novamente os tiros novamente a neve rasgando meus pés, e novamente aquela última dor e o abraço das sombras antes de meus sentidos sumirem, e como sempre me acordei assustada e no chão.
Meu ombro já estava roxo de toda manhã ser o primeiro a se chocar contra o chão, o medo que eu sentia durante esse pesadelo era tão vivido que não conseguia evitar de reviver aquilo, tenho que tirar isso da minha mente e focar na realidade.
Fui para o banho rápido para me livrar daquela sensação ruim e acordei o Chezy tranquilamente dessa vez, não tive animo nem para atormenta-lo. Vesti uma blusa de manga longa branca e capuz azul e vesti meu short que terminavam depois do joelho, coloquei meu all star preto básico. Com meu cabelo não tinha muito o que fazer, estava como sempre alto, em fim desisti sem pensar muito para não me estressar logo cedo. No mundo das bloguerinhas e no universo do Instagram eu seria aquela que ninguém patrocina por motivos de não ficar boa com nada, mas se me sugerissem ser degustadora talvez eu ganhasse muito dinheiro, quer dizer, essa profissão da dinheiro não é mesmo? E falando nisso, estou com fome. Depois de todos os deveres de sempre, estava pronta pra ir até a escola só esperava o meu irmão na porta, meu ombro estava me incomodando um pouco, uma dorzinha latejante, estava tentando movimentar o braço para ver se a dor aumentava quando Alice me chamou o que me deixou tensa, será que eu tinha feito algo errado? Não tinha nem como saber pelo seu rosto, ela não tinha nenhuma expressão, as vezes parecia uma boneca de porcelana.
Fomos até seu quarto, ela disse que queria conversar o que era muito estranho pra mim e bem assustador, eu deveria estar ferrada mesmo. Seu quarto era verde limão e tinha detalhes brancos, com uma decoração moderna e cadeirinhas giratórias redondas como um ovo quebrado, eu e minha mania de reparar nos ambientes para me sentir mais calma, mas precisava focar em algo que não fosse a cara sem expressão de Alice. Ela pediu que eu me sentasse na cama dela, que por sinal tinha um colchão bege horrível e assim eu fiz sem reclamar, esperando o maior esporro da minha vida. Ficava imaginando se tinha errado a comida, se ela tinha descoberto que Chezy saiu com os meninos e chegou tarde ontem, se esqueci de lavar alguma roupa, mas não me vinha muita coisa em mente.
- Daqui a uns dias é seu aniversário Ka, 16 anos é uma idade importante. - Ela disse se sentando ao meu lado, será que iriam me expulsar de casa?
- É só mais um número Alice. - Eu disse tentando parecer não ligar para o meu aniversário e ela sorriu morbidamente.
- Você como sempre durona né, eu sei que é um número especial principalmente para uma garota. Que tal uma pequena festa? Você poderia chamar alguns amigos se quiser, eu falaria com o Jardeu, liberamos a casa até meia noite e você se divertia um pouco. - Ela disse sorrindo. – É o máximo que posso oferecer, mas acho que poderia ser divertido para você, comemorar pelo menos esse ano. – Eu não sabia como reagir, mas algo no meu estomago parecia se agitar e fazer cocegas.
- Sério Alice? Poxa seria o máximo, eu ... Eu prometo que eu arrumo tudo depois, eu só quero convidar uns amigos pra um filme- Falo mostrando minha real empolgação, nunca imaginei que isso poderia acontecer, sorri sem perceber. Não parecia real - Poderia mesmo? - Perguntei animada, meu aniversário todos esses anos foram especiais, era meu dia preferido mesmo sem ter nada demais para fazer, mas é o primeiro ano em que posso receber visitas aqui e comemorar, primeiro ano na vida!
- E como presente antecipado, eu comprei algo pra você e não posso esperar até o seu aniversário pra te dar. – Ela se levantou e foi até a penteadeira, Chezy apareceu na porta do quarto e ficou encostado na mesma com um sorriso leve no rosto. Será que eu estava sonhando?
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E Se A Chapeuzinho Se Transformasse No Lobo Mau?
Werewolf- Ainda quer brincar? - Perguntou uma voz estranha e desconhecida atrás de mim, estávamos quase colados. Aquela voz era grossa, era um garoto, mas vasculhei minha mente tentando me lembrar da voz de todos os meninos daquela cidade, não era nenhum de...
