A verdadeira história de Haymitch (fanfic jogos vorazes)

A colheita

Acordo gritando. Esse é o dia da colheita, minha primeira colheita, terá um papel com o nome que poderá significar uma sentença de morte. Não é como se eu tivesse certeza que eu seria escolhido, Meghan, minha irmã pegou todas as tesséras, de forma que o meu nome só vai estar lá uma vez, como eu já disse antes: um papel. Mas mesmo assim eu tinha um pressentimento ruim, como se eu soubesse que algo ia acontecer... Eu inclusive tinha sonhado com meu nome sendo lido e eu indo para a arena. Tinha algo errado comigo, eu me sentia mal, não queria levantar, minha vontade era ficar em casa para sempre sem nunca ter de ir para nenhuma colheita.
-Haymitch?-perguntou Meghan entrando no quarto de cima. veja bem, nós só temos dois quartos: o de cima em que eu, Meghan e Michael dormimos e a cozinha que fica no andar de baixo. Não é muito, mas é mais que a maioria das pessoas da costura tem.-você está bem?-perguntou ela me tirando do meu devaneio.
Fiz que sim.
-tem certeza? Você estava gritando.
-eu não quero ir.-falei cruzando os braços.
-Não é uma opção você tem que ir.
-eu sei, é só que...
-o que?
-eu não sei. Eu sinto que vou ser sorteado.
-Haymitch, você tem 12 anos, seu nome só vai estar lá em um único papelzinho, eu peguei todas as tesséras, você não tem com o que se preocupar. Quer dizer... Olhe o nosso irmão. Michael foi a colheita dos 12 aos 18 pegando tesséras e está vivo! Nunca foi sorteado!
-É VERDADE!!!-ouvimos o grito de Michael que estava na cozinha nesse exato momento.
-tem razão.-eu disse-mas eu não sei... Eu sinto que algo ruim vai...
-nada vai acontecer.-ela me interrompeu, tirando uma faca do bolso e ajeitando os sapatos nós pés.-eu vou com a Mayslee caçar o almoço, te encontro na praça pública. Ela foi embora. Sempre foi assim, desde que meus país morreram a 10 anos atrás, Meghan caça, Michael cozinha e todos nós comemos. Na verdade no início, quando Meghan tinha apenas 6 anos, Michael 9 e eu 2, logo quando eles morreram, ninguém cozinhava e Meghan só conseguia pegar um esquilo por dia. Era difícil. O pior é que nós não podíamos ajudar, eu era só um bebê e Michael não sabe nem como se atira uma faca a mais de 2 metros de distância. De qualquer jeito, agora, eu e minha irmã já estávamos na praça pública entrando em uma fila onde eles esperaram nossos dedos com uma agulha esquisita. Avistei meu irmão na área dos adultos que ficam só observando, especulando quem será sorteado ou esperando as crianças sobreviventes. Era engraçado falar que Michael estava na "área de adultos", porque, com dezenove anos, ele era com certeza o mais infantil de nós três. De qualquer forma, eu fui para o meu lugar: na última fileira entre meus amigos Lucas e Claire.
-nervosos?-perguntou Claire.
-não.-disse Lucas. -E você?-eles pareciam nem notar que eu não havia respondido.
-sim... Sei lá...-respondeu ela.-haymitch você está bem? Você não costuma ficar mais de 20 segundos sem falar nada...-mudou de assunto.
-estou. Eu só não queria estar aqui...
-nem eu.-disseram em uníssono.
Uma moça estranha de cabelos tingidos de várias cores para que parecesse um arco íris andou pelo palco tentando não pisar no seu vestido gigante que imitava uma nuvem de chuva. Nas cadeiras atrás dela estavam o prefeito e Toby hinnigis, o único vitorioso que o distrito doze tinha.
-então, crianças-ela começou-meu nome é Leslie Trinket, eu irei sortear os jovens...hmmm... Corajosos que poderam honrar seu distrito nos jogos vorazes!-sua voz era mais irritante que o cabelo, se é que isso era possível. -mas antes o prefeito explicará toda a cerimônia.
O homem gordo e careca se levantou e começou a falar sobre como panem se reergueu das cinzas e tudo mais, mas eu não estava prestando atenção, eu notava uma pequena garota inteiramente vestida de rosa, com as pontas dos cabelos castanhos tingidos, correndo em direção a Leslie, a menina deveria ter uns sete ou oito anos.
-mamãe?-sussurrou ela.
-Effie, fique quieta...-dizia Leslie discretamente.
-mas eu quero ir para casa!
-ainda vamos demorar aqui, querida!-ela forçava um sorriso. Eu estava com muita vontade de rir, mas me contive porque Leslie começou a arrastar a filha pelo palco enquanto pegava um papel do pote das meninas:
-Mayslee Dooner.-senti um calafrio. Eu conhecia Mayslee. Sabia quem era: uma garota de 16 anos assim como Meghan. Tinha cabelos entre o ruivo e o castanho, olhos escuros e uma incrível habilidade com lanças. Na verdade ela era bem amiga da minha irmã, elas caçavam juntas todos os dias, mas a garota me odiava, eu acho que nunca me chamou pelo meu nome. Era sempre: fracassado, fedelho, imprestavel, Retardado ou qualquer coisa que ela inventasse. Uma vez ela chegou a me ameaçar de morte se eu contasse para alguém que a vira traindo seu namorado na floresta. Sim, NA FLORESTA!!! Enfim, eu me sentia uma pessoa horrível, mas parte de mim estava feliz por ver Mayslee subir naquele palco. Ela não foi arrastada por pacificadores ou escoltada pela plateia. Ele foi andando com um sorriso amedrontador no rosto e fez um discurso sobre como ela iria ganhar "esse negocio insignificante" e de como ela está incrivelmente animada. Depois disso Leslie percorreu o palco, pegou um papel e leu:
-Haymitch Abernathy.
Eu fiquei sem reação, estava imóvel feito pedra. Fui escoltado por dois pacificadores, eu não sabia o que estava acontecendo. Estava desligado do mundo, tudo estava em câmera lenta, eu só sentia uma fina lágrima escorrer pelo meu rosto e ouvia os gritos de desespero dos meus irmãos. Foi quando, de repente, eu fui lançado contra a parede da realidade: Eu estava sendo arremeçado para a morte. Comecei a lutar para sair de perto do palco, mas os pacificadores me empurravam com força em direção ao lugar. Eu gritei e sentia que as minhas lágrimas também não iriam adiantar. Eu subi no palco e fiquei sozinho. Sabia que eu estava chorando e sabia que eu estava com medo. Mas eu não me importava. Eu estava patético, mas eu não ligava: eu só queria voltar para casa.