FOLHAS NO CHÃO

574 13 0
                                    

Olhando para a praça de nossa vida,percebemos que somos feitos de estações! Há tempos em que o verão predomina. Calor,luz,vida. Há tempos em que estamos no inverno. Frio,nebulosidade e dor. Na primavera. Novidade,beleza,alegria. E no outono. Folhas no chão, espera e reconheço.

Como afirmado acima, muitas pessoas passaram, perguntemo-nos o que elas deixaram. Quais folhas que deixaram? Quais os bancos que foram derrubados? Fazendo isso, com certeza encontraremos muitos sentimentos- mágoa, rancor, ressentimento, traição, abandono, solidão, tristeza, covardia etc.

Não devemos ter receio de identificar essas situações. Muitos tem medo de encarar a vida, de ver e assumir o estado que o outro o deixou, mas é importante enfrentar os bancos de nossa praça que foram derrubados. Não devemos nos envergonhar dos sonhos que foram pisoteados. A cura de Deus só acontece quando nomeamos nossos sentimentos.

Isso é muito sério. Pensemos agora numa situação agradável e escrevamos os sentimentos vividos naquele momento. O mesmo deve ser feito ao pensar numa situação desagradável. Feito isso, fechamos os olhos concentrarmo-nos em nós mesmos e escrever o que sentimos. Contudo, neste processo, muita coisa surge. E é preciso ter coragem para olhar cada uma delas é nomea-las, para tomarmos posse da resposta que damos aquilo que sentimos. Dessa forma, saímos um pouco da posição de vítima e começamos a ser protagonistas da nossa história. A vida é feita também de estações e cada uma deve ser denominada por nós a partir de nossos sentimentos.

Como foram citados folhas no chão, vamos discorrer um pouco sobre o outono em nossa vida. Outono chega...
O vento leva ao chão tudo que é frágil, mas não o despreza, ao contrário, utiliza como adubo, como aprendizado. Força para tempos difíceis. Além disso, é no outono que lutamos com muito mais garra para a concretização dos nossos sonhos, porque entendemos que todas as nossas ações hoje devem ser conscientes, isentas de falsas expectativas e para todo o sempre. Assim, tudo passa a ser eterno, mesmo que dure apenas uma gota d'água no mar do tempo, mas vivido com tamanha força que não tememos mais a aproximação do inverno ou a destruição da nossa árvore. Nada mais impede ou abala as nossas convicções. Essa é a estação do outono nas nossas vidas. Sem dúvida, a idade da liberdade de escolha, dos acertos, das novas qualidades, das verdadeiras descobertas... com a certeza de conquistas verdadeiras.

No processo desse outono vital que vivemos, encontramos muitas feridas. Um filósofo ateu disse: "Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza". Entre tantas coisas absurdas referente a Deus e à sua negação, Nietzsche acertou quanto ao outono da alma.

Cada vez mais, podemos ver jovens como praças abandonadas, com bancos de afetos revirados, com jardins destruídos. Jovens que vão deixando o coração destruir-se em baladas, festa e outros carnavais da vida. Gente que ainda não entendeu que o coração reage, sofre e se machuca. Gente que "fica" com dez pessoas em uma noite, mas vai para a casa só, porque nenhuma permaneceu. É triste perceber corações tão jovens e tão velhos por dentro, porque perderam a capacidade de sonhar com um futuro melhor.

Muitas vezes adoecemos até mesmo com o que o outro nos fala! A palavra tem o poder de nos destruir ou construir. Não importa quais palavras foram ditas em nossa vida; se em vez de palavras de amor, só escutamos gritos ou se em vez de um "eu te amo" de alguém querido, sentimos apenas desprezo em suas palavras. É hora de juntarmos essas "folhas" ao chão e entrega-las a Deus.

É o momento de levantarmos os bancos caídos de nossa praça é dizer ao coração ferido por tais palavras que vale a pena viver. A palavra de Deus pode nos curar. É Deus quem quer recolher as folhas, retirar os lixos e dar uma turbinada em nossa praça.

E a palavra de Deus para nós é: "Assim, as nações que sobraram em torno de vós saberão que eu, o senhor, reconstruí o que estava demolido e replantei o que fora devastado. Eu, o Senhor, falei é farei" (Ez 36,36).

Se até hoje só falaram palavras que nos colocaram para baixo, aumentando nosso sofrimento, o próprio Senhor nos diz que reconstrói o que está arruinado e replanta o que estava baldio. É tempo do Senhor. Que é proprietário da praça, cuidar de nós. Ele quer reconstruir nossa história.

Depois desta Palavra, vamos rezar!

Oração
Senhor, estamos diante de ti, nosso Deus poderoso. Sei que muitas pessoas entraram em minha vida e eu não soube dizer não. Sei que eu deixei a porta aberta. Mas diante de ti, que me formou, quero recomeçar. Vem regar a terra seca do meu coração. Curar as feridas da dor, da traição, da decepção. Senhor, meu coração sente o abandono. Mas ele espera por ti. Anseia por ti.

Sei que reconstrução tudo. E contigo nomeio cada pessoa, cada sofrimento e ofereço a ti. Faz-me novo, Senhor. Dá-me vida! És meu tudo. Amém.

Parar para rezar. Ser santo de calça jeans é isso: fazer da vida um oração e da oração uma vida. Rasgar o verbo com Deus, revelando a Ele nosso coração.

Santos de calça jeans.Onde histórias criam vida. Descubra agora