Os pequenos pés da garotinha subiram as escadas com rapidez a levando até seu próprio quarto, onde se sentia mais confortável do que em qualquer outro. As luzes iluminaram todo o cômodo tornando visível a tamanha bagunça que se espalhava pelo local com roupas jogadas pela cama, livros e batons misturados em cima da escrivaninha e mais pequenos objetos que jamais conseguiam ser mantidos em seus devidos lugares.
"Preciso arrumar tudo isso" pensou.
Começar uma faxina gerava preguiça instantânea e para que essa sensação não a dominasse ao ponto de fazê-la desistir, optou por algo que a animasse com o trabalho. Com a tela musical já aberta no notebook, seu dedo deu um clique certeiro no botão que iniciou o som de sua banda favorita, invadindo todo o quarto e alegrando os ouvidos e o coração de Nina. Em meio à um cantarolar e pequenas danças estranhas, o lugar foi deixando de parecer uma selva e tomando forma novamente de um quarto normal de adolescente. Os livros, agora empilhados em seus locais de origem, lembraram a ela que seu último ano era decisivo, precisava se dedicar se quisesse alcançar seus objetivos. O quarto estava limpo e cheiroso, agora ela quem precisava de um banho.
- Eu ia pedir que você arrumasse o quarto, mas acho que você adivinhou. – O tom de voz fino e humorístico ecoou vindo da porta.
A mãe de Nina estava encostada ali, seu cabelo negro como a noite estava preso para trás o que deixava seu rosto completamente visível. Já haviam algumas poucas marcas de expressão envolta de seus olhos, mas as olheiras e o inchaço chamavam mais atenção denunciando uma noite mal dormida e, provavelmente, um choro que foi silencioso, mas se fez notável.
- Me incomodei quando vi a bagunça que estava. Uma guerra dos farrapos, definitivamente! – Gargalhou com a própria comparação. Mas, o sorriso sem graça nos lábios da mulher fez com que ela entendesse que algo estava errado. – Está tudo bem, mãe?
- Eu só queria conversar com você por um instante.
A mão de Nina deixou três leves batidas no colchão aonde havia sentado segundos antes da mulher aparecer. Logo, as duas estavam lado a lado e o olhar de Kayla era distante, não conseguia encarar a filha com o que tinha preso em sua garganta.
- Isso tem algo a ver com minhas notas?
Silêncio.
- Eu prometo que vou melhorar, eu vou chamar a You, nós vamos estudar juntas e vai dar tudo certo. Não precisa se preocupar! – Continuou.
O rosto de Kayla Collins se tornou imerso em lágrimas, sendo inutilmente contidas pelos dedos da mulher que tentava secá-las. O corpo da garota em sua frente tremeu vendo a reação de sua mãe e logo se sentiu idiota por achar que o assunto – aparentemente grave – era sobre suas notas. Que estúpida! Sua mãe estava claramente abatida. O mundo não gira em torno de você Nina Collins.
- Mãe? O que foi? O que aconteceu? – A mão de Nina buscou a da mãe, onde segurou e fez uma leve carícia.
Kayla respirou fundo e tomou coragem de encarar os olhos da filha mais nova, sua garganta estava travada, mas precisava contar o que estava acontecendo.
- Seu tio me ligou e... Seu avô está no hospital, de novo.
Suas mãos tremiam e conseguia sentir as de Nina começarem a tomar as mesmas atitudes, o rosto da garota se tomou em uma surpresa e, ao mesmo tempo, uma expressão de medo pelo que viria a seguir.
- Aconteceu um agravamento na cardiopatia dele. Você sabe, estávamos acompanhando o estado dele com os remédios...
- Sim, eu sei. Nós até compramos o balão intra aórtico, achei que isso tivesse ajudado a melhorar a capacidade dele de respirar, não?
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Forever Frozen Still: A dor é apenas um começo
FanficDesesperada pelo sucesso, uma americana decide que sua vida e seus sonhos se tornariam mais significativos na tradicional cidade de Londres. Aos 25 anos, um jovem artista busca paz e independência musical na indústria, que anos atrás era seu maior o...