capitulo 19

26 6 2
                                    


             


Quando Daniel chegou em casa a primeira pessoa que ele encontrou foi à irmã, que com toda certeza esperava por ele e pela cara já sabia onde tinha ido.
-E ai boneca, esperando seu querido irmão assim, com esse rosto tão lindo enrugado em uma careta? Cuidado ele pode ficar marcado para sempre, imagina o trabalho que nosso amigo o grande cirurgião plástico, o doutor André não teria em arrumar seu lindo rosto e deixá-lo da forma que deus lhe deu – falou enquanto a beijava no rosto perfeito.
-Vamos, pare com a brincadeira e me dá logo o numero de Alexandre – Laura falou enquanto tentava se esquivar do irmão que tentava abraçá-la.
-Porque não tenta ligar pro celular dele? É a única maneira de entra em contato com ele agora. Acabo de vim de lá, e quando sai o dexei no fisioterapeuta.
-Se ele deixasse o celular ligado, o mundo inteiro explodiria com a novidade – Laura falou estendendo a mão.
-O que você quer?
-O telefone! Acorda Dan!

Laura acomodou-se confortavelmente na poltrona ao lado do telefone e suspirou, enquanto recostava a cabeça.
Resolveu que esperaria uns 30 minutos, sabia que a consulta com o terapeuta levava no Maximo uns 15 a 20 minutos, enquanto isso daria uma olhada na revista de modas que acabará de chegar a um pedido seu, para poder escolher um modelo bem bonito para o casamento do irmão queria está impecável.
Quando deu por si já havia se passado 45 minutos e ainda não se decidira a qual dos modelos gostara, mas. Resolveu ligar para Alexandre antes que desistisse de tudo.
O telefone chamou umas oito vezes antes que Alexandre atendesse.
- Alô?
Agora que Alexandre atendeu ficou receosa e um tremor começou subir pela espinha deixando-a ligeiramente mal.
- Alô? – Alexandre repetiu com impaciência na voz.
- Alexandre...
- Laura querida é você? – a emoção que Alexandre nunca conseguiu ocultar deixava Laura com a voz trêmula.
- Sim, sou eu. Só liguei para saber como você está...
- Estou ótimo. Melhor agora depois de ouvir sua voz. Perdoou-me depois daquele comportamento desprezível de ontem?- Alexandre perguntou a voz cansada.
- Parece-me pela forma que você colocou a pergunta, que eu não deveria perdoá-lo, estou certa?
- Não. Espero que esteja sempre pronta a me perdoa – Alexandre tentou brincar, uma coisa que fracassou quando ouviu Laura suspirando do outro lado. – Laura o que acha de dar uma volta de bicicleta comigo no parque? – perguntou subitamente.
- Não pode está falando sério! – Laura falou sorrindo de entusiasmo.
- Pode crê, o doutor acaba de recomendar, me disse que fará muito bem ao meu joelho. Agora imagine, eu andando de bicicleta depois de tantos anos andando de carro, será que consigo?
- Eu adoraria! Nunca me passou pela cabeça uma sena dessas mais acho que será divertido – Laura falou super feliz só de imaginar. Coisa que não acontecia desde que eram crianças. – mas Alexandre é três horas da tarde – Laura falou olhando o relógio de pulso. Aonde vamos arrumar duas bicicletas uma hora dessas?
- Também pensei nisso e acho que sei onde encontrar. Você lembra aquele verão quando resolvemos levar nossas bicicletas para Randall Park?
- Sim, claro! Como não pensei nisso? Então está combinado vou pedir para Bill ver se elas estão no sótão, vou ficar te esperando, quantos minutos você leva até aqui?
- Uns dez. Da pra agüentar?- Alexandre sorriu.
- Claro, mais já comecei a contar, anda logo, você está demorando – Laura falou não contendo o entusiasmo.
- Está bem. Laura escuta uma coisa.
- Sim?
- Pam, pam, pam...


                                                ***

O sol da tarde incidia em suas costa quando pegaram as bicicletas e saíram em direção ao park.
Pararam por um momento, a fim de sorrirem um para o outro. Os olhos de Laura encontraram os dele, no momento em que começou a rir.
- E então grande esportista, como se sente?
- Pergunte-me isso amanhã.
Alexandre sorriu para ela, sacudindo da testa uma mecha de cabelos pretos.
- E você Srta. Randall, ainda consegue andar nessa giringonça?
Alexandre estava passando a perna com certa dificuldade por cima da bicicleta e Laura fitou-o com expressão zombeteira.
- E você pode?
E com isso ela partiu, distanciando-se rapidamente.
Alexandre contemplava-a agora com um orgulho quase insuportável, enquanto ela se distanciava a sua frente, segura de si, forte, as pernas ágeis pedalando vigorosamente, virando a cabeça para trás de vez em quando a fim de fitá-lo e rir. A vontade de Alexandre era aumentar a velocidade a alcançá-la... Tirá-la da bicicleta... Ali na grama... Ele tratou de afastar o pensamento de sua mente e disparou atrás dela.
- Ei espere por mim bruxinha!
Alexandre estava emparelhando com ela um momento depois. Continuaram a pedalar, agora um pouco mais devagar para não forçar muito a perna de Alexandre.
Alexandre estendeu a mão pelo curto espaço que os separava.
- Está linda hoje, bruxinha.
Laura riu se lembrando da forma como Alexandre a tratava quando criança.
-sabe quanto a amo, bruxinha? – Alexandre perguntou enquanto puxava-lhe os cabelos e disparava a sua frente.
Laura riu como, sempre fazia anos atrás quando ouvia o apelido.
Alexandre sempre a fazia feliz.
Ele fazia coisas maravilhosas. Laura sempre pensara assim desde o primeiro momento, quando ele entrara em seu quarto e ameaçara tirar as próprias roupas, todas, se ela não aceitasse namorar com ele.
- Não seria a metade do que o amo, Sr. Wallace?
- Isso demonstra o quanto sabe Srta. Randall! – acontece que a amo pelo menos nove vezes mais do que me ama.
- Essa não! – Laura sorriu-lhe novamente, empinou o nariz e disparou á frente outra vez. – eu o amo muito mais Alexandre.
- Como sabe?
Ele estava acelerando para alcançá-la.
- Papai Noel me contou.
E com isso Laura distanciou novamente. Desta vez, Alexandre deixou-a ir à frente pelo caminho estreito do park. Assim Alexandre podia contemplá-la à vontade. A forma erguia dos quadris na calça jeans, a cintura fina, os ombros impecáveis com o suéter azul amarrada frouxamente e o balanço maravilhoso dos cabelos loiros. Alexandre podia contemplá-la por anos a fio. Na verdade, era justamente isso que estava planejando fazer. Resolveram parar para descansar, Alexandre não podia força muito a perna.
Ficaram parados em silêncio por um longo tempo contemplando a paisagem. Depois, Alexandre pegou a mão de Laura e murmurou:
-eu a amo, querida.
-também o amo.
Laura deixou a bicicleta cair e com um suspiro aconchegou-se lentamente entre os braços de Alexandre.
-gostaria que fosse tudo diferente, Alexandre.
-e será. Vai ver só. E agora vamos adiante. Vamos dar um passeio ou ficamos parados aqui o dia todo?
Laura sorriu, enquanto ele pegava a bicicleta dela. E no momento seguinte estavam de novo pedalando, rindo, brincando, cantando como dois adolescentes sem preocupação alguma.
O sol desceu pelo céu enquanto eles pedalavam pelo park, alternadamente adiantando-se um ao outro ou ficando emparelhados, em um momento gracejando exuberantemente, no outro ficando silenciosos e pensativos. Já passava das seis quando resolveram ir para casa. Já estavam quase alcançando Randall park quando avistaram um rosto familiar vindo em sua direção. Era André com Bianca ao lado.
-oi, vocês dois estão indo a feira?
André sorriu-lhe e depois trocaram cumprimentos. Laura protegeu os olhos com a mão e olhou na direção da feira. Ainda faltavam alguns quarteirões para alcançá-la.
-vale à pena parar?
- e como vale! Bianca ganhou um cachorro rosa... – André apontou para criatura pequena e horrenda na cesta de Bianca. -... Uma tartaruga verde, que deu um jeito de se perder, e duas latas de cervejas. Além disso, eles têm um milho cosido que é sensacional.
-acaba de me convencer – Alexandre olhou para Laura e sorriu. – vamos até lá?
-claro. Vocês já estão voltando?
Mas Laura podia ver claramente que estavam. André tinha um brilho reconhecível nos olhos e Bianca parecia está de acordo. Laura sorriu para si mesma ao observá-los.
- Bianca apareça lá em casa e leva o pequerrucho para que eu possa conhecê-lo – Laura falou enquanto beijava a amiga no rosto.
- Pode deixar. E até mais Alexandre, espero que dessa vez não vá embora sem antes passar lá em casa – falou Bianca se despedindo.
- Ainda nos veremos de novo não se preocupe – Alexandre falou enquanto apertava a mão de André.
- Está certo. Até mais.
André e Bianca acenaram depois se afastaram, enquanto Laura olhava para Alexandre.
-vai mesmo à feira?
Laura levantou os olhos inquisitivamente, enquanto recomeçavam a pedalar, a caminho da feira.
-vou, sim.
Alexandre parecia satisfeito com o encontro. Conhecia André desde o curso preparatório e eram como irmãos.
-aposto que posso vencê-la em uma corrida! – Alexandre falou subitamente.
Os dois dispararam em frente, lado a lado, ofegando e rindo. Alexandre alcançou a entrada da feira cerca de 80 segundos antes de Laura.
-então meu caro senhor, o que vamos fazer primeiro?
Mas Laura já adivinhara o que seria e estava absolutamente certa.
-ao milho cosido é claro! Precisa perguntar?
- não.
Deixaram as bicicletas perto de uma árvore, sabendo que ali avista de todos ninguém iria roubá-las. Foram andando de braços dados. Cinco minutos depois Alexandre se lambuzava igual a uma criança com a manteiga que escoria, enquanto Laura comia cachorro-quente e tomava cerveja gelada. Laura acompanhou tudo com uma gigantesca porção de algodão-doce.
-como pode comer essa porcaria?
-fácil... Porque é delicioso.
As palavras saíram meio truncadas através do algodão-doce rosado e pegajoso, mas Laura tinha a expressão deliciada de uma criança de cinco anos.
-já lhe falei ultimamente como você é linda?
Laura sorriu-lhe, exibindo o rosto todo salpicado de algodão.
Alexandre pegou um lenço e limpou-lhe o queixo.
- Se conseguir limpar-se poderia tirar uma fotografia.
- É mesmo? Onde?
O nariz de Laura desapareceu novamente, por de trás de outra porção que ela abocanhou.
-você é em possível, querida. A fotografia é ali.
Alexandre apontou a barraca em que podiam meter as cabeças através de buracos redondos e tirar uma foto sobre trajes exóticos. Foram até lá e escolheram os dois mais estranhos que puderam encontrar, e por mais estranho que pudessem parecer não pareciam tolos nessa fotografia. Laura ficou linda sobre o traje pintado meticulosamente. As belezas delicadas de seu rosto e a precisão das feições se juntaram perfeitamente ao traje imensamente feminino da beldade sulista. E Alexandre ficou parecendo um jovem libertino. O fotografo entregou-lhes a foto e recebeu o seu dólar, comentando:
- Eu deveria ficar com essa foto. Vocês dois saíram muito bem.
- Obrigada.
Laura ficou comovida com o elogio. Mas Alexandre limitou-se a sorrir. Ele sempre sentia o maior orgulho de Laura.
-olha ali! Um jogo de argolas!
Laura sempre quisera jogar as argolas na feira quando era criança.
-podemos?
- mas é claro, minha querida!
Alexandre fez-lhe uma reverência, oferecendo-lhe o braço.
-podemos jogar agora?
- claro, meu amor!
Alexandre estendeu um dólar e o homem por de trás do balcão entregou a Laura quatro vezes a quantidade habitual de argolas. A maioria dos fregueses pagava apenas 25 cents. Mas Laura era inexperiente no jogo e todas as suas tentativas malograram. Alexandre observava-a divertido.
-exatamente que prêmio está querendo?
- aquele colar de pedras – os olhos de Laura brilharam como uma criança e as palavras saíram quase num sussurro. – nunca tive um colar tão espalhafatoso!
- não resta a menor dúvida de que é uma pessoa fácil de contentar, meu amor. Tem certeza de que não prefere aquele grande urso rosa?
Laura sacudiu a cabeça.
-quero o colar.
- seu desejo é uma ordem para mim.
E Alexandre arremessou todas três argolas perfeitamente no alvo. Com um sorriso, o homem entregou-lhe o colar de pedras. Imediatamente, Alexandre colocou-o no pescoço de Laura.
- Voilá, mademoiselle! Tudo seu! Acha que devemos fazer o seguro do colar?
- Quer parar de gozar da minha jóia? Acho-a maravilhosa!
- Acho que você é maravilhosa. Seu coração deseja mais alguma coisa?
Laura sorriu.
- Mais algodão-doce.
E Alexandre comprou outro chumaço de algodão-doce e depois foram voltando lentamente para as bicicletas.
- Está cansada?
- Não muito.
- Vamos voltar agora?
Laura assentiu. E meia hora depois estava de volta a Randall Park.
-tem idéia de quanto a amo na sua simplicidade, Laura?
-também o amo muito – Laura falou sorrindo para Alexandre.
Laura sempre achava engraçado o modo como Alexandre declarava seu amor, de uma hora para outra sem que ela esteja esperando, ele abre a boca e a faz feliz. Às vezes Laura ficava se perguntando se seriam assim se fossem casados.
- Em que está pensando? – Alexandre perguntou depois de entregarem as bicicletas ao empregado.
- Por favor, Peter, não as leve para o sótão. Devemos usá-las agora com mais freqüência, sim? – Laura falou enquanto subiam as escadas que levava ao hall de entrada da mansão.
- Pode deixar senhorita Laura.
- Você me perguntou em que estava pensando, querido?
- Sim, estava tão pensativo momento atrás, que cheguei a pensar que tinha dito algo que não a tivesse agradado.
- Eu estava pensando na sorte que não tive, em não ter me casado com você, quando éramos ainda adolescentes.
- Não se culpe pelo que você não fez. A culpa é toda minha querida. Mas um dia esse problema será resolvido.
- Nesse dia seremos velhos demais para aproveitarmos alguma coisa.
- Então que tal aproveitarmos agora? – Alexandre perguntou enquanto o mordomo abria a porta pra eles.
Assim que entraram, viram Caroline descendo a escada que levava ao salão. Estava de tirar o fôlego, mais se Alexandre percebeu, não deu a entender. Virando-se para Laura ele falou:
-vou ver se encontro seu irmão querida – Alexandre despediu-se a beijando no rosto se afastando em seguida.
Quando passou por Caroline meneou a cabeça em cumprimento, e foi à procura de Daniel.
-que colar horroroso é esse em seu pescoço, Laura? Tenho certeza que nunca vi coisa mais espalhafatosa – Caroline falou torcendo a boca de lábios perfeitos.
- estou muito cansada para trocar duas frases inteiras com você, Caroline. Agora se me der licença, vou para meu quarto descansar – Laura falou enquanto subia a escada correndo.
-estou vendo – gritou Caroline, para que Laura escutasse. – parece que passou o dia brincando na poeira. Dívida que consiga tirar toda essa sugeria do rosto.
- é verdade, você quase acertou. Mas vou lhe contar – Laura parou no alto da escada, e inclinou-se no corrimão. – estive andando de bicicleta no park com Alexandre, e isso é mais que um motivo pra que eu possa esquecer tudo mais. –não fique com essa cara, querida. Acredite, foi divertidíssimo – Laura levantando-se do corrimão onde esteve debruçada, e dirigiu-se para o quarto, feliz por ver que Caroline ficara de boca aberta.
- pelo que ando vendo, você não se dá muito bem com minha cunhada, irmãzinha – Annye comentou em tom de deboche.
- e nem pretendo, a cunhada é sua, e não minha.  – Caroline falou enquanto se afastava.
- cuidado querida, não deixe que Alexandre ouça isso. Sua reputação com ele vai cair mais ainda se ele pegar você falando de Laura nesse tom – Annye comentou sorrindo.
-porque você não vai tomar conta de seu enxoval, ao invés de ficar ouvindo a conversa dos outros atrás da porta?
- Não foi preciso ouvir atrás da porta, querida. Você estava completamente alterada, tenho certeza que toda a criadagem ouviu sua conversa – Annye falou.
- Que discussão é essa? – Daniel perguntou se aproximando do hall com Alexandre.
- Não é nada, querido. Só estou advertindo minha irmã sobre certo assunto... – Annye falou se pendurando no pescoço de Daniel, que se esquivou delicadamente do abraço.
- Com a altura da conversa pensei que discursava – Alexandre comentou, pois tinha escutado toda a conversa entre as duas.
- Soube que passeou hoje de bicicleta, espero um convite seu da próxima vez – Caroline comentou subitamente. Aproveitando para se convidar. Tinha certeza que assim, na frente de todos Alexandre não ia recusar-lhe um convite.
Alexandre quase riu alto.
Mas controlando-se disse com ironia:
- Será um prazer.  Agora Daniel, vou embora que já é tarde. Preciso assumir que estou cansado. Quanto há você, vá se preparando para o grande dia! – falou Alexandre caminhando para porta.




Vitimas Da Ambição Where stories live. Discover now