30 - A casa Mal Assombrada ..

19.8K 1.1K 278
                                    

Relato real ...


Bom, depois de ler alguns contos tomei coragem para narrar uma pequena experiência sobrenatural que tive no início de minha adolescência. O fato que passo a narrar é inteiramente verídico, porém, a crença na sua verdade pode não ser aceita por todos. Era inverno e a nossa excitação era intensa. Estávamos nos mudando para uma nova casa, em uma cidade diferente da que havíamos morado nos últimos anos. Eu estava com doze anos e via meus pais e irmãos encaixotar nossas coisas alegremente. Nossa nova residência era um casarão antigo muito maior que a casa em que morávamos. O terreno era enorme e possuía um bosque com árvores frutíferas, um velho paiol e até um pequeno olho de água. Nossa família era grande e composta de nove pessoas. Meu pai, minha mãe e sete irmãos sendo duas mulheres e cinco homens. Chegamos à nova casa e nos acomodamos da melhor forma possível. Eu dividia o meu quarto com meu irmão mais novo e passávamos o dia brincado e explorando o local. Tudo ia bem em nossa nova residência até o dia que começamos a escutar sons estranhos. De nosso quarto ouvi, no meio da noite, murmúrios. Algo como leves sussurros que lembravam a voz de crianças brincando. Acordei meu irmão para que ele ouvisse aquilo. Ele despertou e também escutava o som de crianças brincando na nossa sala e no grande corredor que ligava os quartos. Em nossa família não existiam mais crianças que pudessem estar ali. Apavorados nos abraçamos e ficamos ouvindo aqueles sussurros. A noite foi passando e aos poucos o som foi parando e , apesar do medo, adormecemos vencidos pelo sono. No dia seguinte contamos a história para nossos pais e irmãos, porém todos disseram que havíamos sonhado e nada daquilo tinha sido real. Nas próximas noites continuamos a ouvir os barulhos. Com o passar dos dias os sons foram ficando mais altos, mais nítidos. Parecia que as crianças corriam pelo corredor, rindo e brincando. Às vezes algumas batiam com as mãos na porta de nosso quarto, fazendo eu e meu irmão darmos pulos de susto. A madeira antiga rangia com os passos acelerados no corredor. Eu, sendo mais velho tentava disfarçar o medo para não assustar o meu irmão que chorava sem parar. No corredor, ouvia – se as crianças rindo, gritando, a madeira do piso estalava com os pequenos passos das crianças. Tomado por uma súbita coragem me dirige até a porta e coloquei a mão na fechadura com a intenção de abri-la, porém, tapas e socos na madeira da porta extinguiram a minha valentia. Decidi olhar pela fechadura e ver o que estava acontecendo em nosso corredor. Me abaixei , tirei a chave e coloquei o olho no buraco . Então, vi um vulto negro e um assopro atingiu o meu olho me trazendo arrepios na espinha. Tive calafrios. Nunca uma sensação havia dominado o meu corpo dessa forma. O terror era intenso. Corri para a cama e fiquei orando, pedindo que aquilo parasse. Os barulhos continuaram até o dia amanhecer, cessando com os primeiros raios de sol que iluminaram a casa. Na manha seguinte, assim que ouvimos o som dos quartos se abrindo e a voz de meus pais , saímos do quarto e ,com a família reunida, contamos o que havíamos passado. Desta vez , para nossa surpresa ,outros de nossos irmãos disseram que também haviam ouvido o barulho. Meus pais se olharam de forma estranha. Apesar de no momento não admitirem eles também escutaram a algazarra noturna. Neste mesmo dia meu pai foi investigar quem eram os proprietários anteriores do casarão e descobriu que antigamente a casa tinha sido habitada por uma família composta por um pai viúvo e quatro crianças. Este senhor, devido a um momento de loucura gerado pelas saudades de sua esposa e a falta de emprego havia assassinado todos os seus filhos. Ele fora preso e posteriormente morrera na prisão. Os espíritos das crianças continuaram na casa, a assombrando e brincando todas as noites. Logo nos mudamos e nunca mais ouvimos falar do velho casarão. Porém esta experiência marca a nossa a vida até hoje. As vezes o som da madeira rangendo me traz as lembranças do acontecido naquele inverno e um calafrio percorre a minha espinha.


De : A.Luciano

100 Contos de TerrorWhere stories live. Discover now