Os familiares tentavam distrair Anahí e não deixa-la sozinha muito tempo, com medo que ela ficasse deprimida, apesar de aparentemente estar, além de muito fraca e fragilizada. Faziam de tudo para lhe arrancar sorrisos, mesmo que pequenos.
Luiza tagarelava no quarto, sentada na cama junto com Anahí, bem de frente a loira. As duas conversavam, por vezes entre cochichos, trocavam abraços e carinhos, brincavam de adoleta e outras mais que Luiza ensinava Anahí.
- Não tem mais um bebe na sua barriga? - Luiza pediu de repente tocando com o dedo indicador na barriga de Anahí, que negou comprimindo os lábios a fim de segurar a vontade de chorar - Que chato, ela ia ser minha amiguinha. - lamentou - Eu queria que o bebê fosse filho do meu irmão, você pode ter um bebe com ele? - pediu com sua inocência e Anahí não suportou.
O choro que se esforçava ao máximo para não sair, veio de maneira que não pode mais controlar. Segurava-se para se mostrar forte, mas a pergunta da menina a bombardeou com as lembranças, de que o filho dele não estava mais com ela. A loira abraçou-se com força. Luiza assustou-se e Elena tratou de tirar a filha sobre a cama.
Um filho com Alfonso, um sonho que agora era um pesadelo carregado de dor, angustia, saudade e medo. Anahí chorava alto, e apenas seus soluços eram ouvidos. Cadu levou Luiza para fora, sabia que naquele momento Anahí precisava da família.
- Querida, vocês são jovens, poderão tentar novamente. – Elena quebrou o silêncio, falando de forma carinhosa, mas o que ela recebeu foi um olhar nada agradável de Anahí.
- Uma vez eu lhe disse que não seria a mãe de seus netos, não há com o que se preocupar.
- Acredite que não há ninguém nesse mundo que eu queira tanto como nora, como você.
Anahí negou e olhou a todos com fúria.
- Eu tentei, eu quis proteger o bebê mentindo. - ela fungou, enxugou as lagrimas com as costas da mão direita - Afastei todos que amava de mim pra que nada de mal ocorresse, mas ela me tirou minha mãe, meu pai, a Nana e a coisa que eu mais amava nesse mundo – apertou a mão sobre a barriga – Se eu tivesse ido embora para bem longe, o Poncho não tinha levado dois tiros, meu pai estaria vivo e a Nana também. - ela fez uma pausa, passou a língua nos lábios, seus olhos transbordavam lágrimas e dor - Eu tentei de tudo, mas fracassei. O idiota do Alfonso insistiu em ficar no meu pé, eu o humilhei, ignorei, menti tantas vezes dizendo que eu não o amava quando na verdade eu o queria perto, comigo. - ela olhou para Elena como se pedisse perdão - Fico tranquila em saber que ele vai embora, que irá se afastar de mim. Valéria não hesitará em me atingir machucando as pessoas que eu amo - percorreu o olhar pela sala, fitando um a um. - Cansei disso, vou abrir mão de tudo, não quero mais nada do que meu pai deixou pra mim. - confessou e Caio abriu a boca pronto pra revidar, ela em um olhar fez com que ele continuasse calado - Eu sou fraca, mas o que esperam de uma pessoa que sofreu a vida inteira?
- Entendo que com tudo o que passou fique insegura – Clara aproximou-se dela - que tenha lhe causado danos querida, e que devido a isso você não se sinta capaz de receber amor, ou ainda que todos estejam aqui por pena, que sejam frívolos como Valéria. – a mulher segurou a mão de Anahí - Aqui nesse quarto todos te amam e tenho certeza que seriam capazes de tudo por ti. Existem profissionais que podem lhe ajudar.
- Essa pessoa vai devolver o meu filho? Meu pai, minha mãe e a Nana? – Clara negou – Então não vai me ajudar.
- Não desista assim Any, você não pode. – Christian a olhou com os olhos mareados, ele melhor do que ninguém sabia exatamente toda a dor e rejeição que a irmã sofrera.
- É difícil entenderem que eu cansei disso tudo? – Anahí pediu rispidamente - Ver pouco a pouco as pessoas que amo serem aniquiladas de minha vida? Não posso mais seguir assim, sem meu bebê, sem o homem que eu amo. – ela pausou para tomar ar - Há dias em que me faço a mesma pergunta ao acordar – ela soltou um riso pelo nariz - Será que algum dia poderei ser feliz?
A porta se abriu de uma vez e alguém foi empurrado para dentro, fazendo com que Anahí arregalasse os olhos, estática.
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A Arte do Coração
FanfictionAnahí é uma menina meiga, educada, carinhosa... Porém poucos conhecem esse lado da garota rebelde e fútil que demonstra ser. A menina popular e rica da faculdade usa essa imagem como uma válvula de escape para não se demonstrar frágil perante a mãe...