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O meu olhar não largava aquela moradia enorme desligando-se de tudo o resto. Quando ouvi um carro a passar por mim, aí eu despertei e decidi avançar. Não podia acobardar-me agora. Toquei à campainha e não demorou muito para responderem. A voz com um som mecânico não ajudou a relaxar.

- Vim pelo trabalho. Ligaram-me e disseram... - Não consegui acabar pois desligaram no momento e o enorme portão abriu-se lentamente para o paraíso que nem nos sonhos imaginei.

Fiquei paralisada por uns momentos; ando a congelar muito ultimamente. Felizmente acordei e dirigi-me para a entrada seguindo o caminho de pedra que ligava a mesma ao portão. A entrada de duas portas era ainda mais bela que o portão. As portas eram brancas com umas decorações à volta em preto e no centro um símbolo em dourado.

Era para bater à porta mas esta abriu-se antes de eu consegui-lo fazer. A primeira coisa que vi foi uma linda mulher loira um pouco mais velha que eu. Os olhos esverdeados fizeram-me relembrar do relvado à volta da mansão com um lindo verde iluminado pelo Sol.

- Foste tu quem aceitou o emprego? - Confirmei e ela logo estendeu a mão em forma de cumprimento. - Muito prazer, sou a Yuna. - O sorriso que se sucedeu era tão sincero e alegre que contagiou o meu lábio. Estendi-lhe a mão retribuindo o cumprimento.

- Layla, muito prazer. Obrigada por terem-me aceitado.

- Ah, não é nada. Nós já contratámos mais jovens com tu, mas não duraram muito... E isto tudo por causa dele. – Aquilo chamou-me à atenção.

Eu sabia que era muito provável que eu fosse uma substituta mas a curiosidade era demasiada. Eu queria saber por que razão as anteriores a mim saíram e isso irritava-me. Eu sabia que não se deve meter onde não somos chamados mas aquilo corroía o meu interior. Só espero não acabar como o gato do ditado popular...

Adiante, Yuna deixou-me entrar mostrando-me a entrada da casa; e como ela era linda. Era muito espaçosa tendo apenas alguns móveis como cabeceiras e candeeiros. No lado direito estavam as escadas para o piso superior e no lado esquerdo a entrada para a sala que parecia mais um salão. Se fossemos em frente acabaríamos por parar na cozinha toda moderna. Lá trabalham dois chefes e três criados como ajudantes. Quando havia eventos maiores, o pessoal que serve costuma ser as criadas, segundo Yuna. Ela também contou-me que havia no total seis criadas a contar comigo, cada uma com as suas áreas: duas limpavam o salão, outras duas limpavam a sala de jantar e a sala era dividida pelas quatro; a quinta dividia os quartos com a que saiu. Visto que sou a nova, eu fiquei com os restos que a outra criada deixou.

- Layla, tu vais limpar os aposentos e o escritório do meu irmão, por isso boa sorte . - Explicou-me Yuna.

- Só isso? Pensei que fosse mais devido ao trabalho que as outras têm. Também pelo tamanho da casa... Mas não posso dizer isso. - Yuna ia falar mas eu impedi-a com delicadeza, claro. Não quero ser despedida logo no primeiro dia ou causar má impressão. - Mas eu não tenho direito a reclamar. - Curvei-me surpreendendo-a. Para não ficar em divida para comigo, ela sorri e põe uma mão sobre o meu ombro.

- Não precisas de curvar-te para comigo. Mesmo sendo uma criada, tu não és a minha criada pessoal por isso não precisas de ter tais maneiras, e além disso, mesmo que fosses, eu não permitiria, percebido?

- Sim, peço desculpa. - Sorri de volta e voltamos a conversar.

- Então por que escolheste este emprego?

- Pela razão mais óbvia: o dinheiro. Mas este emprego em particular foi porque eu ganhei alguma experiência em casa. Não sou nenhuma profissional mas penso que este trabalho seria fácil para eu trabalhar e mante-lo. - Subimos as escadas que davam ao piso superior.

Criada de um MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora