- Onde foi mesmo que você viu esse carrinho, Nay? Faz uns 30 minutos que estamos andando de lá para cá, e nada desse carrinho de lanche! - reclamou a Vivi com um olhar de repreensão.
- Eu tenho certeza que o vi por aqui... vamos andar um pouco mais pra frente, talvez ele esteja um pouco a diante... - falei sem muita convicção.
- Eu estou cansada, quero voltar - ela falou.
- Por favor, vamos só um pouco mais pra frente....
- Eu te espero aqui, vai lá ver - ela falou já se sentando em um banco.
- Tudo bem... - sai cabisbaixa.
Eu sabia que tinha visto um carrinho de food truck em algum lugar naquele parque, mas a Vivi e eu já tínhamos dado quase uma volta inteira e não o achamos; então parei para pedir informação e finalmente consegui avistar o carrinho de longe e minhas esperanças se renovaram. Mas algo parecia errado. De longe parecia que o dono do carrinho estava gritando com os clientes ao redor. Alguns garotos corriam próximo a ele e ele abanava as mãos, então decidi me aproximar lentamente e percebi que aqueles arruaceiros realmente estavam incomodando o pobre senhor; quando ele perdeu seriamente a paciência e pegou algo que parecia uma arma de choque, eles se espalharam e correram. Um deles veio em minha direção e mesmo eu tentando sair do seu caminho, não foi possível evitar nos chocarmos. O dono do carrinho vinha correndo em nossa direção e o garoto apenas segurou minha mão e correu me levando junto com ele.
- YAAAA - gritei, mas ele não me deu ouvidos.
Nunca corri tanto na minha vida e quando parecia que minhas pernas iriam vacilar, finalmente aquele arruaceiro parou de correr e largou minha mão. Eu me aproximei dele e com minha bolsa comecei a bater nele, mesmo aquilo não o ferindo em nada, eu precisava colocar para fora minha frustração. Ele evitou os golpes por alguns segundos até que segurou meus braços com força.
- Yaaaa! Quem você pensa que é pra sair me carregando com você! - falei.
- Uma estrangeira que fala coreano...interessante - ele continuava me segurando.
- Me solta, seu maloqueiro! - puxei meu braço e ele me soltou.
- Não sou maloqueiro! - falou rindo.
- Eu vi tudo que você estava fazendo com aquele senhor, deveria ter vergonha! - falei.
- Você não sabe de nada, então fica calada - ele falou friamente.
- O que eu vou fazer? Eu nem sei aonde estou...meus amigos devem estar me procurando - falei comigo mesma e olhei para ele - Você tem que me levar para o parque!
- Eu? Nem sonhando... você vai ter que ir sozinha. - ele cruzou os braços.
- M-Mas foi você que me trouxe aqui!
- Por que você entrou no meu caminho! Ou você ia querer ficar lá e sofrer as consequências por mim? Você deveria estar agradecida... então vaza. - ele saiu andando e me deixou sozinha.
- Eu não sei ir sozinha - falei e ele não esboçou nenhum sentimento.
Ele andava na minha frente e as vezes eu percebia que ele olhava de canto de olho pra ver se eu o seguia. Já passava da hora do almoço e o meu celular tinha resolvido descarregar logo agora que eu precisava dele, minha barriga já estava roncando pedindo por comida e o calor estava de matar; mesmo assim aquele sem coração não olhava nem uma vez para trás, então resolvi caminhar por outra rua. Andei mais alguns metros, quando do nada alguns caras começaram a se aproximar e cochichar sobre mim, um deles parou em minha frente e falou:
- Hello! Por acaso você está perdida?
- S-Sim... digo N-Não... eu estou com meu amigo... ele volta daqui a pouco.
- Por que você não espera aqui conosco? - ele segurou meu braço.
- N-Não posso, me larga!
- Não precisa ter pressa. - falou ainda me segurando.
- SAAAAAI!!! - gritei e num piscar de olhos o ahjussi estava no chão.
- Você não ouviu ela pedir para larga-la?! - o arruaceiro estava atrás de mim e tinha acertado um murro na cara do ahjussi.
- Esse moleque... - o ahjussi resmungou e saiu correndo.
- Vamos! - o arruaceiro pegou minha mão e começou a me levar por outro caminho. Quando percebi que ainda estávamos de mãos dadas, ele parou e me olhou:
- Por que você parou de me seguir??? - ele esbravejou.
- V-você disse que não iria me levar, então tentei achar o caminho sozinha.
- Eu não posso te levar agora, por que não liga para suas amigas?
- Meu celular descarregou.
- Toma - ele me deu o dele.
- Eu não sei o número de cabeça - baixei a cabeça.
- O QUE? Aiiiish... O que eu fiz pra isso estar acontecendo comigo? - ele reclamou - Você vai ter que vir comigo então.
- Onde?
- Trabalhar.... - ele voltou a andar.
- Eu tenho escolha? - perguntei.
- Claro que tem... você pode ficar aqui e ser atacada por aqueles ahjussis.
- Bem lembrado...
Andamos em silêncio por um tempo e minha barriga continuava a roncar alto.
- Ei, eu estou com fome...
- E o que eu tenho haver com isso? - ele era frio como um iceberg.
- Eu estava indo comprar algo para comer quando você me puxou, então a culpa é sua por eu estar com fome.
- Aaaaaaaish... - ele fez uma careta - Toma. - jogou algo e eu tentei segurar mas caiu no chão e ele revirou os olhos.
- Obrigada - sorri e ele continuou fazendo careta, então abri a barrinha de chocolate - Ainda estamos longes?
- Não.
- Minhas amigas devem estar preocupadas comigo, que horas que você vai poder me levar?
- As 17:00 PM. - ele falou.
- O QUE? Essa hora elas vão ter colocado a polícia atrás de mim.
- Espero que não.
- Você é algum tipo de criminoso? - perguntei e ele se voltou pra mim.
- Claro que não, nem sou nenhum arruaceiro. Eu tenho meus motivos para importunar aquele velhote do carrinho de food truck.
- Entendi... então você é algum tipo de badboy! Do que você trabalha?
- Você sempre fala muito assim? - ele estava alterado.
- Normalmente não. Minhas amigas Lua e Vivi falam pelos cotovelos. Os áudios delas são enormes! Mas é por que estou curiosa sobre você... de início achei que você era um arruaceiro sem coração, mas depois que me salvou, vi que poderia ser uma boa pessoa. - ele não disse nenhuma palavra, simplesmente parou, me fazendo parar em frente a um prédio pequeno.
- É aqui, você vai ter que me esperar até as 17:00 PM. - ele falou andando em direção a porta, corri e segurei ele pela manga da camisa.
- Não quero ficar sozinha.
- Aaaashiii... tudo bem, mas você tem que ficar quieta.Subimos uma escada e no fim de um corredor ele abriu uma porta, e o que tinha atrás daquela porta me deixou bem surpresa. Várias crianças correram até ele e o abraçaram...
- Ahjussi! - Oppa! - Hyung! - elas gritavam alegres até perceberem minha presença.
- Olá - falei.
- Essa é a sua namorada? - alguns meninos perguntaram e ele ficou sem jeito.
- Claro que não. Ela é minha ajudante. O nome dela é... é...
- Nay! Meu nome é Nay crianças. - algumas delas se aproximaram.
- Como você é bonita! Como consegue falar coreano? Por que tem olhos grandes? - começaram a fazer bastante perguntas, então o arruaceiro se aproximou e falou:
- Vamos começar a aula?
- Você é professor, quem diria! - sorri.
- Não esse tipo de professor que você está imaginando.
Uma das meninas se aproximou e falou:
- Oppa, você disse que iria nos ensinar a dançar T.T do twice.
- Hehehehehe, eu disse? - ele ficou vermelho.
- Siiiim - as outras gritaram e eu não contive o riso.
- Minha ajudante vai ensinar vocês. - ele me pegou pelo ombro.
- O QUEEE? - gritei - E-Eu não sei dançar essa música.
- Você vai ter que me ajudar. - ele falou enquanto me olhava nos olhos e eu engoli em seco.
- T-Tudo bem... e-eu acho - falei, tropeçando nas palavras.Não preciso dizer que a aula foi um fracasso né? Eu não sabia dançar quase nada daquela música. Os alunos mais ensinavam do que aprendiam comigo, mesmo assim era uma fofo vê-los dançar. Quando os meninos estavam cansados de dançar música de girls group, atormentaram aquele arruaceiro para dançar hip-hop. E foi ai que fiquei impressionada com aquele maloqueiro. Ele dançava super bem, e eu fiquei hipnotizada vendo ele dançar; as vezes enquanto dançava ele me olhava e sorria e eu simplismente não conseguia reagir a isso. As horas passaram e eu não notei que já era hora de ir embora.
Quando saímos do estúdio de dança ele perguntou:
- Onde você está hospedada?
- Em um hostel em Jongno-gu.
- O que? Nunca vamos chegar lá a pé. Você tem dinheiro?
- Acho que sim - falei.
- Ótimo, vamos pegar um ônibus.
- Beeem... antes podemos passar em algum lugar para comer? Gastamos muita energia e aquela barrinha de chocolate não matou a minha fome, por favor... - implorei.
- Você vai pagar? Então tudo bem. Conheço um lugar próximo ao ponto de ônibus.
Ele me levou até uma barraquinha onde vendia Tteokbokki, e meus olhos brilharam.
- Uaaau, eu sempre quis comer isso. - ele ficou me olhando.
- A quanto tempo está aqui?
- Dois dias - falei.
- D-dois dias apenas? Então não conhece muita coisa aqui.
- Não... estava conhecendo o parque Yeouinaru, mas você me arrastou pelas ruas a fora, mas não tem problema... graças a isso eu conheci muita coisa! - sorri e ele desviou o olhar.
Depois de comermos, finalmente fomos até o ponto de ônibus e sentamos um ao lado do outro, eu estava um caco e sem perceber o mundo ficou escuro. Provavelmente dormi até chegarmos no ponto de ônibus próximo ao hostel, por que ele me cutucou e disse que iríamos descer.
- Você sabe onde é? - ele perguntou.
- Tem uma loja de conveniência perto.
- QUE? Você sabe quantas lojas de conveniência tem na coreia? - ele parecia ter voltado a se estressar e foi aí que eu ouvi alguém gritar por mim.
- Oh! Acho que alguém está me chamando.
- Eu não ouvi nada - ele falou.
- Naaaaaaay - a Lua vinha correndo em minha direção.
- É a minha amiga! - falei animada.
- Ótimo - já ele não parecia tão feliz.
- Nay - ela me abraçou e depois bateu em mim - Onde você foi? Você sabe o quanto estávamos preocupados? A Vivi não para de chorar se culpando.
- Eu me perdi... mas ele me ajudou a achar o caminho de casa - a lua o olhou dos pés a cabeça e se curvou.
- Obrigada - disse ela.
- Não foi nada... então vou indo nessa. - ele se virou e começou a caminhar.
- ESPERA! - gritei e fui até ele - Você não me disse seu nome!
- E para que você quer saber?
- Aaaai que chato - me virei pra ir embora quando ele pegou meu braço.
- Choi Hyoung- falou.
- Obrigada por me ajudar hoje, foi divertido passar aquelas horas com as crianças, espero vê-las novamente antes de ir embora - sorri e caminhei de volta para onde Lua estava me esperando.
- Onde você conheceu esse garoto? - ela perguntou.
- É uma longa história - suspirei.
- Longa história é? Pode ir contanto tudo...
Caminhamos sozinhas apenas alguns quilômetros, pois o Pedro e seus amigos estavam nos esperando. Contei toda a história de como conheci o Hyoung-do, e eles me repreenderam, dizendo que eu poderia não estar mais ali. Mas ao invés de me sentir mal, na verdade eu estava feliz por ter vivenciado toda essa aventura. Quando chegamos ao hostel a Vivi estava inconsolável, e ao me ver veio correndo me abraçar e pediu um milhão de desculpas por ter me deixado sozinha.
- Graças a você eu tive um passeio um pouco diferente - sorri.Ao me deitar depois de um banho, procurei o meu celular na bolsa e percebi que tinha ficado com o celular do arruaceiro.
- Huuum... como vou fazer pra devolver?
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Férias de Verão 3 - Coréia do Sul
Teen FictionO que pode acontecer, quando cinco amigas viciadas em doramas coreanos e kpop viajam juntas ao país dos seus sonhos? Coréia do Sul! Vivi, Nay, Kath, Angel e Lua vão viver experiências novas e malucas que elas nunca imaginavam na terra dos oppas e un...