Eu estava sentada num banco na sacada. No quinto andar de um prédio em algum lugar. Eu não havia dormido naquela noite, apenas vi que já era tarde quando lembrei de um compromisso cedo, e então resolvi nem dormir. Fui ver um filme de terror e comer algumas besteiras. Enfim, eu estava sentada num banco na sacada. E eu havia me arrumado uma hora antes do horário combinado. Eu estava olhando pela sacada, eram cinco horas, quase seis da manhã. E eu olhei bem fundo, vi que em alguns cantos havia neblina no horizonte, o céu tomou cores diferentes que deram muito certo apesar de sua diferença. Um azul marinho, um azul bebê, um azul daqueles com um tom cujo nome eu não conheço, um laranja daqueles bem vibrantes e um rosa do qual o nome eu também desconheço, um amarelo e as nuvens meio cinzas, meio brancas. Notei que com o passar dos segundos o sol ia iluminando mais o ambiente, e luzes iam se ascendendo nas janelas. E do nada um cheirinho bom de café tomou conta do meu nariz, uma brisa fria, depois aquele arrepio de leve nas pernas. Suspiro fundo, fecho os olhos. Luzes iam se apagando dos prédios lá na frente, e iam se tornando apenas sombras com a luz do dia. Neblina subindo mais e mais. Árvores, prédios e algumas variações de relevo no horizonte. Seis e meia. Senti falta de café, mas onde eu estava não tinha. Uma cor nova: Verde água, meio azul, aquela cor que eu também não sei o nome, e um roxo meio lilás sei lá. Notem que desconheço o mundo das cores, me repreendi por isso, decidi ver mais. Mas deixarei isso para depois. Porque o que importava naquele momento, era a paisagem, cuja foto eu tentei tirar, mas não saiu boa.
Então eu percebi uma coisa: Há coisas que foram feitas não para guardarmos em uma câmera, e sim na memória.
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Devaneios
RandomUm livro sobre o que pensa sobre o mundo a garota que anda por aí observando as coisas com sua agenda na mão e uma caneta presa à orelha. Cuidado para não me entender.