- Lea, por que você não vem na festa da escola com a gente hoje? É o nosso último ano no colégio. Todo mundo vai estar lá! - Era a quarta vez que Treena me ligava implorando pela minha ida a tal festa de abertura do ano escolar.
Treena era minha amiga desde que eu tinha me mudado pra cá quando meu pai faleceu. Nos conhecemos no primeiro ano do colegial quando acidentalmente ela bateu a porta do seu armário na minha cara enquanto eu tentava, como uma luta, abrir o meu. Daquele momento em diante não nos separamos mais. Ela era a melhor pessoa com quem eu poderia contar naquele lugar, além dos meus avós, que na época era totalmente desconhecido pra mim.
- Treena, você sabe que hoje é aniversário do vovô e eu vou jantar com ele. Além do mais, o Jack disse que também vai vir pra comemorar com a gente. - Eu tinha agradecido a todos os seres divinos quando recebi o folheto da festa e a data era o aniversário do vovô, teria uma bela desculpa. Nunca gostei de ir a festas, gostava mais de ficar no meu quarto na companhia dos meus livros.
- E você não pode ir depois do jantar? Eu não entendo você. A senhorita sabe muito bem que o Jack vai sair daí e ir direto pra lá, né? - A ouvi suspirar. Treena não conseguia concordar com o fato de eu não ligar do Jack sair sem mim. - Se eu tivesse um namorado nunca que ele sairia sem minha linda presença.
- Você sabe que por mim tudo bem, eu confio nele. - Ri imaginando ela revirando os olhos.
- Então tudo bem. Eu vou me arrumar e ficar bem linda pra aproveitar a festa por mim e por você.
- Como se precisasse de eu não estar pra você aproveitar alguma coisa. - Caímos na gargalhada. - Se cuida!
Assim que desliguei o celular ouvi a campainha tocar. Jack deveria ter chegado. Jack me fazia feliz e sempre estava ao meu lado quando eu precisava. O conheci no final do primeiro ano quando fui a um jogo de futebol com Treena, ela estava dando mole pro melhor amigo dele e acabou me arrastando atrás dela só pra poder ficar a sós com ele enquanto eu "distraía" Jack, segundo ela. Depois daquele dia trocamos nossos números de celular e mensagens a fio. Ele me levou pra jantar e nem percebemos quando, realmente, o namoro começou.
- Oi, meu amor. - Jack me abraçou assim que cheguei na porta.
- Oi. - Colei nossas bocas em um selinho. - Vovó perguntou se você viria pra comemorar com a gente. Tudo porque se você viesse ela não faria bolo com recheio de chocolate. - Revirei os olhos. - Como vovó te mima, senhor Jack.
- A sua vó é a senhora mais fofa que eu já vi na vida. Sério, não tinha namorada com família melhor pra eu poder arrumar. - Ele ria e eu tinha a sensação que aquele menino era o homem da minha vida.
-- Ei, meu garoto. Desgruda, desgruda! - Vovô vinha em nossa direção carregando os talheres para arrumar a mesa.
- Deixa isso comigo, vovô. - Peguei o que ele tinha em mãos e fui arrumar a mesa. Deixei os homens da minha vida conversando com um orgulho no peito por ter conseguido tal feito.
Tivemos um jantar divertido. Via nos olhos de vovô que aquilo pra ele era mais que suficiente. Ele tinha a todos que amava a sua volta, por menor que fosse nossa família. Levantei para tirar a mesa ajudando vovó e Jack veio logo atrás de mim.
- Ei, amor, você não vai mesmo na festa de abertura das aulas? - Ele botou uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha.
- Você sabe que festas não são o meu forte. - Franzi o nariz pra ele.
- Teria algum problema se eu for? - Ele perguntou levantando as sobrancelhas. Ele sempre tinha a mesma reação, como se algum dia eu tivesse reclamado dele ir a festas. Todo mundo que conhecia meu jeito de lidar com as saídas de Jack me achavam louca e diziam que eu iria perdê-lo, mas pro incrível que possa parecer eu não ligava dele sair. Pensava que se ele tivesse respeito a mim não haveria problema. Eu não gostava de sair, mas ele, bem, eu o conheci gostando da diversão. - Eu vou encontrar os meninos do futebol lá.
- Você sabe que não vejo problema, pode ir. Eu vou acabar tudo aqui e dormir. Assim que chegar a casa manda mensagem pra eu saber que tudo está bem com você. - Beijei sua testa e o deixei ir. - Se cuide!
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Traçando um Rumo
Teen FictionLea é uma menina típica de cidade pequena: pacata e sonhadora. Vive com os avós paternos desde a morte do pai, com quem vivia desde que fora abandonada por sua mãe aos três anos de idade. Ao ingressar no último ano do colegial ela vê sua vida desmor...