Capítulo 4

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James disse que iríamos dirigir a noite para suprir o tempo que paramos no posto e adiantar tudo.

A estrada a noite é tão poética.

-O Dave parece diferente depois da loja né? -Diz Mary, que estava sentada ao meu lado.

-Remorso? -Kim questiona.

-Claro! Aquele rapaz vai ser demitido porque nós demos prejuízo a loja.

-Olha, garanto que ele foi bem recompensado. -O garoto coreano pisca.

-Se achou tão errado, por que ajudou a apagar as filmagens? -Charlie, que parecia irritada com o assunto, indaga.

-Realmente, se você não gosta de algo, deve dizer. -Ben, que sentava no banco da frente com o meu irmão, acrescenta.

-Ele é novo nisso, relaxa. -James tenta me defender.

Todos parecem falar como se eu fosse um bebê super influenciável.

-Eu só acho que ele deveria dizer o que quer. Parece até que estamos forçando ele a sair da vida perfeita. -Charlotte retruca.

-Calem a boca. Sério. -Lucy, que até então se mantinha calada, eleva o tom da voz. -O garoto só está tentando se enturmar! Que mal tem isso? Relaxa Dave, vamos mudar de assunto.

-Sobre o que quer falar, senhorita Bane? -Mary pergunta com sua voz doce.

-Sexo, claro. -Kim se mete no meio e responde no lugar da garota. Lucy sorri, confirmando a resposta.

-Jogo das perguntas então? -Ben bate palmas, sorridente.

-Opa! -Mary levanta a mão, animada. -Eu começo! Então...Er...Não sei.


-Certo, então eu começo. -James fala. -Charlie, minha querida, como foi seu pior beijo?

A garota não pensa mais que um minuto e já responde:

-Ele morava na minha rua e comia amêndoas o dia todo. Quando eu o beijei, sua boca estava cheia de pedaços e foi a pior coisa de todas. -Kim parece a ponto de vomitar. -Desde então não como amêndoas.

-Eca. Sério. -A expressão de nojo da Mary é evidente.

-Minha vez né... -Charlotte pensa por um momento. -Ben, é verdade que você já namorou uma menina que tinha orgasmos enquanto dormia?


-Olha, só aconteceu uma vez. Ela tinha assistido Grey's Anatomy e sonhou que tinha um sexo louco com o Denny Duquette. Foi louco.

-Uau. -Sussurrei baixinho.

-Mary, eu escolho você. -Diz o rapaz. -Qual a pior sensação?

-Oral em garotos. Por isso parei com essa coisa de pegar macho. -Olhei para a pequena garota surpreso. Ela percebeu. -Sim, Dave. Eu sou lésbica. A questão é que eu gosto de homens da mesma forma que gosto do meu café. Eu não gosto de café.

Sorrimos.

-Eu gosto de homens da mesma forma que chocolate. -Kim diz pensativo.

-Doce? -Pergunto inocente.

-Não! Duro e em grande quantidade.

Enquanto eu corava, todos riam e gritavam.

Era a vez da Mary.

-Lucy Bane, você transou com alguém desse carro? -Eu travei.

-Sim. -Ela diz com simplicidade. Minha garganta secou e meu maxilar estava travado. Não era a Mary, afinal, ela perguntou.

-Quero nomes. -Diz Charlotte, sendo também retirada da lista.

Sobram Kim, Ben e James.

-Uma pergunta por vez, garota. -Lucy parece pensativa. -Dave.


-Que? -Minha voz saiu incrivelmente trêmula.

-Como foi a sua melhor transa? -Seus olhos estão vidrados nos meus.

Antes que eu pudesse tentar responder, James se mete no meio.

-Que jogo bosta. Vamos mudar de assunto né? -Ele parece nervoso.

-Ta massa! Deixa de frescura. -Mary replica.

-Sério, muda de assunto.

-Qual seu problema? -Diz Charlie, indignada.

-A questão é q...

James não terminou sua frase pois o carro bateu em algo.

Gritos.


***


-Matamos ele? -Pergunta Charlotte.

O enorme cachorro estava embaixo da roda esquerda.

Mary chorava no carro. Lucy acendeu um cigarro e se recusou a olhar.

-Eu matei um cachorro. -James estava sentado no frio asfalto.

-Gente, ta se mexendo. -Kim acrescenta, assustado.

-Ele está com dor. Alguém precisa terminar com o sofrimento dele. -Ben parece a ponto de vomitar.

-Não contem comigo. -O garoto coreano entra na Van.

-Estamos no meio da estrada escura, vamos logo. -Lucy grita.

-Não vou conseguir. -Meu irmão está em choque.

-Eu faço.

Charlie me encara, as lágrimas estão presas em seus olhos. Ela tenta aliviar a situação:


-Não precisa...

-Tudo bem. Entrem, vai ser rápido.

Franco e a garota voltam para a Vilma.

Carrego o animal até a beira da estrada e, com um rápido movimento, acabo com sua dor.

Entrei no carro e o silêncio intenso me assustava.

Sentei ao lado da Lucy.

Seguimos a procura de um lugar para dormir.

Subitamente, a garota ao meu lado deita sua cabeça em meu ombro. 

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