Capitulo Um - We've got all the right moves and all the right faces

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Todos os amigos certos em todos os lugares certos

Então, sim, nós vamos afundar

Eles tem todas as jogadas certas em todos os lugares certos

Então, sim, nós vamos afundar - All the Right Moves (One Republic)

Na primeira em que o vi, ele estava sentado do outro lado do salão, me encarando enquanto eu dançava. Mesmo assim o ignorei. Tinha saído sozinha aquela noite, assim como diversas antes dessa. Gostava de estar só. Principalmente quando estava dançando.

Nunca entendi porque as pessoas se aproximavam de mim. Com certeza eu não tinha uma expressão simpática ou mesmo sociável no rosto, sempre perdida em meio aos meus próprios pensamentos. Em meu íntimo, considero falta de educação a invasão do espaço pessoal na hora da dança, e chegava a ser bruta quando isso ocorria, deixando mais de um desavisado vermelho de vergonha e sem entender nada. Mas também não podia esperar que eles entendessem. Nunca parei para explicar. Felizmente a maioria entendia o recado e me deixava dar o meu show sozinha. Mas aquele cara era um forasteiro. E eu não gostava disso.

Apesar de não olhar de volta, fiquei atenta à movimentação ao redor dele. Estranhos não são uma novidade bem aceita em meu mundo. Principalmente quando aquele prestava atenção demais em mim. Girei ao meu redor mais uma vez, com meus olhos cinzentos semicerrados. Um grupo de pessoas da ilha se aproximou do novato, cumprimentando-o. Ele continuava me encarando.

Decidindo ignorá-lo completamente, fiquei de costas para onde o loiro estava. Se é que podia chamá-lo assim. Seu cabelo pendia entre o loiro escuro e ruivo, mesmo na luz escura da boate. Decidi que não era interessante ficar ali muito mais tempo. Em uma música ou duas iria embora. Com aquela novidade ambulante,  o local ficou abafada demais para mim. Tentaria a Fúrias, no território dos felinos. Talvez lá tivesse mais sorte em ser deixada em paz.

Um pequeno alarme foi ligando na minha mente pouco depois que terminei aquela música. Sem esperar mais, joguei algumas notas para o barman, um velho conhecido, e comecei a traçar meu caminho para fora. Foi então que senti alguém me segurando pela cintura.

- Se eu pudesse pedir apenas uma coisa nessa noite, você me diria seu nome?

Olhei para trás apenas para ter certeza, mas já sabia que o recém-chegado estava ali. E ele com certeza não entendia o conceito de 'espaço pessoal'. Estava quase grudado em minhas costas. Involuntariamente, um calafrio correu minha espinha. Ele era quente, bem mais alto do que meu 1,62m; mesmo estando de salto, eu alcançava apenas o seu ombro. Sem falar no cheiro. Despertava todos os meus instintos. A voz dele fazia todo o tipo de coisas estranhas comigo.

Quando o hálito dele alcançou minha nuca, meu primeiro impulso foi de beijá-lo. Infelizmente, para ele, eu não agia pelo primeiro impulso. Além do mais, eu não estava aberta a conhecer novas pessoas. Não neste ano. Talvez nem mesmo neste século. No fundo da minha mente, uma voz pedia uma dancinha com ele. Só uma dança. "Não faria nada demais, certo? Você estava sozinha há um tempo e precisava se divertir essa noite".

Errado. Respondi àquela voz rebelde. Se desse ouvidos a tudo o que ela me pedia, hoje eu seria uma gangster. Ou uma prostituta. "Seria divertido" Ela insistiu. "Ele é sexy, alto, másculo sem ser exagerado. Tenho certeza que contaria os quadradinhos no tórax dele. " - A voz ronronou. Com uma sacudidela, expulsei-a novamente para o fundo, onde não poderia ser ouvida.

- Se eu pudesse desejar alguma coisa esta noite, você me deixaria em paz? - Eu repeti o galanteio com escárnio.

Ele riu às minhas costas, mas consegui me desvencilhar facilmente. O estranho possivelmente não esperava que eu corresse dos braços dele. Com uma graciosidade felina conquistada após anos dançando, consegui fugir sem que ele me alcançasse, embora houvesse ouvido seu chamado mais de uma vez por cima da música.

Me chame de irracional, louca, e suas variações, mas passei tempo demais orquestrando minha fuga e sabia que abrir uma brecha hoje poderia ser um erro. Ter saído para dançar fora da ilha já foi um erro por si, mas eu precisava de novos ares. Olhando pelo lado positivo, pelo menos eu lembraria esse pretendente insistente quando batesse a vontade de sair do que era seguro novamente. Eu estava na ilha há apenas seis meses, e não queria me mudar logo. Pela primeira vez, estava pensando em fazer um local permanente. Ou permanecer o máximo nele, e não apenas um ano. Se eu conseguisse não estragar tudo com esses impulsos bobos.

Lá fora, fechei a jaqueta ao meu redor e coloquei o capacete, antes de me inclinar para ligar minha moto. Ele saiu no exato momento em que a moto rugia, e me encarou profundamente com aqueles incríveis olhos caramelo antes de eu baixar a viseira e acelerar para longe.

Algo me incomodava no olhar dele. Quando olhei pelo retrovisor, vi que ele inalava o ar, farejando. Meu coração deu um salto, antes de lembrar que seria muito difícil que ele conseguisse distinguir quais dos aromas era o meu, e mais difícil ainda seria me seguir. Mas a voz do pânico me avisava que eu acabava de virar uma presa para um shifter.

Era melhor que o Fúrias estivesse - definitivamente - mais familiar.

Naked - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora