Parte 1

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Aquilo era uma completa perda de tempo.

Lily tinha certeza disso, mas não queria ser a chata que ia jogar um balde de água fria na empolgação das amigas, então se esforçou para controlar as reviradas de olho. Afinal, era por culpa dela que estavam ali.

Tudo tinha começado no final de semana anterior quando estavam todas na casa de Alice sem nada para fazer no domingo após a despedida de solteira da amiga (e ainda estavam um pouco bêbadas), e então Marlene teve a brilhante ideia de baixar o Tinder.

Não que Marlene levasse esse tipo de coisa à sério (ou precisasse de aplicativos de paquera para conseguir um namorado se realmente quisesse um, Lily tinha certeza de que havia uma fila de caras querendo namorar com ela e que amiga mal notava a existência), a intenção de Marlene era exatamente se divertir à custa dos tipos bizarros que apareciam no aplicativo. Por algum tempo, Lily compartilhou dessa diversão, porém, após descobrir que o vizinho de Alice possuía alguns fetiches no mínimo curiosos ela achou melhor parar com a brincadeira.

Era informação demais, Lily nunca mais conseguiria olhar para Argo Filch da mesma maneira.

As amigas, porém, não pareceram tão abaladas, e continuaram com a brincadeira e mesmo à distância Lily pôde ouvir que tinha ocorrido o inevitável: Marlene não tinha resistido e tinha acabado por dar like em alguns caras e, na hora em que as duas estavam indo embora de carro para o apartamento que dividiam, já tinham sido vários likes.

E foi assim que Marlene começou a conversar com James Potter.

Lily era obrigada a admitir que ele era lindo, com aquele cabelo arrepiado e sorriso cheio de dentes brilhantes, dignos de propaganda de clínica odontológica, e até os óculos de armação quadrada que usava o deixavam ainda mais charmoso. Bom, pelo menos era o que parecia nas fotos, então entendia o surto que a amiga teve quando recebeu a notificação do aplicativo de que os dois combinavam. Durante a última semana eles tinham conversado bastante. Lily achou que o assunto ia morrer em pouco tempo, mas quando Lene contou que tinha marcado um encontro, ela não pôde deixar de ficar um pouco apreensiva.

Mesmo que essa não parecesse ser a intenção de Marlene, Lily sabia que tinha quem realmente encontrasse um amor para a vida inteira naqueles aplicativos: as pessoas namoravam, casavam, tinham filhos (e devia ser muito estranho explicar para esses filhos como eles tinham se conhecido), mas isso era uma raridade. Afinal, também tinha quem encontrasse um sequestrador ou um serial killer que podia te largar morta em uma vala ou vender seus órgãos no mercado negro.

Foi por isso que ela tinha arrastado Dorcas e Emmeline para o bar onde Marlene tinha combinado de encontrar James Potter para poder ficar de olho na amiga, só para garantir. O cara podia acabar sendo um babaca, e nesse caso o spray de pimenta de Lily estava na bolsa, pronto para ser usado.

Mas as amigas não pareciam nem de longe preocupadas com essa possibilidade, Dorcas e Emmeline estavam tão ou mais empolgadas do que Lene e não paravam de olhar para a porta do bar esperando que James aparecesse. Só que ainda faltava meia hora para o horário marcado e Lily tinha certeza de que ele ia chegar atrasado.

Isso se aparecesse.

E isso se fosse ele mesmo.

— Lily, desmancha essa cara, afinal foi ideia sua vir comigo! — disse Marlene a cutucando com o cotovelo ao seu lado. Lily revirou os olhos.

— Só porque eu não quero que você seja sequestrada e...

— ... e meus órgãos sejam vendidos no mercado negro. — Marlene completou em meio a uma careta entediada. — De qualquer jeito, acho que o traficante de órgãos ia fazer um péssimo negócio, pelo menos com o meu fígado, ninguém vai pagar muito por ele... E eu sei que, na verdade você quer rir da minha cara se quem aparecer não for o James e sim alguém completamente bizarro que fez um fake dele!

It's a Match!Where stories live. Discover now