Estranhos

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A mensagem veio de um número desconhecido, decidi não abri-la, mas deixei salva.

- Quem é? – Minha mãe perguntou, sendo curiosa como sempre.

- É um número não salvo, não irei ver agora. – Respondi enquanto me arrumava no banco, não conseguia mais ver Tee, então não havia mais motivo para ficar daquele jeito torto.

Meu pai me olhou rapidamente pelo retrovisor interno, provavelmente queria falar algo, peguei meus fones e coloquei qualquer música para tocar, ele ficou com uma cara emburrada. Procurei uma posição confortável e dormi o resto da viagem. Como de costume, acordei alguns minutos antes de chegar ao destino.
Após arrumar minhas coisas no quarto, fui expulso de casa, meu pai negou minha ajuda e me pôs pra dar uma volta pelo local. A primeira coisa que fiz foi observar a casa por fora, me pareceu bem comum, ela era grande o bastante para três pessoas, espaço para cozinha, sala, banheiro e lavanderia, embaixo, e um segundo andar com três quartos, ainda bem que não recebemos muitas visitas. A parte mais interessante da casa era pintura preta e branca, ficou realmente bonita... Eu poderia passar o resto do dia só observando, mas as pessoas gostavam de chamar atenção. Sete garotos passaram pela rua, queria acreditar que não iria me envolver com eles, mas algo me dizia que os veria em breve.
Recebi outra mensagem, do mesmo número, então li as duas em ordem cronológica.
“Olá, Jungkook. Você nos verá em breve então, após isso, tenha certeza de se manter longe.”
“Agora que nos viu, pode se manter longe.”
Aquilo tinha sido estranho, a conclusão mais lógica é que seria um dos sete garotos, se não os sete, mas tinham perguntas em minha mente mais importantes que conclusões lógicas. Eles são stalkers? Por qual motivo acham que eu iria me aproximar? E o que me motivaria a não me aproximar? Fui para o quarto pensar nisso tudo, o barulho que meus pais estavam fazendo realmente não me incomodava tanto, mas talvez os vizinhos quisessem mata-los. Peguei meu celular e respondi as mensagens.
“Quem é você e por que acha que eu iria querer me aproximar de vocês?”

Meu celular começou a notificar mais mensagens, por um instante pensei que era a pessoa misteriosa... Mas era Tee.
"Kookie."
"Recebi mensagens de algum desconhecido."
"Ele disse para te convencer a se manter longe, ou coisas ruins iriam acontecer."
"Quem é ele?"

Como sempre, Tee insistia em me chamar de Kookie, não que eu achasse ruim... Mas era estranho, ou só implicância minha com ele. Sabia que a situação estava preocupante, afinal, o stalker havia chegado até Tee. Eu não queria preocupa-lo, mas ainda tinha que responder.
"Relaxa, é só alguém tentando pregar alguma peça."

Sabia que ele não ia acreditar naquilo, mas também não tinha ideia do que dizer. Tee não havia respondido e a campanhia tocou, fui atender. Na porta, uma linda garota de longos cabelos castanhos claros que, brilhavam com o pôr do sol, entrei em transe por alguns instantes. A garota tinha uma bela pele branca e olhos castanhos claros, estava usando uma blusa branca simples e um short jeans. Ela era consideravelmente menor que eu.

- Olá, sou Jisoo. - Ela se apresentou com um lindo sorriso no rosto. Acompanhei seu dedo, que apontou para casa a minha esquerda. - Somos vizinhos.

- Sou Jungkook. - Retribui a apresentação, também com um sorriso.

Eu sei que foi o sorriso mais forçado que já dei, mas a situação não estava favorável.

- Jungkook, espero que vá para a mesma escola que eu estudei, te apresentarei as coisas daqui. Te vejo lá.

Vejo-a se afastar lentamente e decido dar uma volta, tentar tranquilizar minha mente. Após aproximadamente vinte minutos andando, escutei barulhos vindo de um beco sem saída. Haviam dois homens de costas, batendo em outro que estava sorrindo. Seu olhar transbordava felicidade, logo atrás dele, um garoto que demonstrava gratidão e tristeza ao mesmo tempo. Não podia passar e ignorar, eu me aproximei sem fazer barulho, ao menos eles não ouviram.

"Vou ter só uma chance, não posso errar."
Pensei antes de chamar atenção de um dos homens, ele se virou e acertei um soco em sua têmpora esquerda, nocauteando-o, o outro homem me encarou. Eles eram mais novos do que pensei que fossem.

- Ops, parece que agora a desvantagem é sua. - Disse com um sorriso tanto quanto macabro no rosto. - Se eu fosse você, pegaria seu amigo e sairia daqui.

E foi exatamente o que ele fez, me deixando com o homem que estava apanhando e com o garoto. Após observar com atenção, notei que é um dos sete que haviam passado por mim mais cedo, o garoto o abraçou.

- Vamos, você precisa de alguns curativos. Minha mãe é boa com isso. - O convidei.

Fomos até minha casa, ele levou o garoto junto, meus pais não perguntaram nada. Após olhar novamente, com mais atenção e calma, ele não era um homem, ao menos não tão velho quanto pensei.
"E pela primeira vez, eu trouxe estranhos para dentro de casa." Pensei, enquanto meu pai encarava com certa preocupação.

E Pela Primeira VezOnde histórias criam vida. Descubra agora