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-Por que ainda estamos aqui? – Perguntei ao meu "guia" quando entramos em casa.

-A líder, rainha das fadas morreu hoje. Provavelmente outras várias irão vasculhar a floresta a procura de testemunhas.

- Mas alguém deve saber que ela foi se encontrar com a mamãe.

- Exato. Mas não acredito que todos saibam que havia uma bruxa ali. Para a maioria das criaturas isso já é o bastante para quererem matá-la.

- Mas eu não a matei! Quero dizer eu queria, mas alguma coisa fez isso para mim.

- Fadas têm um limite de assassinatos, não podem ultrapassá-lo. E você tem provas? Não. Então apenas de estar em foco a uma criatura destas, você é culpada!

- Mas também irão sabe que Catleia está morta, podem pensar que Alesy...

- Apple você assumiu sua forma bruxa, irão pensar que você matou as duas.

- Pensam isso sobre todas as bruxas? – Perguntei depressivamente.

-Após Maiblete sim. Antes as bruxas não eram criaturas indignas. Viviam como qualquer outro ser em Glomérphia. Porém ela conseguiu converter a maioria em seres cruéis sedentos por poder, ninguém mais acreditava que ainda existiam bruxas ou bruxos que não estivessem do lado dela e os que tentavam afirmar isso eram mortos por ela. Após a sua morte todos já tinham consciência sobre o que eram capazes e quiseram continuar nessa vida de trevas. Os que não queriam eram obrigados a serem transformados em humanos. Muitos se rebelaram contra as fadas que atualmente possuem controle total de Glomérphia e acabaram seguindo o caminho de outros bruxos. Por isso hoje qualquer coisa de ruim que acontece é imediatamente a culpa de algum bruxo.

- Nós... Vamos viver assim para sempre? – Deprimi a voz.

- Não. Daqui a algum tempo não terá que esconder seus atos. – Riu sarcástico. – Apple não pode fugir disso mesmo se quisesse então o melhor é se preparar por que o que virá para você pode inicialmente assustá-la. Mas ao final será a bruxa que o seu destino quer.

- Ratio. – Falei um dos feitiços do grimório. Após milhares de faíscas, minhas vestes se tornaram negras. Um longo vestido.

Enquanto brincava pensativa com as rendas bem feitas do vestido, Grinsby soltou lendo meu pensamento:

-São fadas serverdak.

- O que?

- As fadas das quais está pensando, as que a levaram duas vezes para a floresta. São conhecidas como serverdak, as que servem o sombrio. Foi tudo uma estratégia de Maiblete. Ela planejou muito antes de morrer.

- A cada ato que dizem sobre ela, minha ânsia de queimá-la em uma fogueira se torna maior!

- Não apenas você. – O gato expressou bem o que queria dizer no tom de voz. – Tanto humanos quanto criaturas mágicas a procuraram até sua morte. Não descansaram enquanto sua cabeça não estivesse no alto de uma espada, mesmo este não sendo o modo como morreu.

Senti temor por mim. Muito certamente as lendas que contavam sobre mim não eram exatamente como de uma doce princesa.

- Oh! Antes que me esqueça, querida, há algo que precisa saber. – Engoliu em seco enquanto deixava o corpo felpudo ereto. – Você não é apenas a herdeira de Maiblete.

- Eu sei... Que sou a escolhida por ela para herdar os poderes e terminar essa... Maldita missão.

- Sim. Mas com um feitiço que jamais iremos saber sobre, a bruxa colocou o sangue dela em você. Agora você é também a décima filha Trevor. Ela criou o clã Trevor com os próprios filhos e ao fim da vida os matou. Maiblete não queria outra Trevor viva a não ser você, depois que ela mesma morresse.

- Então isso me faz... – Pronunciei com severa dificuldade. -... Filha?

- É mais como uma mãe distante. Tem o mesmo sangue e todas as Trevor eram suas irmãs. E sobre seus irmãos; Maiblete usava os próprios filhos como... Como... Esc...

Grinsby sussurrou a palavra, estava obviamente desconfortável em dizer em alta voz e após ouvir eu me sinto desconfortável em citar aqui.

- Se existir vida passada devo ter sido um monstro para merecer isso. Ainda não acredito que o destino me fará seguir esses passos.

- Não tente desvendar o destino, seria tolice. Sua vida não será um mar de rosas, porém qualquer um deve saber que não merece espinhos.

Sorri lisonjeada.

Batidas apressadas na porta, abafaram o som da tempestade. Quando a olhei, algo passou por ela, sem tê-la aberto. Relembrei pelas orelhas bastante visíveis, era Amélia.

- Oh. Está aqui. – Disse docemente olhando para mim.

- Me matar não irá resolver qualquer problema, já... Já está feito. – Sinalizei em companhia da voz depois de me levantar do chão.

- Sei que pensa que estou aqui para matá-la.

- E não está? – Inclinei a cabeça para o lado.

- A grande parte da raça élfica estaria. Mas eu não. Conheço você desde muito tempo. Não imaginava que você seria a tão falada herdeira das trevas. Mesmo assim confio que fará o certo. Não siga os passos de Maiblete ou se tornará tão abominada quanto ela.

- Acabei de descobrir que tenho o sangue dela. Não sei se o destino me poupará de ser igual.

- O destino não importa. Faça o que seu coração pedir.

- Ela controla a alma dele. Se eu não seguir seus passos ela o fará sofrer. E além do mais eu nasci para isso mesmo que eu não queira não posso impedir.

Amélia suspirou.

- De qualquer modo, quero lhe dar isto. – Ela riscou um dedo em meu braço que o cortou.

- Um corte? – Minha parte perfurada ardia.

Em seguida com o mesmo dedo chacoalhou fazendo cair um brilho verde mágico na ferida.

- Isso vai te ajudar. É uma magia de cura que somente os elfos possuem. Peço eu que você não á use as caras.

- Obrigado é lindo. – Falei enfeitiçada com o brilho que escorria brilhante em minha pele.

- É mais que lindo. Isso á curara de qualquer ferida causada.

- Obrigada, Amélia. – Sorri carinhosamente. -Não poderia querer melhor presente.

Ela devolveu o sorriso e caminhou até a saída.

- Espere. – Pedi movendo somente a cabeça. Relembrando do erro que havia acabado de cometer. – Não, não diga a ninguém que me comunico com ela.

Ela sorriu e acenou concordando. Falou antes de fechar a porta e sair à tempestade:

- Seu destino é trevas, filha da escuridão. Não encontrará a luz ou a tranqüilidade em segui-lo. – Seguiu sem eu poder mais enxergar seu rastro cintilante.



Estamos quase no fim e eu já quero agradecer!

A doce Sombra da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora