Pensando bem, o som se fazia acompanhar de um forte aroma de enxofre e...
Fumaça! Era aquilo que estava fazendo seus olhos arderem!
Considerando que poderiam estar à beira de uma catástrofe, encaminhou-se apressado à porta, vestiu a jaqueta e saiu para o exterior.
Com exceção de Griswold, que ainda permanecia de repouso pela perna acidentada, apenas Al, Dulce, o ferreiro e ele permaneciam no acampamento. A equipe se encontrava nas colinas, cortando e desbastando árvores ou carregando as toras, por meio da rampa de madeira, para o depósito. A certa distância do escritório, o sufocante cheiro de fumaça era inconfundível. O nublado do céu não era uma cobertura de nuvens carregadas. Em algum lugar no bosque estava acontecendo um incêndio florestal. E se os sentidos não o traíssem, não muito longe dali.
Christopher não sabia nada sobre matas, tampouco como lidar com um incêndio nelas. Mas tinha noção de quão rápido o fogo podia se alastrar. Quando menino, havia testemunhado labaredas engolfarem um conjunto habitacional em Dublin. Uma terrível experiência que ele nunca esquecera. Histeria coletiva. As faces distorcidas pelo terror, enquanto as chamas cresciam fora de controle. Observara uma jovem mãe desesperada, lutando para romper a multidão de vizinhos aglomerados, e ainda podia ouvir os gritos descontrolados.
— Meu bebê está lá dentro! — urrava a mulher.
E quando o marido voltara ao prédio em chamas, a estrutura havia desmoronado, matando-o também.
Em outra ocasião, Christopher se detivera em frente ao Teatro Orpheum, na cidade de Filadélfia, na noite em que seis pessoas foram pisoteadas até a morte por uma multidão em pânico. O fogo tinha sido debelado em minutos, mas aquilo não diminuíra a tragédia.
Cenas de horror que Uckermann carregaria sempre consigo. Saltou o portão do celeiro e, num gesto automático, se dirigiu à elevação oeste. Lá, a fumaça mais escura se erguia bem atrás da colina. Não identificara os sinais de incêndio antes pelo fato de vir da parte californiana das Sierras. Diablo Camp ficava na linha direta do fogo.
— Blackie! — gritou Christopher, sobrepujando o barulho e correndo em direção à oficina do ferreiro. — Sele os cavalos e me encontre atrás do celeiro!
O ferreiro espiou de dentro do buraco negro em que se encontrava.
— O que está acontecendo, patrão? — indagou, observando a velocidade com que o novato do escritório central corria em direção à cozinha.
— Incêndio florestal! Corram! — Uckermann gritava por sobre o ombro, sem diminuir o passo.
Blackie jogou o martelo e as tenazes que seguravam uma ferradura de volta na bigorna. Estava tão acostumado a inalar fumaça e ao confinamento escuro da oficina que nem sequer notara qualquer indício de incêndio. Levou alguns segundos para que seus olhos se adaptassem à claridade do exterior e outros tantos para assimilar as palavras de Uckermann.
— Jesus! — exclamou e mergulhou o rosto na bacia de água postada ao lado da bigorna. Em seguida, segurou na crina do cavalo que se encontrava do lado de fora da porta da oficina, montou no lombo do animal e galopou em direção ao celeiro.
Em tempo recorde esvaziou o celeiro e o curral e retornou com dois cavalos atrelados a uma carroça, no momento em que Christopher chegou, trazendo consigo Dulce e o cozinheiro.
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Noiva Por Acaso - Adaptada Vondy -
FanfictionUm casamento de mentira... Uma paixão de verdade... Mimada, linda e esperta, Dulce Saviñón concorda em se casar com alguém que se encaixe nos padrões exigidos por seu pai: "um homem de verdade", que não tenha medo de enfrentar trabalho duro. Ela en...