II

167 44 68
                                    

Paro em frente ao hospital, respiro fundo antes daquele ar contaminado de tristeza invadir meus pulmões. Entro pelas grandes portas e vou direto para a recepção pegar a permição para entrar.

- Bom dia. -A enfermeira fala simpática

- Bom dia. Vim visistar Johannah Deakin.

- A sim, senhor Tomlinson. Aqui está. -Ela me entrega o cartão.

Agradeço e sigo para o elevador, leva questão de segundos até ele chegar no andar dos esquecidos.

Ando até o final do corredor e vou para o pequeno jardim que tem nesse andar, onde os pacientes relaxam e esquecem de seus problemas, no sentido literal da coisa.

E lá está ela, o cabelo comprido voando por seu rosto enquanto ela rega as rosas vermelhas que tinham no jardim. Jay não mudou nada desde que tivemos que a colocar aqui, ela estava ficando louca e sua doença também não ajudava nem um pouco.

- Olá, Jay. -Falo baixinho para não assusta-la

Ela olha pra trás e fica analisando meu rosto, me dói vê-la nessa situação, tem dias que a doença piora e faz com que mamãe nem queira sair do quarto.

- Olá, pequeno Louis. -Ela sorri e eu acabo sorrindo também.

- Como a senhora está?

- Estou bem, só estou com saudade do meu filho.

Um aperto no peito e uma vontade de chorar toma conta de mim. Ela não lembra que sou seu filho e a única coisa que ela se recorda é da minha aparência quando bebê.

- E onde ele está?

- Está com meu marido Mark, mas faz um tempo que ele não o traz aqui.

- E como ele é?

- Meu marido?

- Seu filho, Jay.

- Ele é pequenininho, seus olhos azuis parecendo dois pedacinhos de céu, as mãozinhas tão pequenas e delicadas que se encaixam no meu mindinho. - Ela para de falar por alguns segundos, parece estar pensando em algo. -Ele é um guerreiro, sabia?

- Por que ?

- Eu não podia engravidar, Louis foi um milagre na minha vida. Minha gestação foi de risco, então a todo tempo eu estava no hospital fazendo exames para saber se ele estava bem. Em todos os ultrassons, o coraçãozinho dele quase não podia ser escutado, normalmente as mães conseguem sentir os bebês chutando dentro da barriga, e bom, eu não consegui. Ele nasceu prematuro, quase morto. -Jay deixa algumas lágrimas escaparem e eu tento ao máximo segurar as minhas. - Os médicos diziam que ele não tinha chance alguma de sobreviver, então você imagina pra uma mãe ouvir isso, é doloroso demais. Teve um dia que eu fui ver ele no berçário, e meu Lou estava dentro de uma encubadora, eu nem se quer podia toca-lo, nem pude amamenta-lo, mas mesmo assim eu já o amava mais que tudo. E quando o vi todo pequeno e frágil, fiz uma promessa, que se ele sobrevivesse eu sempre daria para ele tudo que havia de melhor no mundo, o apoiaria sem nem saber as circunstâncias, nunca deixaria nada nem ninguém atrapalhar os sonhos dele.

- E seu filho conseguiu resistir?

- Como eu disse, Louis foi um milagre. Ele conseguiu sim, ta lá, gordinho, forte, sem nenhum sinal de prematuridade.

- Fico feliz por ele e por ti também.

Ela sorri e volta a regar as flores, eu queria abraça-la e dizer o quanto sinto a falta dela, mas os médicos dizem que se eu contasse algo só a deixaria mais confusa e provavelmente a doença poderia piorar.

Call me Louise (l.s)Where stories live. Discover now