Capitulo IV - Quem diria

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Chegada a tão esperada festa de primavera, todos animados com a escolha do Rei e Rainha do baile, mas meus pensamentos estavam nele, já se passaram mais de dois meses desde a ultima vez que nos falamos, mal ele olha para mim. Comecei a imaginar um milhão de coisas, achar que estava apaixonado por outra pessoa ou algo assim do tipo.
Aquela festa seria diferente, vou fazer diferente, viver intensamente preciso arriscar mais, curtir mais e se algo der errado, pelo menos eu tentei. 19h00min, tudo pronto, estava arrumado e decidido a mudar a minha vida a partir daquele dia, fazer diferente mostrar que posso sim ser feliz e assim o fiz. Começou a festa e decidi beber, apesar de ser fraco com bebidas.
- Vai com calma amigo, ainda estamos no começo da festa, não vale ficar bêbado agora. – Disse Bruno um dos meus colegas de classe.
- Eu sei bem, mas preciso disso, não sabe o quanto. – Disse terminando de virar o copo com aquele ponche.
- Não adianta fugir assim dos seus problemas, eles sempre voltam não importa a hora. – Disse isso pegando um copo para beber junto comigo.
- Mas no meu caso o problema que foge de mim, e sem saber o que fiz para que ele assim o faça.
- Eu sei bem como isso funciona, quando estamos interessados na pessoa, mas somos a ultima pessoa que ele nota. – Bruno me olhava de uma maneira estranha, mas não dei muita importância queria mesmo é beber, esquecer Eduardo.
- Bom vamos beber porque à noite esta apenas começando.
Eduardo me viu conversando com Bruno, mas sua cara não foi das melhores, como se estivesse com uma espécie de ciúmes ou algo do tipo, confesso que aquilo me fez bem e resolvi usar um pouco mais dessa brincadeira.
- Vamos lá fora, aqui esta ficando chato demais. – Disse pegando no ombro de Bruno e quase que o arrastando para fora da quadra.
- Vamos sim, sua companhia sempre me faz bem e você sabe disse Caio. – Aquilo dito por Bruno confesso que me assustou um pouco, mas fez com que elevasse minha auto estima e passei por um segundo a olhar de outra forma para Bruno.

Um garoto da mesma altura que eu, moreno, cabelo não muito curto, digamos que na medida certa, sempre se vestia bem, e o seu perfume irresistível, já se passará mais de duas horas do inicio da festa e era assunto com Bruno que não acabava mais, falávamos de tudo, me sentia a vontade perto dele, mas sempre vinha Eduardo em minha mente.
Ele conseguiu prender minha atenção, e toda vez que me olhava via um brilho diferente em seus olhos por alguns instantes poderia achar que ele estaria interessado em mim.
- Me conta Caio o que esta te deixando tão aflito?
- A Bruh, tanta coisa, por que temos que gostar de uma pessoa que parece não dar a mínima para gente?
- Olha pergunta difícil ainda mais para mim, que nem coragem de dizer para pessoa que gosto, que sinto isso por ela, alias nem sei se tenho chance com ele.
- A cara, mas isso se resolve fácil, é só chegar e contar para ela, o máximo que poderá acontecer é você receber um não, só não seja covarde como eu de não conseguir me declarar e ficar aqui sofrendo.
- Mas isso você consegue resolver Cah, e sabe muito bem disso, chega à pessoa e diz você ainda tem a expectativa de que a pessoa também sente o mesmo por você, não é como no meu caso que tenho certeza que a pessoa jamais me notou.
- Quem sabe Bruno, ela não estivesse prestando atenção na pessoa errada. – Olhei fixamente em seus olhos e senti que algo estava rolando.
Nesse momento fomos interrompidos por uma das garotas que estavam concorrendo ao premio de Rainha do baile, pois estava na hora da tão esperada coroação.
Uma tradição do baile, independente dos ganhadores namorarem ou não precisam dar o tradicional beijo do casal ganhador, só que não esperava que o ganhador fosse ele, justamente Eduardo, e a garota de sua sala que soube mais tarde que era apaixonada por ele, e na hora de ver os dois em cima do palco e aquele beijo que parecia ter gostado foi como uma faca no coração, foi como ver toda minha vida indo pelo ralo.
Precisava beber, precisava esquecer aquela cena, de alguma maneira esquecer Eduardo, e logo Bruno vendo minha decepção me acompanha para beber, só que de cima do palco Eduardo me avista saindo com Bruno e a cena não agrada muito.
- Cah vamos pegar umas bebidas aqui e sair, esse baile já deu o que tinha que dar.
- Tem razão Bruh, não tem mais o que se fazer nesse lugar, preciso esquecer o que vi aqui, não quero mais lembrar essa cena.
E assim o fazemos, pegamos umas garrafas de bebida e saímos em direção a uma praça que ficava a algumas quadras da escola, ficamos encostados no muro e por alguns instantes Bruno senta a minha frente e fica só me olhando sem falar absolutamente nada.
- Vamos ficar calado aqui mesmo Bruh?
- Não precisamos ficar calados, só estou esperando você dizer alguma coisa, puxar algum assunto, estou aqui para te escutar e para que possa desabafar.
- Não quero desabafar, só quero jogar conversa fora, quero esquecer aquilo que vi hoje, alias morreu para mim hoje, não quero mais saber sobre isso, preciso arrancar esse sentimento de mim, não me faz bem.
- Vejo que realmente algo te machucou muito e estou aqui, para o que você precisar, não precisa dizer nada, se quiser ficamos aqui um olhando para o outro sem falar nada.
A companhia estava agradável por um momento me fez esquecer Eduardo, só que não esperava que Eduardo tivesse nos seguido e estava no outro lado do parque nos observando.
- Cara nem éramos tão amigos assim na escola e olha só onde estamos agora, você nem sabe o motivo, mas me consolando.
- Amigos são para isso não é mesmo?
- Pois é para isso mesmo.
- Mas não quero lembrar-se disso no momento, podemos falar de qualquer outra coisa pode ser?
- Sim! Já disse que estou aqui para o que precisar.
- Cara por que não nos aproximamos antes? Sinto-me bem a seu lado, me sinto feliz perto de você, e não é porque estou bêbado que estou dizendo isso, mas de coração.
- Eu sei, mas agora vamos beber me passa essa bebida ai vai.
Quando levantei, não percebi que ao sentar novamente sentei em um formigueiro, e logo algumas formigas começaram a me picar, com o susto e o pulo para frente logo cai sobre Bruno, e quando estava me levantando olhei fixamente em seus olhos, aqueles segundos pareciam uma maravilhosa eternidade, aqueles olhos cor de mel me fizeram ver um mundo novo mesmo que por uma fração de segundos, mas por medo de represália resolvi sair de cima dele.
- Não sai, fica!
Disse isso segurando em meu braço, e quando vejo nossos olhos fitados um no outro, nossos corpos se aproximando e quando percebo estava beijando ele, foi algo longo e intenso, não sabia quanto tempo ia durar, mas queria que fosse para sempre, me senti especial com aquele beijo, mas logo desgrudamos um do outro e parado deitado ao lado dele, sem um falar nada para outro, só que Eduardo já tinha visto tudo sem que percebêssemos.
- Bruno me desculpa! Não foi minha intenção! Não sei por que fiz isso, mas espero que não tenha se irritado.
- Calma, não tem porque se desculpar se eu também queria isso.
- Você também?
- Sim! Eu sempre quis isso, mas nunca tive a oportunidade.
- Mas.. Mas..
- Calma, eu sei esta tudo confuso em sua cabeça, vi que andava cabisbaixo, e vi seu olhar de decepção ao ver Eduardo beijando aquela garota e demonstrar que estava gostando do beijo, mas você é um cara bonito não precisa passar por isso, não precisa mesmo.
- Cara estava tão na cara assim meu olhar para Eduardo.
- Infelizmente sim, mas você precisa de alguém que te valorize que mostre o quanto você é importante e com ele já viu que isso não será possível.
- E essa pessoa seria você?
- Não precisa ser necessariamente eu, mas se tiver a oportunidade de fazê-lo feliz, claro que vou saber usar essa chance e te fazer a pessoa mais feliz do mundo,
- Não consigo te dar essa resposta agora, mas não descarto a possibilidade de termos algo além de amizade, mas para isso preciso estar bem, sem estar sob efeito do álcool.
- Claro, quero que tenha certeza disso, mas agora esta na hora de ir pra casa, e amanhã a gente conversa com calma, quero que tenha certeza do que esta dizendo.
- Pode deixar, vou pensar com carinho. E sem que ele esperasse dei um selinho nele, me sentia bem perto dele.
- Você é muito fofo, espero poder te fazer muito feliz.
- Se for assim sempre com certeza você fará.
Por esses momentos consegui esquecer Eduardo, consegui esquecer aquele beijo, consegui ser feliz, por alguns instantes, e quer saber por que não tentar? Por que não ser feliz pelo menos uma vez.
- Bom chegamos, está entregue em casa são e salvo.
- Você realmente é muito fofo, porque não te conheci antes dele?
- Porque não era o momento para isso. Você precisava sei lá passar por isso, para quem sabe poder amadurecer poder crescer e saber decidir quem entra e quem fica de fato na sua vida.
Bruno ao mesmo tempo em que parecia decidido e amadurecido, parecia uma criança que fica contente por conseguir o que ele sempre quis, e estava amando isso, esse cuidado, em um curto espaço de tempo ele já conseguia me fazer sentir como nunca me senti antes, mas querendo ou não meu coração ainda pertencia a Eduardo. O que não esperava é que Eduardo estava nos espiando, e somente esperou que eu entrasse para poder falar com Bruno.
- O que você pensa que esta fazendo com ele?
- E isso o que importa para você? Já que o beijo da garota parecia ser bem mais importante para você.
- Aquele beijo não conta!
- Para Caio contou, enquanto você curtia o amasso com a menina, ele sofria, dava para ver o quão decepcionado ele ficou ao ver aquela cena.
- Eu não estava esperando aquele beijo!
- Não esperou, mas gostou e isso que importa! Alias não devemos satisfação de nada que fazemos a você, você decidiu abandona-lo, você que não quis mais saber sobre ele, não tem direito algum de reclamar algo!
- Isso é o que você pensa! Ele é meu!
Essas palavras inflamaram Bruno que no meio da rua começou a se alterar.
- Ele pode ser tudo menos SEU! Jamais, eu não vou permitir que um cara como você o machucasse de novo e aposto que meu beijo foi muito melhor que o seu, se é que isso você já o fez.
- Isso não te interessa sua bichinha!
Essa hora Bruno perde a razão e resolve partir para cima de Eduardo, deferindo um soco em seu olho direito que cai no chão, onde os dois começam uma briga, até que um policial que passava pelo local vê a briga e separa, onde Eduardo resolve sair correndo e Bruno vai para casa, com alguns arranhões e um olho roxo.

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