Acompanhante da Morte

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Depois do trabalho voltava sempre para casa. Abria uma garrafa de cerveja e depois bebia um copo de rum puro, era isso que mim mantinha o corpo e a alma fria a noite toda, acendia um cigarro e ia dar uma volta pela noite escura da minha cidade, observando as almas tristes e suicidas daquela cidade.

Era uma espécie de morte, quando encontrava uma vítima, parava observava e por vezes ajudava. Gostava daquela sensação, gostava de está ali.

Encontrei-me sentada em um banco de uma praça, a observar uma mulher a chorar, chorava por algo, algo que lhe tinha acontecido.

Em uma de suas mãos estava uma corda e na outra um banco. Pousou o banco no chão perto de uma árvore, atou uma das pontas da corda em um galho, o outro enrolou em seu pescoço, e com o pé empurrou o banco que de imediato tombou no chão e ela de seguida se rebatia, agonizava e a sua última lágrima escória pelo seu rosto.

Última lágrima a pingar no chão e o seu último suspiro aconteceram quando eu ao seu lado disse:

" O seu segredo será guardado nos meus pensamentos com carinho."

Retirei o seu corpo da corda e a coloquei sentada no mesmo banco junto a árvore, ali descansará em paz, mas não por muito tempo, todos que comentem suicídio apenas tem 30 minutos de paz.

Os meus olhos brilhavam ao ver aquelas almas perturbadas, o desespero por não saber como resolver algo que não era assim tão difícil.
Volto para casa, tomo um duche, e jogo-me na cama a pensar:

" Nunca teria está coragem de cometer suicido, quando sempre posso dar a volta à situação."
Bem, amanhã vou ter mais uma cliente para trata.

Rejeitada 1996 by: Thaís Carvalho Onde histórias criam vida. Descubra agora