Enjaulado

26 1 3
                                    

Talvez eu só estivesse louco, ou com ciúmes e querendo ver o que não existia naquela cena, mas eu tinha certeza que aquele sorriso parecia o do Pedro. Bem, eu não tinha como provar, mas eu posso colocar o Michael na minha lista de observação por enquanto.
    Meio que tudo aquilo mexeu com meu psicológico. Eu já não estava prestando muita atenção em tudo. Eu tava muito abalado por conta daquilo. Minha vontade era de simplesmente descer a mão na cara do Michael, mas, de novo, eu não podia, porque eu não possuía provas.
    Então eu chego na escola e bam... dou de cara com a Natalia. Ela não parecia muito bem, mas eu não tava com cabeça pra conversar naquela hora. Então o dia foi passando e nós fomos conversando aos poucos. Eu descobri que a Gabriela, uma amiga nossa, estava mal com tudo aquilo, porque ela e o tal do Michael tem uma história juntos.
    Mas isso não é assunto de agora. Minha cabeça estava totalmente focada naquele cara. Porra, dois ataques e em lugares que eu estava ou me importava. Tinha alguma coisa naquele cara que me fazia sentir medo, mas eu tinha que superar aquilo antes que algo pior acontecesse.
           Depois de um tempinho investigando, mais uma coisa pra tirar a minha cabeça do objetivo principal. O diretor me trocou de sala, fazendo eu me desconcentrar mais um pouco. Então era hora de colocar força máxima. Então eu precisava contar para mais uma pessoa que pudesse me ajudar. Mas quem?
           Nessa hora bateram umas
lembranças na minha cabeça. Lembranças que vinham me incomodando já fazia um tempo, mas eu empurrava elas pra segundo plano. Um segredo importante que foi compartilhado comigo, mas que eu não queria lembrar. Então veio tudo à tona. Eu lembrava quem era o Eletroblack. Era o... o Leandro!! Talvez fosse hora de retribuir o favor.
           Então no WhatsApp eu mandei uma mensagem:

—Ou, tudo bem?
—Eae. Mais ou menos, e vc?
—Tirando aquele acontecimento, eu tô blz. Tenho q te contar uma coisa
—Manda
—Então, lembra aquele herói de fogo?
—Lembro, o q q tem?
—Digamos q eu sou ele

           Ele visualizou a mensagem, mas não respondeu. Eu esperava que ele entendesse, afinal, ele tem poderes também. Mas agora que eu estava com a cabeça limpa, meu foco era o tal encapuzado. Então eu recebo um alerta de um assalto ocorrendo no banco perto do colégio. Fui voando pra lá e me deparei com 1 bandido sozinho. Eu entrei no local e fui no seu rumo, sempre cauteloso pra não ser pego de surpresa. Ninguém apareceu então eu fui direto nele. Eu percebi que no momento que eu toquei no bandido, ele imediatamente desmaiou. Eu então escutei uns bipes vindos dele e vi uma bomba amarrada em sua cintura. Então um áudio começou a tocar ali, e ele dizia:
           —Olá Flameheat. Tudo bem com você? Então, se você está ouvindo este áudio, você foi idiota o suficiente para cair na minha armadilha. Eu fico cada vez mais impressionado com a facilidade que tem sido te enganar. Aprenda uma coisa: quando você achar que me alcançou, eu sempre estarei um quilômetro a sua frente.
           Nessa hora, o último bipe emitido pela bomba ressoou pelo lugar e ela foi ativada. Mas ao invés de explodir, saiu um gás de dentro dela, e a última coisa que eu lembro foi de ver meu fogo apagando e eu caindo.
   Então eu acordo em um lugar escuro. A única iluminação daquele lugar era uma lâmpada no fundo da sala. Então, eu tentei me incendiar para iluminar e sair daquele lugar. Mas quando eu fiz isso, eu senti uma dor extrema e um vapor subiu no lugar do fogo. Então uma voz grave reverberou pela sala:
   —Então, gostou da minha nova tecnologia?
   —Quem é você e o que você fez comigo?
   —Creio eu que você já me conhece de alguns encontros, mas a minha identidade não vem ao caso agora. Já sobre o que eu fiz com você, digamos que eu consegui achar uma maneira de isolar as suas células, de maneira com que elas não entrassem em combustão.
   —Vem aqui e mostra a sua cara, seu desgraçado. Ou você tá com medinho de se queimar?
   Logo após isso, ele foi avançando em meu rumo, e quando ele finalmente chegou em um ponto no qual eu pudesse o enxergar, eu reconheci aquela figura. Era o Homem Encapuzado, mas eu parecia reconhecer algo a mais. Esse porte físico, o sorriso psicótico, a maneira de falar. E então, como num passe de mágica, ele retirou seu capuz, e era ele, aquele que eu passei a odiar com todas as minhas forças. Por baixo daquele capuz, eu encontrei o Michael, sorrindo como um psicopata pronto para me torturar.
   —Hahaha. Você não sabe o quanto eu planejei para conseguir isso. O "grande Flameheat" aos meus pés sem nenhuma força, impotente e sem reação.
   —Só me diga o porquê.
   —Você é só uma parte de algo bem maior, um plano extraordinário para acabar com os dois heróis dessa cidadezinha. Agora, vamos fazer um acordo. Você me conta quem é o Eletroblack, e eu prometo me segurar para não te matar.
   O meu orgulho e a minha vontade de proteger o Leandro e todos falaram mais alto que a minha vontade de viver.
   —Faça o seu melhor, seu merda. Mas se eu sair vivo daqui, não conte com mais nenhum dia de vida seu! — Eu disse cuspindo cada palavra de maneira alta e clara.
   —Veremos se você vai voltar inteiro para a cidade de novo. — Disse ele com aquele sorriso insano que me dava um arrepio na espinha. — Então, que os jogos comecem!

Flameheat Onde histórias criam vida. Descubra agora