Capítulo XIV - Maxuel e Júlio

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            O final de semana passou sem mais surpresas e tensões. Maxuel e meu tio que no início do dia tinham ido a Porto Alegre voltaram para passar o resto do feriado com a gente, os vi minutos depois que acordei e notei um semblante pesado em Maxuel e Júlio que se encaravam de maneira estranha como se tivessem discutido, mas logo disfarçaram quando eu dei as caras, foi estranho. De noite vieram os amigos do meu irmão do futebol e dei graças a deus que o Nsinc não veio, Luciano em nenhum momento se aproximou de mim, bebeu todas, me encarou, mas não se aproximou. Maxuel puxou papo comigo e como não queria ficar dando ideia para os neandertais amigos do meu irmão acabei sentando em uma das mesas da copa com ele e Bartira.

O domingo de páscoa foi normal, meu pai assou carne, teve ovelha, o que odiei, mas teve javali ao vinho e a carne que pedi para meu irmão comprar. Estávamos eu, meu irmão, meus pais, Arthur, Júlio com o pai deles Henrique, Valmir, Carmem e Luciano em um ambiente tranquilo e familiar como a muito tempo eu não tinha, foi divertido, mas no fim da tarde era hora de Valmir, Carmem e Luciano se despedirem, eles voltariam para BH antes pois um cliente exigia a presença de Valmir e Luciano na obra no dia seguinte.

Foi aquela comoção, meu pais e os dele trocaram beijos e abraços, tapas nas costas, e tudo aquilo que toda família e amigos queridos fazem. Valmir fez meu pai prometer que eles iriam visitar ele e Carmem em setembro quando o Grêmio jogaria com o Cruzeiro no mineirão e meu pai sem escolha aceitou.

- Você não quer voltar comigo...quer dizer, com a gente? – Perguntou um Luciano preocupado quando eu me despedi dele e dos pais.

- Eu preciso ficar aqui, pelo menos mais uns 3 dias Luciano e nós combinamos que você tem que respeitar meu espaço...assim como vou respeitar o seu... – Ele então me abraçou rapidamente, me olhou de uma maneira tão intensa como se suplicasse e entrou no carro. Engoli em seco, se eu bem o conhecia não era só eu que faria uma nova jornada não, olhei mais uma vez e logo Arthur e Júlio estavam se despedindo dele também.

- Se cuida rapaz... – Valmir me deu um aperto de mão, mas logo o lado paizão dele falou mais forte, ele me puxou para um abraço e me deu um tapa nas costas – te espero de novo na quinta, vamos terminar de revisar aquele projeto residencial na Savassi... – sorri, como Luciano mesmo tinha dito eu não fui demitido, ganhei um bônus. Valmir foi em direção ao carro, se despediu do meu irmão que conversava algo com Luciano e entrou.

- Você não sabe como eu estou orgulhosa de você e do meu filho, hoje está indo para casa um Luciano totalmente diferente do que chegou aqui, um Luciano adulto, como mãe não é fácil ver que ele tem um sentimento mais forte de amizade por você...ainda não é reciproco... – olhei pasmo, ele estava certa, mas mesmo assim sorriu me deu um beijo na bochecha – vocês vão chegar lá, se cuida Fabrício, eu vou fazer uma lasagna de frango para quando você voltar, nos vemos na quinta, não esquece de levar a erva para o chimarrão e o vinho da colônia, senão o Valmir te faz voltar para buscar... – sorrimos e ela foi para o carro.

- Tu tá bem mano? – Perguntou Guilherme ao se aproximar de mim enquanto o carro se distanciava.

- Vou ficar... – suspirei – então, me diz aí, o que vamos fazer nesse fim de tarde de domingo de páscoa, eu não quero ficar em casa...– ele sorriu.

- Pai, mãe – ele chamou os dois que estavam mais a frente conversando com meu tio e Maxuel que desde ontem a noite estava estranho e me olhava como se quisesse me dizer algo – que tal a gente ir tomar um chimarrão na praça? Só nós mesmo, que nem antes... – ele se referia à quando éramos mais novos.

- Bah, boa ideia, vamos? – olhou para minha mãe, tio e primo que aceitaram.

Como era de se esperar meu pai acabou convidando Henrique também que havia passado o dia com a gente, ele estava de rolo com uma amiga da minha mãe e eles acharam que era uma boa ideia para aproximar mais os dois. Arthur e Júlio vieram também, eles estavam mais afastados com meu irmão, eu, meu pai, minha mãe, meu tio e Maxuel ficamos conversando. Notei que Maxuel me olhava com uma certa apreensão,

Coração FeridoOnde histórias criam vida. Descubra agora