14 de setembro de 1889 - Nas ruas gélidas da cidade média.
Depois do choque, numa atitude de gato altamente rápida e com reflexos, Estevão ordenara a moça que pegasse a pistola caída do oficial no chão enquanto ele arrastaria o seu corpo até na outra ponta da viela, onde se encontrava uma carroça estacionada sem nenhum cavalo que abrigava fenos aparentemente velhos, sujos e inutilizados. Então foi assim que se seguiu, a moça fizera que Estevão ordenara e em seguida se escondera atrás dos barris em um lado do beco, quieta, totalmente imóvel se camuflando no escuro, e Estevão puxava o corpo desmaiado do homem até resolver pega-lo pela cintura e coloca-lo rapidamente na carroça. Não tiveram mais tempo, então ele se escondera atrás da carroça, de maneira furtiva. O cenário se seguia assim, a moça mais a frente, mais próxima da entrada da viela escondida atrás de barris e, Estevão mais para trás, no lado oposto da moça quase próximo da outra ponta escondido atrás da carroça. Nenhum som era emitido pelos dois, nenhum sinal de vida era aparente naquele beco.
Quando o outro oficial chegou à entrada do beco, tudo que viu foi um pedaço de pau no chão. Continuou chamando por seu amigo com a arma em punho e diferentemente de seu parceiro, ele possuía uma pequena lamparina a gás que não se apagava com facilidade no vento, o que facilitava uma corrida noturna sem muitas preocupações. Deu uns passos...
O Suor na testa de Estevão era tanto, que até o fazia coçar, a vontade era grande, mas temia de fazer algum barulho estrondoso e ser notado pelo guarda. A tensão estava aumentando. Aumentou mais quando Estevão se lembrou de que a donzela estava com a arma do primeiro oficial, e nesse momento temeu grandemente que ela pudesse fazer alguma barbaridade, uma em que ele estivesse metido. Mas o que ele poderia fazer? Nada não é verdade? Só poderia continuar quieto e observar o momento que oficial iria embora. O oficial continuou dando uns passos, mais lentos dessa vez, quando chegou próximo aos barris parou, ficou olhando com os olhos semicerrados como se fosse um caçador a espreita de um cervo coagido. Ficou um tempo parado chamando seu companheiro.
No momento que iria avançar mais, ratos saíram de lugares escuros fazendo o oficial se assustar e praguejar bastante. O homem ficou um pouco curvado e ofegante demais com o susto que levara, depois de nenhuma resposta, ele meio enraivado disse.
- Bem, se prefere fazer essas brincadeiras por mim tudo bem! Depois aguente o sermão e as sanções de Joseph, seu tolo. - Desligou a lamparina a gás, guardou sua pistola no coldre em sua perna direita, virou as costas e foi embora praguejando, resmungando para si mesmo.
Mesmo com a saída do oficial, Estevão continuou um tempo olhando escondido para a entrada da frente calculando mentalmente a distância em que o guarda poderia estar. Quando a confiança retornara para si, ele saiu de seu esconderijo, aproximou-se da moça e a chamara, ela viera a seu encontro e então os dois saíram pelo o lado oposto da qual o policial tinha saído. Ao chegar à rua, Estevão meio abraçado à moça que estava assustada e com o lenço em seu corte, avistou a média distância um cocheiro que se aproximava em uma velocidade boa, com seus dois cavalos vindo em sincronia. Tudo o que ele pensou foi parar o cocheiro, indo no meio da rua bem em frente do coche, obrigando a sua parada.
- Pare, por favor, pare - disse Estevão com as mãos para o alto - preciso que pare!
O cocheiro puxou rudemente as rédeas forçando os cavalos a pararem seus passos. O cocheiro praguejou a atitude de Estevão e lhe disse:
- Estás louco homem? Queres partir dessa para a melhor? O que pensas que está fazendo agindo como um louco desse jeito. Você pod...
- Preciso muito da sua ajuda - disse Estevão cortando o diálogo do outro homem - eu não faria essa loucura se não fosse urgente. Minha prima fugida de seu marido violento precisa de apoio, e eu irei leva-la a um amigo meu que é médico para examina-la. Ele sim, o marido dela é o verdadeiro louco da história.
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Agonie
Romance*PRIMEIRO LUGAR NA CATEGORIA FICÇÃO HISTÓRICA DO CONCURSO "WATTGOLDTALENTS". *OBRA PARTICIPANTE DA SHORTLIST DO WATTYS 2018. Portugal, 1889. Século XIX, e o mundo ainda assiste a escravidão tomar conta de vários lugares da Europa. Negros, mulheres e...