Rotina

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Belle

Então teríamos uma manhã de sol escaldante na linda e famosa; Beverly Hills? Pensei ao abrir meus olhos e me deparar com os raios de sol no rosto. Esquece-me de fechar as cortinas da janela de novo. Meu celular vibrava perto do meu braço. Desliguei o despertador.

Bocejei e joguei as cobertas de lado me levantando. Cocei minha bunda através da calcinha de algodão com a cara do pato Donald, e descalça, caminhei em direção ao banheiro.

Lavei meu rosto e encarei minha cara amassada no espelho da pia, meus cabelos longos e vermelhos estavam pra lá de embaraçados. Gemi. Iria ser um inferno penteá-los. Suspirando peguei minha escova de dente e o creme, começando minha higiene bucal.

Pelo reflexo do espelho olhei para o relógio preso a parede do banheiro, verificando as horas, 05h30min. Eu geralmente começo meu expediente de trabalho as 07h00min da matina. E despertava duas horas mais cedo. Porém não era à única, meu mano mais velho era o primeiro a despertar.

Gregory dormia cedo e acordava com as galinhas. Tudo para que no dia seguinte à mesa do café da manhã estivesse farta das guloseimas que meus outros três irmãos e eu gostávamos.

E pelo cheiro maravilhoso de panquecas que subia do andar de baixo, confirmava que hoje não seria diferente. Meu estômago roncou e retirei minha camiseta e a calcinha rapidamente, me jogando em baixo da ducha logo em seguida.

Depois de me banhar e vestir meu macacão, eu prendi meus cabelos ainda molhados em um rabo de cavalo. Calcei meu coturno e desce as escadas correndo.

Sentei-me a mesa, passando a devorar as panquecas quentinhas com chantili e chocolate.

– Deliciosas! - Gemi me deliciando. Ouvi o ruído de torneira sendo ligada. Dave provavelmente havia acordado.

–Não vai nem me dar bom dia? – Perguntou Gregory trazendo mais café. Ele já estava pronto para o trabalho, assim como eu.

–Bom dia mano! – responde me erguendo da cadeira, beijando seu rosto de forma breve. Melando sua bochecha de chantili.

Ele riu, e limpou o sujo com guardanapo de mesa.

– Dormiu bem? – perguntou puxando uma cadeira, se sentando a minha frente.

– Sim. – fiz uma careta. - Mas estou cortando um dobrado pra concluir aquele maldito projeto. – revelei. Na verdade minha dificuldade tinha nome: Santiago, ele estava me deixando estressada com sua falta de interesse, de colaboração.

– Qual é a sua dificuldade? – quis saber se servindo de café.

– Não é bem uma dificuldade. – disse lambendo o chantili do garfo. - É o meu companheiro de trabalho. O Santiago me odeia, e não tem colaborado com nada na elaboração do projeto. Nem mesmo com as pesquisas simples. – completei chateada.

– Porque ele a odeia? – questionou me fitando sério. Já assumindo uma postura protetora. Levando a xícara cheia de café a boca.

Dei de ombros, mas minha voz era irônica ao confessar.

– Porque segundo ele, eu não deveria estar cursando mecânica industrial. – fiz cara de nojo. -Segundo ele, lugar de mulher é na cozinha, não projetando peças potentes para carros velozes.

– Mais que pretensioso! Preconceituoso! -exclamou meu mano indignado.

– Sim! Ele é um bostinha filhinho de papai, que não suporta a ideia de ver uma mulher se destacar. – disse mordendo a panqueca com força demasiada.

          

–Bom dia, flores do dia! – saudou Dave já dentro do seu macacão azul, me beijando na testa, e se lançando a cadeira ao meu lado.

Levantei meu dedão em saudação, minha boca estava ocupada mastigando.

– Cadê o Jonathan e o Jordan? – perguntou meu mano mais velho.

– Jonathan está tomando banho, e Jordan nem sequer levantou. – disse Dave com a boca cheia de bolo de cenoura.

Dei uma risadinha. Jordan era o mais preguiçoso de todos, era uma luta conseguir acordar ele. O cara dormia como uma pedra. Ri.

– Será que vou ter que jogar água nele de novo? – questionou Greg erguendo a sobrancelha.

–Não precisa! - Respondeu Nathan, adentrando a cozinha. - Já fiz isso. - Com um sorrisinho travesso ele apontou em direção ao caçula dos três homens que vinha resmungando logo atrás dele.

– Eu odeio quando vocês fazem isso! – reclamou Jordan se sentando bicudo, a mesa. Rimos dele.

Nathan me beijou a mão livre, e J mesmo de tromba, piscou em minha direção. Sorri para ambos, e me perde em pensamentos.

Era essa rotina desde sempre. Meus irmãos me criaram da melhor forma possível, depois que nossos pais morreram em uma corrida automobilística. Eles adoravam adrenalina e quando eu tinha dois anos me deixaram aos cuidados desses três meninos homens.

Greg tinha somente dezoito anos quando eles morreram. Ele lutou muito para provar as autoridades que poderia cuidar de todos nós. A oficina e a casa da família eram um ambiente saudável, então a assistente social convenceu o juiz que meu irmão, um menino, poderia cuidar de mais três, e de uma garotinha. Eu.

E todos nós éramos muito gratos a ele, por não ter deixado que nos separassem. E o amamos com devoção.

Meus irmãos educaram-me também da melhor forma possível, dentro de suas personalidades marcantes. Greg é sempre disposto a aconselhar. Dave é o mais calmo e ponderado de todos, nunca perdia sua atitude passiva. Mas quando o fazia, era um fenômeno da natureza. Impossível de controlar.

Nathan é brincalhão, e muito inteligente. Ele sempre me ajuda com os cálculos quando eu me enrolo nele. J é meu parceiro de traquinagem.

E todos eles são mecânicos muito fodas!

Eu me lembro da primeira ferramenta que toquei. Era uma catraca simples com encaixe para todas as medidas, que entreguei ao Greg, com um sorriso radiante quanto tinha quatro anos.

Eu frequentava mais a oficina do que a creche, e eu adorava ajudar meus irmãos, mesmo com pequenas coisas. Eu amava sujar meus dedos de graxa. E eu achava fascinante ver meus irmãos ao redor daquelas maquinas alquebradas, as fazendo funcionar novamente em um piscar de olhos.

Para mim aquilo era pura magia!

Eu me apaixonei por esse meio pouco feminino enquanto crescia. E meus irmãos notando meu interesse genuíno, me ensinaram tudo que sabiam. E me tornei tão competente quanto eles no oficio.

Eu trabalhava na oficina mais como aprendiz quando estava maior, então adolescente eu era uma estagiária, até que fiz dezoito e os rapazes me efetivaram. Tudo conforme a lei.

Nas minhas férias de verão eu fiz um curso técnico de mecânica para ter um registro sério. E depois que conclui o ensino médio me candidatei a uma vaga na faculdade federal no curso de mecânica industrial, no qual fui aceita sem dificuldades. Eu sempre fui uma boa aluna. Minhas notas eram as melhores. E estava cursando o terceiro período.

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Woow

2y ago

Sua tarada 😂😂😂😂😂já te gosto ❤

8y ago

Mary-JohnWhere stories live. Discover now