Crônicas do Céu e Inferno

A Rosto na Águas

-Como assim criarão uma raça superior à nossa? Isso é um absurdo Riel!

-Foi o que eu ouvi também... Descerão ao Braço de Órion às 03 horas da manhã – Respondeu abaixando a cabeça, ponderando a situação.

-Reúna todos aqueles que são simpatizantes da nossa causa no Mananciais das Águas às cinco horas, os reis terão uma surpresa quando retornarem - Retrucou olhando vilmente para Riel.

Por aquelas horas os anjos do primeiro céu nem sequer desconfiavam dos intentos de Lúcifer, cumpriam a rotina dos Céus, alguns poucos sabiam o que realmente estava acontecendo nos bastidores, todos se preparavam para a grande viagem dos três reis à Via Láctea, todos esperavam ansiosos pelo que viria, mais uma raça seria criada, e todos estavam contentes, ou pelo menos era o que acreditava Miguel, futuro ministro da defesa, segundo na hierarquia abaixo de Lúcifer.

Tudo estava na sublime paz e perfeição habitual dos Céus, Sião aspirava calmaria.

O primeiro céu era onde ficava o Manancial das Águas, uma grande fonte que alimentava os outros céus, não era uma área sombria, porque não se tinha a quem temer, porém qualquer mortal ficaria com medo daquele lugar, era escuro, frio e com uma neblina muito densa, o som das águas sendo formadas era quase ensurdecedor, pequenos lampejos de luz iluminavam aquele lugar dando-o um aspecto semelhante ao do universo com suas estrelas cintilantes.

Ninguém nunca havia tentado alguma coisa contra os três reis. Os três Céus viviam em paz, todas as galáxias criadas pelos reis lhe davam completo louvor, veneravam seu Deus, ou seus Deuses, os três reis criadores.

O primeiro rei, Zeus, pai de todos os três Deuses, tinham um aspecto muito sério, parecia estar pensando todo o tempo. Ele foi o primeiro ser a existir no vazio, teve tempo, muito tempo, experimentou bilhares de coisas, aprendeu o que era o poder, criou sua personalidade na solidão, forjou seu caráter como se talhasse uma pedra com um simples prego, aquilo que mais gostou das suas experiências tomou para si. Hoje todos o conhecem como um bom e justo Deus.

Após aprender tudo, sobre todas as coisas, decidiu dividir sua essência e criar, colocando em cada um destes seres, partes de si mesmo. Em Paracletos, o segundo Deus, pôs toda a sua sabedoria, todo o conhecimento e inteligência, este seria seu leal conselheiro. Zeus e Paracletos, juntos, criaram Yus, onde toda humildade e, virtudes mais nobres foram colocadas. Juntos, Zeus, Paracleto e Yus eram Deus, os três reis supremos.

Os reis se empenharam em todo seu poder e inteligência e construíram um reino ao qual nomearam Sião.

Sião era formada por três cidades satélites que flutuavam no espaço e eram interligadas por grandes escadarias. Puseram na primeira cidade o nome de Judah, na segunda Tabitah e na terceira Salém.

Os reis levaram três dias para construir Sião, ela é aos olhos de um humano, a coisa mais maravilhosa de todo o universo, praticamente de beleza inimaginável.

Em Judah, puseram todos os elementos que julgaram mais importantes, em fontes gigantes derramaram os elementos criadores das águas, lá ficavam a fonte das águas comuns e a fonte das águas vivas. Em celeiros de Pedra puseram o fogo, o vento em pequenos frascos, a terra no maior celeiro de todos. Em seus aposentos principais, guardaram a sete chaves todos os elementos menores, metais, gases e um pequeno frasco com um liquido escuro.

Em Tabitah puseram novas formas de vida recém-criadas, criaturas símplices mais de uma exuberância sem fim, as plantas. Tabitah era o jardim dos Deuses, uma fonte que subia de Judah irrigava toda aquela cidade, três rios cristalinos atravessavam Tabitah, o silêncio era quebrando pela suave passagem das águas.