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Frio, é assim mais um dia na cidade do Inverno Eterno, a maioria de seus moradores estão nesse momento aproveitando o domingo, para continuarem em suas casas sendo aquecidos pelas suas lareiras e, uma boa xícara de chocolate-quente. Pórem, sentada na beirada do cais do grande Lago de Cristal, protegida do frio apenas pelo seu vestido azul-claro, de tecido fino, um decote quadrado, seis botões brancos de tamanho médio, distribuidos em pares um ao lado do outro, com mangas que vão até seus pulsos e, sua capa branca presa por um laço em seu pescoço, cobrindo-lhe os ombros, a jovem Celeste permance alí jaz uma hora, apenas a olhar o lago como em todos os doze anos passados. Seus pais foram encontrados no fundo do lago, congelados. Hoje com seus dezoito anos, ela ainda vem visitar o lugar como faz agora.
Seus olhos encaram as águas gélidas do lago, mas o seu olhar é vazio. Por eles, não é possível ler suas emoções tal como, se as janelas de sua alma nem existissem. As íris quase brancas, que fascinam os que já poderam vê-la não permitem-se, mostrar o que se passa na mente da jovem. A morte de seus pais, nunca foi discutida em sua frente por seus avós, ela apenas fora questionada no dia seguinte ao ocorrido, pelos oficiais. Causar o desconforto da menina nunca foi algo que o velho casal quis, sendo assim evitavam ao máximo tocarem no assunto diante de sua presença, ela já havia adiquirido o transtorno de lingaguem durante sua infância, algo que só lhe fazia tornar-se mais tímida e retraída para com as pessoas a sua volta.
Ao longe, o ressoar do sino da catedral inicia sua badalada trazendo Celeste de volta, soltando um grande suspiro apoia-se na beirada do cais para levantar-se, ao ficar em pé estende os braços acima da cabeça alongando-se e, antes que podesse virar-se sente algo chocar-se as suas costas. Devido a força e ao susto do impacto Celeste desiquilibra, indo de encontro as águas gelídas do lago. Pórem, não sabia ela que ao submergir encontraria uma mão estendida para si.
O causador de sua queda era um jovem de sua idade e, muitos centrímetros a mais, com cabelos pretos tal como carvão, um par de olhos castanhos vívidos, sombrancelhas grossas, uma leve porção de sardas sobre as maçãs do rosto e, seu nariz bastante simétrico para com sua face, lábios finos e quase vermelhos, usando um cachecol azul envolto em seu pescoço, vestindo uma calça preta social e uma camisa branca de mangas compridas embaixo do sobretudo preto e calçando sapatos marrons.
Agora dentro d'água, Celeste sentia o frio com toda sua força seus lábios, logo passariam a ganhar uma tonalidade roxa e, seu queixo já começara a bater. Sabendo que era melhor aceitar a mão estendida, ergueu as suas e foi puxada de volta a beirada do cais enquanto, o rapaz depejava-lhe vários pedidos de desculpa.
— Mil perdões, sinto pelo ocorrido - mais uma vez pedia-lhe - acabei me distraindo e tropeçando…
Balançava os fios negros de um lado para o outro, em um gesto de negação enquanto ainda segurava as mãos da jovem encharcada e tremendo de frio. Celeste apenas o fitava, sentindo a temperatura do seu corpo baixando, seu vestido agora grudado ao corpo e, a capa pendurada no pescoço passara a pesar. Devagar soltou suas mãos das que as prendiam, em seguida baixando o olhar desprendeu o laço do pescoço, libertando-se do peso iniciando uma falha tentativa de retirar o excesso de água.
Observando atento, assim como fizera antes de aproximar-se desajeitosamete da jovem de cabelos brancos e, pele tão alva como nunca vira, que viu ao longe enquanto realizava um passeio, retirou rápidamente seu casaco e aproximando mais da garota o pôs sobre seus ombros. Celeste assustou-se com o gesto, olhando para ele e fitando as belas órbitas castanhas, que lhe encaravam com curiosidade.
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Castelo de Vidro
Mystery / ThrillerVidro, um objeto feito apartir da areia, tão belo... frágil... e ao mesmo tempo tão perigoso. Celeste, é assim, exatamante como o vidro, uma jovem que tem a pele e os cabelos tão alvos quanto o leite, de uma beleza encantadora, personalidade forte e...