Violet Hill - Capítulo 1

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"As coisas que eu quero dizer, simplesmente não estão saindo certas.

Estou tropeçando nas palavras, você faz minha cabeça girar, e não sei pra onde ir.."

Lighthouse – You and Me


Nasci e cresci em uma cidade pequena em Massachusetts. Você pode imaginar que minha infância foi tranquila, exceto pelas provocações das crianças na escola por eu ser a única que não tinha mãe. Ela foi embora quando eu tinha 2 anos e meu pai me criou sozinho.

Quer dizer, me criou com a ajuda de uma vizinha, Sra. Bynes, que cuidava de mim pra ele trabalhar ou levava alguma comida para nosso jantar.
Meu pai trabalha numa empresa de cimento. É um homem grande e forte e sempre se esforçou para entender a cabeça de uma filha. Não foi fácil pra ele. Mas aqui estava eu, dando todos os tipos de desafios para a cabeça do meu pai.

Deixem que eu me apresente: Alexandria. Você leu certo. Meu pai me deu este nome em homenagem à cidade em que nasceu. Mas raramente me chamam assim, me chamam de Alex ou Lexi. Alexandria Violet Garth. Esta sou eu.

Tenho uma amiga de infância. A Amelia Harrison. Ela tem uma família fantástica, daquelas de propaganda de seguros. Dois irmãos mais velhos, Gabriel e Lance e uma irmã mais nova, Alice. Vocês podem imaginar meu fascínio ao frequentar a casa dela, uma família linda, grande, sentada ao redor da mesa de jantar compartilhando a vida, as brigas e as ervilhas.

Não me leve a mal. Meu pai era ótimo e as caçarolas da Sra. Bynes igualmente deliciosas. Mas éramos apenas nós. Gabriel e Lance já moravam fora, por causa da faculdade. Gabe era oito anos mais velho que eu e Amelia, ele sempre nos chamou de chatas porque assistíamos desenho atrapalhando seu vídeo game.

Lance era dois anos mais novo que Gabe, muito mais amigável e tranquilo. Os dois sempre estavam na cidade para as datas comemorativas em família.
Amelia e eu éramos muito unidas. Ela sempre expansiva, falante, fazia parte de todos os clubes da escola e era líder de torcida. Morena com os cabelos lisos pelo ombro, tinha sobrancelhas perfeitas e um ar de maturidade que encantava a maioria dos meninos da escola.

Eu, pelo contrário, sempre fui mais tímida e retraída. Entrei para o grupo de corrida porque era o esporte mais solitário que podia existir. Ia correndo quilômetros ao som do meu ipod (geralmente tocando Coldplay ou Kings of Leon).

Sempre fui alta e magra, cabelos compridos e loiros que herdei da minha mãe. Meus olhos azuis vivam meio escondidos nos óculos de grau. Estes herdei do meu pai. Amelia vivia dizendo que eu sou linda, mas honestamente, esse é seu trabalho de melhor amiga.

Brian, namorado de Amelia, é muito doce e gentil. Sempre nos demos muito bem. Claro, Amelia já dormiu com Brian e eu continuo aqui, tendo beijado Tommy Kepner uma vez na vida atrás do prédio da cantina da escola. Sim. Sou patética. Tenho 17 anos e só beijei um cara a vida toda. Nem preciso dizer que minhas experiências sexuais se resumem a escutar Amelia me contando sobre suas transas com Brian.

Lógico que eu sentia vontade. Eu me tocava e sabia que era gostoso. Mas como eu ia fazer sexo sem ao menos saber beijar direito? Me sentia uma freira.

Era Natal, a neve estava caindo branca e fofinha lá fora. Meu pai precisou trabalhar no dia 24 no turno da noite. Os pais me Amelia me convidaram para o jantar, porque ficar sozinha no Natal era algo muito deprimente.

Me arrumei e andei até a casa da Amelia, era relativamente perto, mas quando cheguei parecia um boneco de neve, toquei a campainha fazendo uma dancinha esquisita pra me livrar da neve molhada. A sra. Harrison me recebeu com o olhar carinhoso de sempre, recolhendo meu casaco molhado, touca e cachecol. Tirei as botas de neve e coloquei os sapatos que trouxe na bolsa, e quando arrumei o vestido vi Gabriel parado no final do corredor, me olhando intrigado.

Ele tinha uma expressão surpresa. Acho que fazia mais ou menos dois anos que não nos víamos. O jantar de Natal foi delicioso. Descobri que Gabriel já estava formado e trabalhando em uma empresa de direito institucional. Lance estava prestes a terminar a faculdade e traria seu namorado para conhecer a família em breve.

Começou uma nevasca intensa lá fora. Preocupada comigo, a sra. Harrison me ofereceu o quarto de hóspedes. Vesti um pijama de Amelia e fechei a porta do quarto, sentindo uma inquietação desconhecida. O olhar do Gabriel na porta aparecia na minha cabeça toda vez que eu fechava os olhos pra dormir. Tomada de um sentimento nada familiar chamado coragem, eu levantei da cama e saí pro corredor, sem saber direito pra onde eu estava indo.

No meio do caminho pensei "o que estou fazendo?" e meu corpo paralisou. Fiquei ali no meio do corredor, congelada. Escutei um barulho na escada e vi Gabriel subindo com um copo de água na mão. Pensei em falar alguma coisa mas nada saiu da minha boca. Ele parou na minha frente e antes que pudesse perguntar o que eu estava fazendo ali eu grudei meus lábios nos dele, segurando sua nuca com força. Senti um pequeno choque entre nossos dentes por causa da força que usei.

Aos poucos eu amoleci os lábios e senti a língua dele encontrando a minha. Aquele beijo fez uma onda de calor correr pelo meu corpo e minhas pernas amoleceram. Ele passou o braço ao redor da minha cintura e me juntou a seu corpo. Quente, molhado, firme e carinhoso, aquele beijo foi definitivamente delicioso. Meu coração disparado fez com que eu precisasse respirar, e aos poucos abri os olhos.
Nem sei por que, saí correndo para dentro do quarto e fechei a porta, com a saliva dele ainda quente nos meus lábios e o corpo ardendo de desejo.

VioletOnde histórias criam vida. Descubra agora