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Oliver não levou muito tempo ao despedir-se de Luna e retornar para o castelo de Osen,deixaria aquele lugar e levaria sua mãe e Isadora com ele; mas ao chegar no local,as coisas não saíram como ele esperava. Ao subir a janela de seu quarto,deparou-se com Isadora aguardando-o lá dentro. Estranhou.

-Isa?

O rosto dela estava mais pálido que o habitual e as mãos pequenas moviam-se descontroladamente.

-O rei -Disse a criada -O rei o aguarda na sala do trono.

Mas havia algo mais oculto naqueles olhos âmbar que ela não estava dizendo.

-Onde está minha mãe? -Indagou Oliver.

Isadora não respondeu,baixou os olhos rapidamente para as próprias mãos. Oliver passou por ela como um raio e dirigiu-se para os aposentos do rei,mas não encontrou sua mãe por lá. Disparou pelos corredores,Isadora em seu encalce. A imagem que viu ao chegar na sala do trono foi como um punhal em seu peito,sua mãe de joelhos; uma das mãos sobre a barriga e o horror em seus olhos ao vê-lo.

-O que fez com ela? -A voz de Oliver soou perigosamente passiva,mas seus olhos faíscavam; seu rosto estava transformado pela fúria.

Atrás dele,Isa estava atônita. O rei de Osen segurava uma espada ensanguentada,mantinha-a abaixada; mas ficara claro para Oliver que ele a havia usado em sua mãe,o vestido marrom úmido de sangue manchava a mão dela. Aquilo não poderia estar acontecendo,aquele monstro diante dele não poderia ser seu pai.

-Você ousou invadir meus aposentos e roubar as páginas de meu diário -Disse o rei -Achou que eu não descobriria,meu filho? Você estava cogitando abandonar este castelo,agir contra seu próprio pai!
Oliver respirava com dificuldade,seus olhos deslizavam de sua mãe para o rei e de volta; as mãos em punhos ao lado do corpo.

-Eu lhe avisei,meu filho -Continuou o rei -Lhe avisei para não desafiar seu pai.

-Você.não é.meu pai! -Disse Oliver,entre dentes.

-Sou seu pai -Rebateu o rei,apontando a espada para ele -Quer você aceite isso ou não! É o meu sangue que corre em suas veias e não aceitarei que cogite me trair desta maneira!
A ira no olhar de Oliver brilhava,mas seu rosto suavizou ao voltar-se para sua mãe.

-Deixe minha mãe fora disso. -Pediu.
Sim,pediu. Porque era a vida da pessoa que mais amava naquele mundo que estava em jogo,ele seria capaz de humilhar-se se isso significasse mantê-la a salvo.

-Você pretendia voltar para Beelion -Disse o rei,raiva evidente em seu tom de voz -Pretendia deixar seu pai para retornar para Casser,para um povo que humilhou Osen um dia! Tem noção do que ia fazer?! -Gritou. -Mas não,Oliver; isso não vai ficar assim.

-Deixe minha mãe fora disso! -Disse Oliver novamente -Se quiser me castigar,que castigue,mas não faça mais nenhum mal a ela! Se tocar nela de novo...

-O quê?! -Riu o rei,contornando Beatrisse -Não te ensinaram,Oliver -Continuou -Que quando um filho desobedece o pai,ele deve ser punido? Você me desobedeceu e pior,iria me trair; por isso,sua mãe pagará por seus atos. Esqueça tudo o que viu e que soube na Terra das almas escravizadas,você não levará isso adiante.

Quando o rei se posicionou atrás da mãe de Oliver,ele tentou avançar até o trono para impedí-lo de fazer mal a ela; mas foi rapidamente interceptado pelos Archys presentes na sala,sendo arrastado para longe do patamar do trono.

-Não! É a mim que você quer prejudicar,deixe minha mãe! -Gritou Oliver,sacudindo-se em vão na tentativa de se livrar dos Archys.

-Está enganado,Oliver -Disse o rei -Eu não quero prejudicá-lo,mas ajudá-lo a crescer e para isso você deve aprender que toda escolha tem uma consequência! se escolheu me trair,receberá agora a sua punição.

Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora