Além do Oceano

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*Levi Ackerman*

Depois que o pirralho me trancou na cela, eu pude finalmente descansar. Passei dias sem dormir e agora meu corpo estava cobrando o preço, meu sono foi pesado e tive pesadelos envolvendo sangue e morte. Nada que já não tivesse vivenciado pessoalmente. Dormi pouco, mas intensamente e após uma noite curta de descanso eu tive dificuldades para me levantar. Foram apenas 4 horas de sono e isso não repôs nem dez por cento da energia perdida.

O dia mal tinha começado, mas em breve teria que iniciar os trabalhos que eram de minha responsabilidade em Alcatraz. Ficar um dia a mais no castigo não me livrou do dever de trabalhar, mas antes de iniciar mais um árduo dia de labuta, fomos encaminhados para o refeitório para termos nossa primeira refeição. E lá toda a provocação que me rendeu hematomas e dias de castigo na solitária recomeçaram.

- Então o namoradinho veio te salvar Mil e Onze? Aquele afeminado do filho do diretor deve ser uma puta mesmo para andar assim de quatro atrás de você. - ouço em silêncio o prisioneiro Zeck Reiss. - Acredita Oluo que ele foi até a Cela dos Pelados no meio da madrugada salvar o namoradinho? Hahahaha!

As ofensas de Zeke a Eren fazem meu sangue ferver, mas prefiro ignorar os sussurros desse maldito em minha direção enquanto tomo o meu café no refeitório. Desta vez escolho não ceder às provocações e por mais que me doa ver ele se referindo ao pirralho dessa forma, decido não dar motivos para ser castigado novamente.

- Aquele Jaeger é tão lindo que eu queria ser castigado só para ele ir me buscar também. – os olhos do prisioneiro cujo corte se assemelha ao meu, brilham voluptuosamente. – Imagina os suspiros que ele daria nos meus braços, ou então a maciez daquela pele morena. Aaaah... Hoje ele será o alvo das minhas fantasi... Merda!!! – e é nesse instante que o idiota do prisioneiro chamado Oluo morde a língua. Algo que pelo que já percebi ele faz com certa frequência. Claro que eu preferia ver ele agonizar até a morte a ouvi-lo falando dessa forma de Eren, contudo por hora esse pequeno castigo me deixa aliviado enquanto decido como vou matar esse maldito por fantasiar com o Meu pirralho.

- Você sabe que eles só querem que seja mais uma vez castigado, não é? – a voz grave de Reiner chama a minha atenção. Felizmente ele e Berhold são os únicos sentados comigo a mesa. 

Nos últimos anos o refeitório foi reformado e agora os prisioneiros sentam-se para comer em grupos de quatro pessoas. Antes isso era impossível, já que os refeitórios eram compostos com mesas enormes e éramos proibidos de andar em pequenos grupos, outro fato era que reinava a lei do silencio, os detentos não podiam falar um com o outro, algo que nos últimos anos também mudou. Atualmente o refeitório é um local amplo e para evitar motins existem dispositivos de bombas de gás lacrimogêneo que são ativados sempre que alguém sai da linha.

- Estamos com quase tudo pronto... – o sussurro de Reiner invade meus pensamentos e foco meus olhos nele enquanto dou uma mordida no pão velho que nos é servido todas as manhãs. –... A balsa e os bonecos exigiram apenas mais alguns detalhes e assim podemos usar o momento da música para continuarmos escavando. E com a ajuda do guarda Jaeger com certeza estaremos a um passo de sair desse inferno.

Mantenho meu olhar imparcial diante dos sussurros de Reiner. Berthold que até o momento se manteve calado, resolve se pronunciar de maneira baixa e sutil para que não fôssemos descobertos.

- Se não quiser que ele ajude Levi, vamos entender. Sabemos que ele é importante e que prefere ficar aqui a prejudicar o guarda Jaeger. – as palavras de Berthold são bem condizentes com aquilo que estou sentindo. Em todos esses anos em Alcatraz, o pirralho sempre foi a única razão para eu não desistir e sinceramente eu não seria verdadeiramente livre lá fora sem ele ao meu lado. Eren não concorda comigo, mas sou contra qualquer participação dele em nossa fuga.

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