Do Lado de Fora

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No alto da pequena escada que levaria a seu lar, uma mulher tremia compulsivamente no escuro. A rua estava completamente vazia; já passava das três da manhã. Os sapatos de salto-alto machucavam seus pés pálidos de frio, e seus dentes batiam.

Agarrou sua bolsa vermelha à procura das chaves de casa. Ouvia o tilintar delas conforme remexia por entre suas coisas, mas não as encontrava de forma alguma.

De repente, sentiu algo tocar seu cabelo. Os pelos da nuca se arrepiaram. À luz da lua, as sombras ao seu redor pareciam estar se mexendo. Se permitiu olhar de soslaio para trás, apesar do medo pulsante. Nada. Tudo fruto de sua imaginação. Bufou. Odiava morar sozinha. Tudo que queria era entrar logo, pois sabia que suas paranoias finalmente passariam. O desespero quando chegava tarde em casa era sempre igual.

Sentiu os dedos encontrarem seu chaveiro, e deixou escapar um suspiro aliviado. Procurou a fechadura com a mão e, depois de girar a chave duas vezes, rapidamente se lançou para dentro da residência. Finalmente segura.

Trancou a porta com cuidado e permitiu-se relaxar enquanto andava até o interruptor da sala. Assim que estendeu a mão para tocá-lo, porém, sentiu o toque de outra pele na sua.

- Que bom que encontrou as chaves, moça. - O brilho de um sorriso cruel era visível sob a pouca luz ambiente. - Estava lhe esperando.

Sentindo o estômago afundar em agonia, ela percebeu tarde demais que o perigo nem sempre estava do lado de fora.

Do Lado de ForaWhere stories live. Discover now