As palavras que saíram da boca do médico ressoavam na minha cabeça sem término juntamente com a cena do meu irmão, foram preciso três enfermeiros para seda-lo.
Ele estava descontrolado, desolado e despedaçado.
Eu o entendia, tratava-se de seu primeiro filho e dor nenhuma no mundo poderia se comparar aquela.
Não consegui reconforta-lo, naquele momento ninguém conseguiria.
Já fazia um bom tempo que eu estava naquela posição, escorada naquela parede branca do hospital com os braços cruzados e rezando para que Cassandra conseguisse sobreviver.
Ela ja lutava a um longo tempo por sua vida.Olhei de relance Dominic passar por mim e pousar sua mão brevemente em meu ombro, numa falha tentativa de reconforto ele me sussurrou um "Vai ficar tudo bem!" E então saiu me deixando sozinha.
Como eu queria que as coisas pudessem se resolver com essas quatro palavras, na verdade, as coisas estavam muito longe de ficarem bem.
Mesmo que Cassandra sobrevivesse... não tínhamos certeza se ela ficaria bem, o médico havia me detalhado sobre a gravidade de seu caso e meu irmão precisava se preparar.Não houve um lado vitorioso nessa batalha, apesar dos filhos de Damasceno continuarem respirando enquanto meu irmão ainda nem tinha tido a oportunidade de saber se teria um menino ou menina.
Karma is a bitch.
Nossa família só podia ser amaldiçoada, a criança que Cassandra carregava em sua barriga era inocente e mesmo assim, o destino cruel resolveu lhe tira-la.
Patricio finalmente havia conseguido sua vingança de uma maneira irônica.Assim como Domonic, resolvi dar um tempo daquele hospital, eu já não suportava aquele cheiro impregnado em minhas narinas e com ele vinham recordações dolorosas.
Sai um pouco e o encontrei fumando, ele me ofereceu o cigarro como sempre fazia, o peguei de seus dedos e traguei vagarosamente.— Como ele esta? — Questionou.
— Eu não faço a menor ideia.
— Bem, eu faço... — Me lembrou, baforei a fumaça e engoli minha saliva.
— Ironia é uma merda — Disse olhando a movimentação dos carros — E pensar que isso aconteceu depois daquela data...
— Você não precisa falar. — O interrompi.
— Por que essas merdas acontecem com a gente? — Ele questionou, lhe devolvi o cigarro e agora ele o tragava.
— Fomos amaldiçoados. — Conclui abrindo um sorriso sem humor.
— Começo a acreditar que sim.
— Você sabe o que vem em seguida não sabe Dominic?
— Sangue vai jorrar. — Ele concluiu.
— Apesar do que aconteceu com Cassandra, as coisas correm bem.
— Por que diz isso? Você devolveu a maldita filha do turco.
— Foi a melhor forma que encontrei para tentar evitar o que aconteceu, não se esqueça... mas ela é irrelevante, assim como Demetrio. Os dois outros filhos de Damasceno são os únicos que me preocupam.
— Hélio e Bjorn? — Ele questionou confuso — Por que?
— São dois degenerados, não tem medo da morte e são capazes de tudo para alcançar seus objetivos. — Expliquei.
— Pessoas que não tem medo de morrer são as mais perigosas Victória.Assenti com a cabeça concordando e em seguida voltei pra dentro do hospital, me encaminharam para o quarto onde Kaleb estava, ele estava sentado na cama observando o telefone celular em cima da mesa.
— Ele vai pagar caro — Sentenciou olhando o celular com fúria.
— Foi Lorenzo, Vic, indiretamente mas ainda assim foi ele.
— Do que esta falando?
— Eu te disse que enviaria Cassandra para um local seguro.Assenti com a cabeça.
— Acontece que as únicas pessoas que sabiam desse lugar eram meu sogro e eu.
— Como Enzo entra nessa história ?
— Ele também sabia da existência porém não sabia da localização.
— Você acha que ele sugeriu a Demetrio...
— Aquele merdinha — Resmungou com um sorriso sombrio — Só me resta saber como convenceram meu sogro a entregar a própria filha. — Kaleb ponderou.— Você precisa descansar, deixe esse assunto pra depois. — Pedi tentando adiar o que quer que ele planejasse fazer agora.
— EU NÃO... — Kaleb berrou e se auto interrompeu moderando o tom da voz — Eu não quero descansar, quero me vingar!Soltei um longo suspiro.
— Agora não é o momento. — Tentei convence-lo.
— NÃO FOI VOCÊ QUEM PERDEU UM FILHO. — Gritou determinado a passar por mim ja levantando, o empurrei de volta pra cama e tentei fazer com que ele ficasse ali, embora ainda estivesse um pouco sedado Kaleb continuava forte, ele me empurrou com força, me desequilibrei e acabei caindo, batendo minha cabeça de leve no pequeno móvel próximo a televisão do quarto, assim que viu o que tinha me feito ele parou imediatamente e me ajudou a levantar implorando meu perdão.— Tudo bem Kaleb — Falei me levantando, tateei minha cabeça e observei minha mão, havia um pouco de sangue, ele se desesperou e encolheu-se na cama de forma catatônica.
— Vic eu não queria, me perdoa... — Disse desolado, me aproximei dele já em pé.
— Tudo bem!
— Esqueça isso.
— Estou ficando louco... eu só machuco as pessoas.
— Não fale besteiras.
— Me perdoa por favor!
— Ja mandei esquecer. Quando eu falei que esse não era o momento, falei porque sua mulher esta lutando pela vida e ela precisa que você fique aqui e transmita energia positiva.
Vingança não é a sua prioridade agora.Ele desabou e então eu o abracei mesmo que ele não retribuísse.
— Vai ficar tudo bem Kaleb. Vai ficar tudo bem! — Menti.
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II Livro Mafiosa - Ascensão (Sem Revisão)
General FictionEle estava morto e antes de fechar os olhos, ele havia lhe sussurrado ao ouvido o seu ultimo pedido. Em um passado não muito distante, ela aceitaria sem o menor problema. Era tudo o que ela mais queria. Entretanto, aquele "sonho" já não fazia o meno...