Dezenove homens cavalgavam por terras distantes, ainda pertencentes ao reino. Um deles era o príncipe, e, sabendo ele que o inverno se avizinhava, procurava realizar uma última expedição através do vasto e inabitado Norte.
Seis colinas os rodeavam naquela paisagem inóspita, e à frente elevações rochosas maiores ainda se faziam ver em todo espaço. Era desanimador ver apenas o nada diante dos sonhos do príncipe para mais grandezas ao seu reino.
Contudo, não era hora de voltar, e nem mesmo quando os cavalos começaram a agir de modo anormal. O inverno estava a caminho, e rapidamente, mas ao contrário de isso ser-lhe algum tipo de desculpa para se enfiar nos mantos quentes em seu castelo enquanto o seu povo morria de frio e de fome, era-lhe mais um impulso para prosseguir.
Hengst, como era chamado o corcel vermelho do príncipe, o mais rápido daqueles, foi o primeiro a empinar. Os demais fizeram o mesmo logo depois.
— Arqueiros! — o príncipe ordenou com sua voz grave e imponente.
Quatro dos cavaleiros puxaram os arcos. O nobre impunha uma mão na longa espada, enquanto dirigia um olhar minucioso àquelas pedras cinzentas; destemido a uma flechada no peito.
Mas não fora uma ponta de aço e um cabo de madeira que viera ao seu coração. Algo atordoante impulsionou a desconfiança. Uma pequena e dançante luz azul reluzia sobre sua armadura. Olhou para os seus homens e neles viu aparentes insignificantes luzes vermelhas.
Nos segundos posteriores não houve tempo para o nobre decidir o que fazer. Ele sequer compreendeu o barulho explosivo e os oito lampejos que se propagaram daquela colina. Viu seus homens caindo sem sequer um esganiço ser dado ou uma flecha ser atirada.
Os dezenove cavalos partiram em disparada, deixando um homem espantado de pé. A luz azul dançante permanecia sobre ele e, em seguida, algo invisível atingiu seu pescoço. Não foram necessários mais que cinco segundos para ele apagar.
Piscou os olhos ao recobrar ínfima parte de sua consciência. Soube que estava deitado de costas, com muito frio — provavelmente despido —, e uma escuridão completa o rodeando. Experimentou algo flamejante e pontudo sendo enfiado na sua coluna, e então se foi.
Pálpebras abertas mostravam cintilantes olhos prateados. Fogo ainda consumia sua mente. Uma enxurrada de lembranças de algo tão distante o acometera. Um único e complexo propósito surgira.
Ele se levantou, caminhou até o balcão de prata e às caixas repletas de materiais metálicos. Tomou a seringa contendo um líquido azul vívido — como seus antigos olhos — e, sem demora, o injetou nas pupilas. O nobre vestiu-se devidamente e partiu do silencioso e obscuro lugar.
Encontrou seu cavalo. Cavalgou de volta ao reino. Quando o inverno chegou, uma notícia correu as ruas escuras da capital: "O Rei está morto. O Príncipe assumira o Trono".
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IMUNE | A Teia Do Fim | Livro I
Science FictionCom a chegada de supostos alienígenas à Terra, um adolescente tenta cumprir o último pedido de sua mãe: "Proteja sua irmã". "Ela estava lá, bem a cima de nós. Todos a viram. Gigantesca. Vinda de alguma parte da vastidão do universo. Eles chegaram, a...