POV MELANIE LANCASTER
Desanimada sentei no banco da praça em frente ao quarto restaurante que fui. Preciso de um emprego urgente para ajudar a pagar o tratamento do câncer de meu pai. Eu estou cursando o segundo ano da faculdade de gastronomia. Sim, eu só tenho 20 anos, e estou com uma responsabilidade enorme nas costas. Além de estar com dificuldades financeiras, estou muito abalada com a chegada inesperada da doença de meu pai. Mas, agora, procuro emprego para sobreviver, já que meu pai não tem mais condições de trabalhar. Levantei do banco e parti para o próximo restaurante, vamos à busca!
Dez minutos depois, parei em frente à porta do restaurante japonês mais famoso da cidade. Suspirei e abri a porta. Caminhei lentamente até o balcão e algumas pessoas mantinham o olhar em mim, me deixando constrangida.
- Com licença, eu gostaria de saber se estão procurando assistentes de cozinha. - disse para o japonês que cortava o peixe habilidosamente.
- Se tivesse vagas abertas, eu com certeza não daria ela a você. - arregalei os olhos com tal arrogância. - Por acaso você suja essas mãozinhas com peixe? - apenas assenti. - Pois eu duvido muito. - olhei para baixo e abri a boca algumas vezes em busca de falas, mas elas não vinham. Ergui a cabeça, olhei ao meu redor e todos nos olhavam, alguns com expressões assustadas, outras com expressões cômicas.
- Uma coisa que eu aprendi foi que não devemos tirar conclusões precipitadas sobre alguém, eu posso ter essa carinha de menina mimada, mas você não sabe da metade das coisas que acontecem comigo. Eu sei cortar um peixe, eu sei cozinhar e eu também sei que pessoas como você devem ser ignoradas, muito obrigada pela atenção. - sorri falso e caminhei até a saída do restaurante. Senti uma lágrima cair de meus olhos e a limpei rapidamente. Peguei minha lista de estabelecimentos e risquei esse que acabara de sair. O próximo era de comida italiana, espero que...
- Mocinha? - uma mulher baixinha dos olhos azuis interrompeu meus pensamentos.
- Oi? - a olhei. Ela é baixinha, mas sou do tamanho dela.
- Eu ouvi que você precisava de um emprego, e eu preciso de uma cozinheira na minha casa. Será que você está interessada? - sorri instantaneamente.
- Eu aceito.
- Vamos para minha casa acertar os detalhes? - assenti.
Pegamos um táxi e dez minutos depois paramos em frente uma mansão enorme, simplesmente a maior casa que eu já vi em minha vida. Eu sei que não deveria sair por aí com uma estranha pra um lugar que eu não conheço, mas ela não aparentava que poderia fazer algum mal a alguém. Entramos e fomos para o escritório. Aquela casa era maravilhosa, parecia um castelo, todos os cômodos muito bem mobiliados.
- Qual seu nome? - a mulher perguntou.
- Melanie, Melanie Lancaster. E o da senhora?
- Sem senhora, por favor, meu nome é Pattie. - demos as mãos. - Minha proposta é que você passe a semana inteira aqui, inclusive dormindo aqui. Você precisará cozinhar em todas as refeições, e fazer alguns serviços de casa caso preciso. Nos fins de semana você será liberada. Nesta casa tem quartos especiais pra empregados, então você se instalará em um deles. Você vai ganhar cerca de 6 mil dólares por mês - arregalei os olhos com o salário enorme -. O que acha?
- Eu vou pra casa conversar com meu pai, ver o que ele acha, eu te ligo ainda hoje informando uma resposta, pode ser?
- Claro, anote meu telefone.
✻✻
Peguei o primeiro ônibus para minha casa. Sentei na poltrona colocando meus fones e encostando a cabeça no encosto. Era uma resposta irrecusável, com aquele salário enorme eu poderia pagar o tratamento do meu pai, mas eu não iria vê-lo durante a semana, caso ele precisasse de mim eu não poderia socorrê-lo na hora, já que eu ficaria a semana inteira naquela casa. Minha mãe nos deixou quando eu tinha apenas cinco anos, tenho vagas lembranças dela, eu nunca entendi ao certo o motivo, e meu pai nunca me explicou ao certo, eu o entendo. Desci do ônibus e caminhei alguns metros até minha casa. Entrei e procurei meu pai em todos os cantos, enfim o encontrei em seu quarto.
- Oi, pai. - sentei na beirada da cama. Ele se sentou para me olhar.
- Oi, filha. Então como foi? - podia ver em seu olhar o quanto ele estava chateado por eu ter que trabalhar tão cedo e perder minha adolescência como ele mesmo dizia. Mas eu estava disposta a fazer isso por ele, o responsável por eu estar bem e aqui hoje, ele nunca deixou que faltasse alguma coisa pra mim, e sou muito grata por isso.
Contei tudo desde o começo, desde as primeiras falhas até a proposta de Pattie.
- O que você acha? - perguntei.
- Aceite.
- E se acontecer algo com você?
- Eu ligo para a ambulância, você sabe que hospital eu vou. - suspirei.
- Tudo bem, qualquer coisa eu me demito, e procuro um novo emprego. Você tem que me prometer que vai se cuidar.
- Eu prometo.
- Vou ligar todos os dias, ok? - ele assentiu. - Vou te deixar descansar, vou para meu quarto, qualquer coisa grite meu nome. - ele sorriu.
Levantei da cama e fui até meu quarto. Rosa. Meu quarto é rosa, algumas vezes eu enjoo da cor, mas eu gosto. Estava impecavelmente arrumado, com os bichos de pelúcia nas prateleiras, acompanhados das bonecas, mais abaixo a escrivaninha com meu computador estava arrumada também. Ao lado havia um mural de fotos, minhas com meu pai, com minha mãe, com minha melhor amiga, Julie, havia esquecido de ligar pra ela. Peguei meu celular discando seu número em seguida, tocou três vezes e ela atendeu.
- Você me esqueceu. - ela disse chorosa.
- Não esqueci, é que eu fui procurar emprego hoje.
- Como foi?
- Consegui, preciso ligar de volta para minha chefa.
- Que bom amiga!
- Só que eu terei que ficar a semana inteira lá, inclusive dormir.
- Não tem problema, damos umas fugidinhas a noite. - gargalhei. - Lembra-se do meu namorado? Que eu te falei?
- Lembro. Mas qual deles mesmo? - disse pra provocar, Julie vivia trocando de namorado.
- Justin, idiota.
- Sim, lembro.
- Nós vamos sair hoje à noite, e ele vai levar Christian seu amigo.
- Deixa eu adivinhar, você quer arranjar outro namorado pra mim? - ela tinha essa mania, quando ela namorava eu tinha que namorar também, então ela procurava mil meninos pra ficar comigo, mas nenhum deu certo.
- Vocês só vão se conhecer, ah, por favorzinho? - bufei.
- Tudo bem, Julie. Que horas vai ser?
- As oito no Spaguetti Paradise.
- Ok.
- Já disse que te amo?
- Tchau Julie. - desliguei.
Aproveitei que meu celular estava ligado e já liguei para Pattie.
- Alô. - disse uma voz grossa e rouca do outro lado da linha, que atendeu de forma grosseira.
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O Namorado Da Minha Melhor Amiga
FanfictionNão estava procurando alguém, não estava querendo ação na minha vida dramática, eu apenas queria um emprego. Você chegou e acabou me fazendo ter sentimentos tentadores e inesperados. Não precisava desse amor agora, eu não queria. É errado, jamais po...