•| Irmãos McDemott - Livro 2
➜ +16 • A história aborda violência (física, psicológica e sexual), ataque de pânico e palavras de baixo calão.
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ANGEL B...
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Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha — algo que virou mania quando estou nervosa —, sinto-me tímida diante da intensidade presente em seus olhos. Pior ainda, sinto como se fosse uma adolescente que está na frente de seu "crush" da escola.
— Está tudo bem?
Precisei quebrar o silêncio, estava constrangedor demais.
— É... — Passa mão por seus cabelos, curva o canto da boca, ele parece quase tímido. — Estou bem e você?
— Agora estou melhor — respondo espontaneamente.
Dominic, sendo esperto, logo compreende minha resposta. Sua expressão se torna preocupada.
— O que aconteceu?
— Apenas me senti um pouco indisposta no trabalho. Nada demais. — Dou de ombros, não quero preocupá-lo ainda mais.
— Nada demais? Se você não se sentiu bem, não é algo que deve ser desconsiderado. Vocês estão bem? — Seus olhos se fixam na minha barriga, de forma automática trago a mão até ela.
— Agora estamos.
Sorrio, e isso parece convencê-lo. Embora não deva desconsiderar a forma como meu peito se aquece ante sua preocupação genuína.
— Podemos nos sentar aqui? — Aponta para a calçada.
— Tudo bem.
Estamos sentados lado a lado, e ele não disse nada ainda, ou o verdadeiro motivo cujo qual o trouxe até nossa casa. Não devo ser tão ingênua ao pensar que veio apenas me ver.
— Sei que deve estar confusa. Mais uma vez precisava te ver. — Abro a boca várias vezes, mas nenhuma palavra escapa. Diante do silêncio, ele continua: — Estava na casa do meu irmão. Hoje meus sobrinhos ficaram até tarde, mas se não me engano a essa hora ele deve estar os levando para o orfanato.
Sua atenção está no relógio em seu pulso, contudo, não é isso que desperta minha curiosidade. Antes que possa controlar, pego sua mão e acaricio com o polegar os machucados.
— O que aconteceu?
— Não foi nada.
— É algo — retruco suavemente. — Pode me contar?
— Estava treinando com os seguranças, fazemos isso de vez em quando.
— Treinou com eles? — Indico com a cabeça os homens dentro do carro.
— Isso é necessário? — Acabo de perceber que não gosto que ele se machuque, continuo acariciando sua mão, seu toque não me causa repulsa nesse momento.
— Às vezes é bom, para liberar um pouco a frustração do dia a dia. Isso é algo que meu pai ensinou para a gente, sabemos nos defender sozinhos, mesmo tendo seguranças.
— Compreendo. — Solto sua mão, com um pouco de relutância.
— Você estava dormindo?
— Oh, estava quase. — Inclino a cabeça para conseguir observar o céu, essa noite está estrelada, algo lindo de se admirar. — Minha mãe me acordou um pouco assustada. Não recebemos muitas visitas — alfineto. — Achamos que poderia ser dona Lúcia.
— Lúcia?
— Nossa vizinha. — Aponto para a casa ao lado. — Ela nos ajudou muito desde que chegamos.
— Não chegaram a pensar que poderia ser eu?
— Não... Depois que você foi embora parecendo tão transtornado, pensei que não o veria mais — confesso, e não tenho coragem de encará-lo.
— Você acaba de machucar meu coração, Angel. — Impossível segurar o sorriso ante seu drama. — Não tem dó deste pobre homem?
— Para. — Bato meu ombro no seu, e ele apenas sorri.
— Confessa, vai. Sentiu falta do meu drama — diz galante.
— Não. — A seriedade em minha voz faz seu sorriso cair um pouco, começo a gargalhar.
— Isso não se faz, princesa. Acabei de sentir trezentos tipos de medo.
— Essa é nova.
— Gosto de inovar.
— Claro! Você não seria o Dominic se não inovasse a cada drama — alfineto.
— Acertou, parabéns! — Bagunça meus cabelos, e desfiro um tapa na sua mão. — Mulher brava.
— Muito.
— Que tal jogarmos?
— Que tipo de jogo? — pergunto, desconfiada.
— Não é nada horrível. Temos algo em comum, o amor pela leitura. Vou falar uma citação e você me diz o nome o livro ou autor, e vice-versa. Topa?
— Sim! Só queria deixar claro que não lembro de muitas.
— Serei bonzinho. — Pisca um olho, galanteador.
— Você começa.
— Tudo bem. — Ele pensa por alguns minutos. — Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar.
— Hum, se não estou enganada, isso é uma citação de Harry Potter. Só não me lembro qual livro.
— Acertou, é de Harry Potter, precisamente de Relíquias da Morte. — Noto o orgulho em sua voz. — Sua vez.