Capítulo • 19

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Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha — algo que virou mania quando estou nervosa —, sinto-me tímida diante da intensidade presente em seus olhos

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Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha — algo que virou mania quando estou nervosa —, sinto-me tímida diante da intensidade presente em seus olhos. Pior ainda, sinto como se fosse uma adolescente que está na frente de seu "crush" da escola.

— Está tudo bem?

Precisei quebrar o silêncio, estava constrangedor demais.

— É... — Passa mão por seus cabelos, curva o canto da boca, ele parece quase tímido. — Estou bem e você?

— Agora estou melhor — respondo espontaneamente.

Dominic, sendo esperto, logo compreende minha resposta. Sua expressão se torna preocupada.

— O que aconteceu?

— Apenas me senti um pouco indisposta no trabalho. Nada demais. — Dou de ombros, não quero preocupá-lo ainda mais.

— Nada demais? Se você não se sentiu bem, não é algo que deve ser desconsiderado. Vocês estão bem? — Seus olhos se fixam na minha barriga, de forma automática trago a mão até ela.

— Agora estamos.

Sorrio, e isso parece convencê-lo. Embora não deva desconsiderar a forma como meu peito se aquece ante sua preocupação genuína.

— Podemos nos sentar aqui? — Aponta para a calçada.

— Tudo bem.

Estamos sentados lado a lado, e ele não disse nada ainda, ou o verdadeiro motivo cujo qual o trouxe até nossa casa. Não devo ser tão ingênua ao pensar que veio apenas me ver.

— Sei que deve estar confusa. Mais uma vez precisava te ver. — Abro a boca várias vezes, mas nenhuma palavra escapa. Diante do silêncio, ele continua: — Estava na casa do meu irmão. Hoje meus sobrinhos ficaram até tarde, mas se não me engano a essa hora ele deve estar os levando para o orfanato.

Sua atenção está no relógio em seu pulso, contudo, não é isso que desperta minha curiosidade. Antes que possa controlar, pego sua mão e acaricio com o polegar os machucados.

— O que aconteceu?

— Não foi nada.

— É algo — retruco suavemente. — Pode me contar?

— Estava treinando com os seguranças, fazemos isso de vez em quando.

— Treinou com eles? — Indico com a cabeça os homens dentro do carro.

          

— Sim.

— Isso é necessário? — Acabo de perceber que não gosto que ele se machuque, continuo acariciando sua mão, seu toque não me causa repulsa nesse momento.

— Às vezes é bom, para liberar um pouco a frustração do dia a dia. Isso é algo que meu pai ensinou para a gente, sabemos nos defender sozinhos, mesmo tendo seguranças.

— Compreendo. — Solto sua mão, com um pouco de relutância.

— Você estava dormindo?

Oh, estava quase. — Inclino a cabeça para conseguir observar o céu, essa noite está estrelada, algo lindo de se admirar. — Minha mãe me acordou um pouco assustada. Não recebemos muitas visitas — alfineto. — Achamos que poderia ser dona Lúcia.

— Lúcia?

— Nossa vizinha. — Aponto para a casa ao lado. — Ela nos ajudou muito desde que chegamos.

— Não chegaram a pensar que poderia ser eu?

— Não... Depois que você foi embora parecendo tão transtornado, pensei que não o veria mais — confesso, e não tenho coragem de encará-lo.

— Você acaba de machucar meu coração, Angel. — Impossível segurar o sorriso ante seu drama. — Não tem dó deste pobre homem?

— Para. — Bato meu ombro no seu, e ele apenas sorri.

— Confessa, vai. Sentiu falta do meu drama — diz galante.

— Não. — A seriedade em minha voz faz seu sorriso cair um pouco, começo a gargalhar.

— Isso não se faz, princesa. Acabei de sentir trezentos tipos de medo.

— Essa é nova.

— Gosto de inovar.

— Claro! Você não seria o Dominic se não inovasse a cada drama — alfineto.

— Acertou, parabéns! — Bagunça meus cabelos, e desfiro um tapa na sua mão. — Mulher brava.

— Muito.

— Que tal jogarmos?

— Que tipo de jogo? — pergunto, desconfiada.

— Não é nada horrível. Temos algo em comum, o amor pela leitura. Vou falar uma citação e você me diz o nome o livro ou autor, e vice-versa. Topa?

— Sim! Só queria deixar claro que não lembro de muitas.

— Serei bonzinho. — Pisca um olho, galanteador.

— Você começa.

— Tudo bem. — Ele pensa por alguns minutos. — Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar.

Hum, se não estou enganada, isso é uma citação de Harry Potter. Só não me lembro qual livro.

— Acertou, é de Harry Potter, precisamente de Relíquias da Morte. — Noto o orgulho em sua voz. — Sua vez.

Aprendendo a Amar (02) | ✓Where stories live. Discover now