🥤2. Milk-Shake

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Katherine estava no banheiro tomando um banho gostoso e demorado, quando ouviu seu celular tocar. Não quis atender. Se fosse a polícia, que ela tenha seu último banho gostoso. Franziu o rosto quando percebeu que o toque havia sido interrompido. Saiu do banho rapidamente, praticamente saindo do transe. Abriu a boca em choque quando viu que Adam tinha atendido.

-Claro... A gente já está indo.

-O que pensa que está fazendo? -gritou Kat quando o menino desligou a ligação.

-Era sua mãe, Kat. Eles acharam. Eles acharam o corpo.

Por mais que Katherine já sabia que isso iria acontecer, ou provavelmente já teria acontecido, ainda foi um choque. Se sentiu no transe de novo, como se o chão tivesse indo embora, e a deixasse ali, flutuando. Relembrou todos os acontecimentos que a levaram até ali.

Flashback

-Eu já te falei! Ele não serve para você! Deixa ele em paz! Você sabe que ele sempre vai gostar da Harriet.

Katherine estava andando tranquilamente na rua. Não quis ir para aula, então estava vagando sem rumo pelas ruas. Clarissa tinha ligado para a menina, eufórica pelo fato de Gabriel Cooper não ligar para ela.

Gabriel Cooper era o menino mais popular da escola. Capitão do time de futebol, tem o carro mais chique, e também era forte e lindo. Gabe era ruivo, com olhos castanho-claro e só usava blusa apertada, para mostrar seus músculos e seu braço definido. Realmente, Kat não sabia o porque dele ser o mais popular, sendo que não era o mais bonito. Mas, pela primeira vez na vida, ela agradece pelo fato de não estar em uma escola que tenha regras de quem é mais bonito.

Desde quando viu ele pela primeira vez, Clarissa se apaixonou na hora. Sempre teve uma queda por ruivos. Um dia, ela teve essa ideia louca de pintar o cabelo dela de vermelho alaranjado. Kat teve que dormir na casa dela para impedi-la de fazer essa loucura. Sabia muito bem que ia se arrepender depois.

-Para de me falar isso! Machuca mais! -ela disse, manhosa. -Quero você aqui, pelo amor de Deus. A próxima vez que você matar aula e não me chamar, eu conto pra sua mãe, menina perfeitinha.

Clarissa tinha dado esse apelido logo depois de descobrir o que a mãe da morena acha quem ela é. Não que ela seja uma menina que usa drogas, faz coisas erradas, e tudo mais. Mas tem essa pequena mania de sair escondido a noite, para ir para festas. Mas claro, quem não faz isso?

-Não se preocupe, a menina perfeitinha aqui, vai te chamar sempre.

Antes que pudesse ouvir qualquer resposta da loira, alguém esbarra em Kat, fazendo-a deixar o celular cair de sua mão. Mas a pessoa não só esbarrou nela, como derramou todo o seu milk-shake de morango em cima da menina. Fechou os olhos, incrédula. Não queria ver a cena. Não queria ver o seu cabelo grudento e rosa, não queria ver o estado de que seu uniforme de escola branco estava encharcado. Tudo o que queria era voar em cima da pessoa.

-Meu Deus... Me desculpe, sério. Eu não... -estava todo fofo se desculpando, mas aí viu a expressão da menina. Ela estava furiosa, pronta pra voar em cima dele. O menino se recompôs, ficando na defensiva. -A culpa na verdade é sua, você que estava aí andando distraidamente.

Isso fez a fúria de Kat aumentar ainda mais. Mas, como não estava em seu melhor estado, limpou seus olhos, que tinham caído gotas de milk-shake e olhou para ele.

O menino em sua frente tinha cabelo preto, um pouco de barba, e olhos negros. Muito negros. Mas super desenhados. Kat podia encarar aqueles olhos para sempre. Mas aí lembrou.

-Meu Deus... Como eu vou para casa nesse estado? O que vou dizer para minha mãe? Eu nem devia estar aqui! Eu estou matando aula! Minha mãe... Ela acha que estou na aula! -Kat estava gritando, desesperada. O menino estava confuso, sem saber o que fazer. Mas não por muito tempo.

O menino pegou em seus braços gentilmente, tentando acalmar a fera.

-Ei... Calma. Eu posso dar um jeito. Eu que derramei, eu que tenho que limpar, né? -ele sorriu levemente, mas Kat franziu o cenho, confusa. Quando percebeu o que disse, o menino balançou a cabeça em negação. -Não, não... Não é isso que... Não... -ele se recompôs de novo, como se fazer aquilo não fosse ele. Mas Kat podia sentir que ele estava tão desconfortável quanto ela. -Podemos ir no hotel, para você se limpar. Mas é só pra você se limpar. -completou, antes que a morena pensasse alguma coisa.

-Você está louco? Eu nem te conheço!

-Tá falando isso, mas era você que tava se abrindo aí agora a pouco, para um estranho. -a menina bufou. Ela odiava isso, mas não conseguia controlar. Quando não tinha o que falar, ou estava descontrolada, acabava soltando tudo. Ela preocupava se, um dia estivesse bêbada, é capaz até de liberar sua senha do cartão no Twitter. -Meu nome é Adam, estou no Hotel Palace Central, e é tudo o que precisa saber.

Ao contrário da Katherine, o tal menino, Adam, era muito fechado. Isso fez despertar um certo interesse na morena, uma curiosidade estranha. Por impulso e sem pensar, acabou aceitando a proposta.

-Mas, antes de qualquer coisa, tenho que avisar que tenho namorado. -disse Kat, já cortando qualquer ideia que o menino poderia ter.

-Antes de qualquer coisa, tenho que avisar que não ligo. -retrucou Adam, andando na frente e abrindo o carro.

Seu coração começou a acelerar, já tinha escutado várias histórias sobre meninas que morriam ou foram estupradas, e sempre começou assim. Com a menina entrando no carro. Mas, por algum motivo, se sentia segura. Sentia que aquele cara não era qualquer um. E teve um breve sentimento, de que esse dia, não seria o último dia que ia vê-lo.

Fim do Flashback

Ouvir o barulho do freio do carro fez Katherine pensar o que ela estava fazendo ali. Encarou a rua vazia, onde costumava brincar com seus vizinhos, quando sua vida era boa. Quando era feliz. Fixou o olhar no carro da polícia estacionado em sua frente. Sua respiração acelerada chamou a atenção de Adam. Tomou um susto quando ele tocou em sua mão. Ele percebeu e tirou a mão na hora. Kat deixou claro que não havia superado os acontecimentos da noite passada. Que não estava pronta para ser tocada.

Mas tinha que ser forte. Tinha que fingir que estava tudo bem, fingir que não fazia ideia de que Ben tinha morrido. Não era fácil para ela, mas para o menino sim. Ele já estava em sua pose defensiva que mostrava para todo mundo, seus olhos mostravam nenhuma expressão, mas, quando olhou para Kat, ela viu. Mais um pouco e ela via a alma dele. Sua alma negra, destruída, cansada. Só a menina conseguia ver. Só a menina sabia que, por trás daquela pose defensiva, tinha um homem frágil, quebrado. Tinha o amor da sua vida, a pessoa que sempre esteve lá por ela, nos momentos bons e ruins. Com esses pensamentos na cabeça, Kat envolveu o rosto de Adam com as mãos, e deu um beijo demorado nele. Não um beijo de despedida, mas um beijo de agradecimento.

-Eu te amo... -disse aos sussurros

-Eu também te amo... -respondeu ele

Os dois sairam do carro logo em seguida. Pararam em frente a porta e se olharam uma última vez antes de entrarem na casa.

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Oiii, espero que estejam gostando da história, porque vão vir muitos mais problemas por aí! O estilo da história vai ser assim mesmo. O presente são os acontecimentos depois da morte de Ben Denver, mas haverá flashbacks importantes em cada capítulo. Novamente, espero que gostem! ❤️

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