capítulo 24

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Fernando entendia que a situação era complicada. Mas a culpa de não saber nada do passado de sua esposa estava começando a se tornar um fardo muito pesado. Foi quando se lembrou do que o levou a fazer aquela viagem. Fernando estava transtornado, se culpando e culpando a Deus por tudo o que tinha acontecido com eles. Foi quando ele decidiu andar pelo hospital, para esparecer um pouco, e fazer os exercícios que o médico havia recomendado. Como ele não poderia subir as escadas, ele dava voltas no corredor. Ali havia um senhor sentado que, agoniado com o que Fernando fazia, perguntou:

- Meu jovem, você está bem? Por que você está andando de um lado para o outro?

- por dois motivos: primeiro, porque estou nervoso. Segundo: O médico me deu esse exercício.

- Faz bem em obedecer ao médico, mas não deve fazer isso na hora da raiva, se não vai apenas o machucar mais, ao invés de ajudá-lo.

- Verdade, mas não consigo me conter, estou explodindo por dentro.

- O que aconteceu para você estar assim, meu jovem?

- Eu e minha esposa sofremos um acidente de carro, eu me machuquei como pode ver. Mas ela perdeu o nosso filho e a memória.

Sinto muito, deve ser complicado estar nessa situação.

- Só estando mesmo para saber. Mas e o senhor, por que está sentado aí todo esse tempo?

- Eu estou esperando a minha mulher e a minha filha. Elas também sofreram um acidente de carro, só que não tiveram a sorte da sua esposa.

- Por que elas não tiveram a mesma sorte? Minha esposa que perdeu tudo.
O senhor pode levar as duas para a casa e tudo vai ficar bem.

- Elas morreram! A sua esposa vai voltar, mas a minha não.

- Sinto muito.

- Não por isso, meu jovem, está tudo bem.

- Como está tudo bem? Elas não irão voltar.

- Eu sei, mas agora elas estão em um lugar muito melhor.

- Como assim?

- Você acredita em Deus?

- Eu acredito sim, inclusive estou indo em uma igreja.

- Você, pelo jeito, é novo na fé.

- Sou sim, comecei agora, eu fiz uma viagem para contar isso à minha esposa, e esse acidente aconteceu.

- Por que você teve que fazer uma viagem para falar isso? Vocês iam comemorar a sua decisão?

- Na verdade, foi só para ela não ir embora, sem me deixar terminar de falar.

- Ela não é da fé?

- Ela odeia igrejas. Eu não sabia o que dizer. Então, decidiu fazer uma viagem, assim ela não teria como fugir.

- Ela pegou o carro e fugiu?

- Ela acabou me entendendo, só pediu para eu não obrigá-la a ir, ou ficar falando disso com ela.

- Você concordou?

- Sim! Estávamos bem, foi realmente um acidente o que aconteceu, uma fatalidade.

- Então por que a raiva?

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