< Jess, meu amigo pegou meu celular e viu tua foto. Ele quer te conhecer, posso passar teu número pra ele? >
- Jéssica, chegou mensagem de Janaína no teu celular. – falou Paula, lendo a mensagem enquanto eu fazia o arroz da semana – E é sobre boy! Menina vê se agora agarra esse.
- Que mania ridícula de ler minhas mensagens. – falei irritada, enquanto ia à sala buscar meu celular.
- Ah, tu deixa aqui dando bobeira, olho mesmo. Bloqueia logo essa merda.
Ela não queria me devolver o celular. Estava digitando para Janaína.
- Me passa esse cacete logo! – disse, irritada.
- Jéssica, o arroz está queimando! – Clara saiu do corredor para a cozinha, pra desligar o fogão.
- Chegooooou! Lalala... – Paula me entregou o celular rindo bastante, sentada no chão vendo TV envolta de suas coisas de manicure.
- Queimou? – perguntei à Clara, aflita.
- Queimou. Não sei pra quê esse desespero por causa de uma mensagem no WhatsApp. E eu não aguento esse palavreado. Eita boca podre.
- Invasão da minha privacidade. – argumentei.
- Tá, mas ela já tinha lido. Não precisava queimar o arroz por causa disso. Agora vai ter que resolver isso aqui, e eu estou indo pra casa. E cuida de lavar a boca a também.
- Ah, saco! Você é paciente demais, Clara.
- Tchau, Jéssica. Vamos, Paula.
- Oxe, vou nada! Só vou quando acabar de pintar as unhas.
- Bem, eu estou indo. Marcos vai fazer um exame e eu tenho que ir acompanhá-lo. Espero que as duas não se matem. – Clara se despediu – E Jéssica se dê uma chance de queimar seu coração com uma paixão.
- Tu e tuas frases. Tchau!
Clara saiu. E estava estranha. Não sei se chateada com minha irritação, se era preocupação com seu marido ou se outra tristeza qualquer.
- Add ele. – Paula falou – chama pra ir ao Rock & Ribs me ver tocar.
- Han?
- O boy, amigo de Janaína.
- Aaaaaff, Paulaaaaa! Chega! Vou adicionar ninguém não.
- Nem Kauê, nem o amigo de Janaína... Quase dois anos morando em Recife e você não se interessa por ninguém?! Pois eu é que não perco meu tempo.
Só contei de Jonas para Kauê, mas não disse que havíamos finalmente nos encontrado. Havia colocado muita expectativa a ponto de idealizar contar que tinha um namorado, mas como foi tudo por água a baixo, ninguém soube que ficamos.
- Não sou como tu. Já devia ter sacado isso. – fui à cozinha – Aaaah, a porra do arroz pregou quase todo!
- A vida passa rápido, Jéssica. Você agora tem 19 anos e amanhã já tem 29, 39, 49... Vai ficar pra tia, e nem é por querer. É por medo, orgulho, ou sei lá o quê.
- E tu não?! Como se pegar geral fosse te tirar do status de solteira...
- Fazer o quê, né?! Eu não escolhi esperar. É a life, bebê. Meu par é o rock.
- Meu par é o trabalho. Cansei do arroz, faço outro depois. Vou deitar.
Teresinha passou a tarde embaixo do prédio conversando com as outras senhorinhas. Passei o resto do sábado descansando. Acordei já era noite, umas 21 horas. Paula havia ido para casa e, posteriormente, iria trabalhar e eu precisava estudar para as provas da faculdade. Peguei o celular pra ligar pra Kauê e havia uma mensagem do amigo de Janaína.
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Sexta às Oito
RomanceA vida de Jéssica Medeiros Sabino nunca foi fácil. Com apenas 17 anos muda-se para a capital sem conhecer ninguém e durante mais de dois anos tem a sua vida transformada de um jeito que nunca imaginou. É clichê? Talvez, mas essa jovem mecânica muito...