Capítulo 11 – Depois de muitos incidentes, finalmente Natal!
- Pai - chamei assim que acordei, ele está sentado numa poltrona ao meu lado - O que aconteceu?
- Você caiu da vassoura - meu pai suspirou
- Perdemos?
- Não, o apanhador pegou o pomo
- Quanto foi o placar?
- 210x90
- Pelo menos ganhamos – falei tentando me mexer, mas meu corpo está todo dolorido
- Fica quieto, você se arrebentou todo – disse Hugo entrando no quarto – Quebrou braço, perna, costela e nariz
- Misericórdia – dei um suspiro pesado – Que horas são?
- 18:30 – arregalei os olhos
- Merlin! Andy vai me matar – tentei me levantar mais os dois me impediram
- Relaxa, já estamos indo, a médica disse que você vai terminar a recuperação em casa – resmunguei deitando a cabeça no travesseiro
- Todo mundo já sabe?
- Claro que sabem, os meninos estavam assistindo o jogo na sua casa, fizeram um estardalhaço
Suspirei pesadamente, tá na cara que isso foi coisa da sombra, ela só fez me deixar avisado que está prestes a aparecer. Percebi que papai e Hugo estão trocando olhares, como se estivessem decidindo quem fala.
- O que foi? - perguntei
- Como aconteceu aquilo Tiago? – Hugo perguntou sentando numa cadeira ao lado do meu pai
- Não sei – falei, mas a cara de zangado deles me fez suspirar – A sombra... Eu o vi nas arquibancadas
- Ele voltou? – Hugo perguntou com os olhos arregalados
- Sim! Desde o dia que descobrimos a gravidez de Andy ele fica aparecendo, até para Miguel ele está aparecendo
- Sério? – papai perguntou preocupado
- Sim – suspirei – Prometi contar para ele o que está acontecendo
Eles perceberam o quanto esse assunto me deixa perturbado e mudaram de assunto.
- Andy me disse que você tá tentando virar um animago – disse papai
- Estou mesmo, sempre adorei transfiguração - ele sorriu orgulhoso
- Já imaginou em que animal você vai se transformar? – Hugo perguntou
- Pensei num cachorro, já que é o meu patrono - meu pai me olhou emocionado
- Não errei ao te dar o nome do meu padrinho - sorri de volta para meu pai, tentando me mexer
- Ainda vamos demorar muito aqui? – perguntei olhando para o relógio na parede
- Andy deve está preocupada - suspirei
- Vou chamar a enfermeira, ela tem que te liberar
- Ok
Só de pensar que eu e Andy temos que conversar com Miguel, a cada dia sinto que temos menos tempo para prepará-lo. Algo me diz que a sombra não vai esperar para que Miguel possa amadurecer o suficiente para essa guerra.
- Vamos - eles me ajudaram a levantar, só agora notei que minha perna está enfaixada e o meu braço também, provavelmente o nariz e a costela já consertaram, porque não sito dor em nenhum dos dois
Aparatamos no portão da minha casa, com um frio rigoroso. Matt e Alvo que esperavam no portão, ajudaram meu pai e Hugo a me colocar para dentro.
- Tiago - Andy levantou do sofá e deu beijinhos no meu rosto - Quer me matar de preocupação?
Toda família já está aqui, pelo visto eu estou bem atrasado.
- É esse o presente de Natal que você me dar? - mamãe reclamou
- Desculpa mãe - beijei a bochecha dela - Eu tô bem tá! Não se preocupem
- Como aconteceu pai? - Miguel perguntou e toda minha enorme família, constituída principalmente por cabeleiras ruivas me olharam atenciosamente
- Bom... Primeiro tive um incidente com aquela vassoura, acho que já estava velha – falei rapidamente
- Pai, o senhor se jogou da vassoura – disse Miguel pausadamente para eu sentir o impacto das palavras – De mais de 20 metros do chão
- Seu tio Hugo me salvou – falei apontando para o meu primo, que está conversando com Andy no canto da sala – E aquele batedor desgraçado deve ter me marcado com aquele balaço
- O time vai denunciá-los? – Rose perguntou – Você não estava em posse da goles, ele não tinha motivo para te agredir daquele jeito com o balaço
- Não sei... – suspirei – Vamos mudar de assunto? Quero curtir o nosso Natal sem falar de coisa ruim
***Andy
Tiago está estranho, responde as perguntas como se estivesse no automático. Depois de um tempo todos foram se arrumar para ceia de Natal, só consegui ficar sozinha com ele nesse momento.
- E aí, como foi? - sentei na cama com as pernas cruzadas, ajudando ele a vestir as calças, graças a perna engessada
- A sombra Andy, tenho certeza que o vi
- Hugo me disse – falei nervosa - Temos que conversar com Miguel o mais rápido possível
- Pode ser depois de amanhã, quando a casa estiver mais vazia
- E Annie?
- Annie ainda é muito pequena, não entenderia. Ainda acho muito cedo para contar a Miguel, mas não temos muitas escolhas
- É - dei um selinho nele – O que foi? – perguntei olhando o bico de tristeza dele
- Me sinto tão idiota por ter me jogado da vassoura – eles resmungou
- Tigo! Você se salvou, se tivesse batido naquelas balizas não estaria mais vivo – falei reclamando com ele
- Também me sinto idiota por ter apanhado daquele balaço
- Apanhado? – dei risada e ele fez cara feia para mim – E o que você queria fazer? Ia lutar com ele? Você estava todo arrebentado
- Você realmente quer tirar onda com a minha cara né? – ele me puxou pela cintura com a mão boa
- Só um pouquinho – o beijei - Tenho certeza que você deu o seu melhor - dei mais um beijo - Quer delícia gasosa? Comprei dois potes, sei que você adora
- Você me conhece tão bem - ele disse rindo
Terminamos de nos arrumar, com um pouco de dificuldade consegui colocar uma roupa descente em Tiago. Descemos as escadas chamando atenção de todos. Eu estou com um vestido longo, vermelho, colar pérolas e salto preto. Tiago está de calça preta e suéter que ganhou da avó, no ano passado.
- Você está bem mesmo papai? - Annie perguntou mimando o pai
- Acho que não, mas pode curar se você me der muitos beijinhos
