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Durante boa parte da noite, eu observo Daniel cumprimentar seus convidados. Quer dizer, os convidados de seu pai.

Quando minha mãe me disse que estávamos indo para o Texas conhecer seu noivo, eu imaginei que eles iam anunciar oficialmente o noivado. Eu nunca imaginei que Daniel estivesse fazendo aniversário. Mas não que tivesse mudado alguma coisa, ninguém aqui parecia ter a nossa idade.

Segundo Holly, o aniversário dele tinha sido na última quinta-feira, mas como ele estava preso na Califórnia para as provas finais, a festa tinha sido organizada para hoje.

Ainda assim, essa não se parecia com uma festa de aniversário. Nas minhas festas não costumam ter ninguém com mais de trinta anos, tinha bebidas para todos os lados, alguém prestes a ter uma overdose e garotas fazendo strip-tease, mesmo que eu nem me importasse com esse último.

Até tinham um ou outro adolescentes aqui também, mas eles eram tão ou mais coxinhas que o próprio Daniel. Só que nenhum deles pareciam tão bem quanto ele dentro de uma porra de calça chino e camisa azul.

Um garçom passou e me ofereceu uma taça de champagne, era uma porcaria, mas pelo menos era álcool. O homem era bonito, alguns anos mais velho do que eu, negro e com o cabelo raspado. Ele piscou e eu sorri, acompanhando-o com o olhar até o outro lado do salão. Ele tinha uma boa bunda, apertada dentro do uniforme. Talvez ele pudesse fazer um intervalo logo, logo.

Mas minha atenção logo foi desviada para o anfitrião da festa. Daniel tinha dado um jeito de me ignorar durante toda a noite, sempre conversando com alguém sobre algum assunto chato que eu não me importava, nem tinha saco para ficar perto. Alguns de seus amigos até tentaram me juntar a conversa e Daniel foi extremamente educado todas as vezes que isso aconteceu. Educado até demais, na verdade. Eu usava as oportunidades para provocar, é claro, mas a conversa era tão chata que eu não ficava perto por muito tempo.

Seus amigos eram uma porra de repelentes perfeitos e ele sabia muito bem como usá-los para me manter longe.

Porém, pela primeira vez em toda a noite, Daniel estava sozinho, caminhando para fora do salão. Sem nem pensar sobre o que eu estava fazendo, eu o segui, pedindo desculpas paras as pessoas que falavam sem parar ao meu lado. Eu nem sequer tinha prestado a atenção nos nomes deles.

Passei pela mesma porta que Daniel tinha passado segundos atrás e percebi que ela dava em um corredor. Quando Gina me contou que eles viviam em uma fazenda, eu esperava mais animais e menos como a mansão das Kardashian. Mesmo que a casa tivesse apenas dois andares, ela tinha muito mais cômodos do que eu podia contar.

A porta no final do corredor estava meio aberta, então eu imaginei que era lá que Daniel estava. Eu meio que esperava que fosse um banheiro ou algo do tipo, mas era um tipo de biblioteca. Tinham estantes cheias de livros nas paredes, duas poltronas perto de uma mesa no centro e um pequeno sofá mais no canto. Parecia um lugar confortável.

Daniel estava parado de costa para mim, perto de uma das estantes. Ele não percebeu quando eu entrei, mas ele me notou quando eu encostei a porta. Daniel se vira e eu vejo um quadro nas suas mãos, mas ele rapidamente o coloca de volta na estante.

– Por que isso parese com uma emboscada? – ele pergunta, dando alguns passos para mais perto de mim.

Seu rosto é inexpressivo, mas como sempre, há uma sugestão de impaciência nos seus olhos. Perto de mim, Daniel sempre parece irritado. Eu meio que gosto disso.

– Com medo de ficar sozinho comigo, irmãozinho? – eu não consigo conter a palavra, mesmo sabendo o efeito que ela causa nele. Em mim, ela não tem um efeito melhor, mas irritá-lo vale a pena. Funciona, pois de repente, Daniel parece a ponto de explodir. – Com medo de não conseguir manter suas mãos longe de mim?

Step BrotherWhere stories live. Discover now