7. Surpresa

34 2 0
                                    

Marcus

Bem cedo, mas dentro do horário comercial eu liguei para a tal empresa onde a Aurora trabalha e consegui marcar para depois do almoço um encontro com o Lucius. Não iria conseguir entrar sem ter marcado algo, então lá vou eu.

Estaciono o carro e vou em direção ao prédio. Vou até a recepcionista e dou o meu nome. Ela me dá as direções e assim, me encaminho para o elevador. Arrumo minha gravata, olhando para as paredes espelhadas do elevador e faço uma careta. Nunca gostei desse troço. Me sinto muito mais confortável com minha jaqueta de couro em cima da minha moto ou em cima de um octógono, lutando e espirrando sangue por aí. Solto um suspiro, olhando os andares subindo.

Chegando no último andar, vou até a área que me indicou a recepcionista. A vejo dentro do que seria a ante sala de seu chefe. O andar era dividido em duas partes, metade para o presidente e metade para o vice. Ela está atrás de uma mesa de mogno, digitando furiosamente no seu computador, enquanto olha uns papéis na mesa. Em sua mesa não vejo nada pessoal. Nenhum porta retratos, ou objetos pessoais que pudessem me dar uma pista de como ou porquê foi parar ali.

- Com licença. - Ela me olha. - Tenho hora marcada com o presidente.

- Sim, sim. Fique à vontade e sente-se. Espere um pouquinho por favor que ele ainda não chegou do horário de almoço. Qual o seu nome por favor?

- Marcus Aguiar. - Ela digita algumas coisas e após uns instantes, coloca a folha com o qual trabalhava em outra pilha e me olha novamente. Sorri, simpática.

-Aceita alguma coisa para beber? Água, suco, café...

- Um café iria bem, obrigado.

Se direciona para o lado oposto de sua mesa, onde existe uma pequena cozinha que, pelo que vejo, se interliga com a outra metade do andar. A vejo entrar por uma porta e consigo ver metade de seu corpo para cima, já que toda a metade superior da parede era de vidro, sendo a inferior de madeira. Ela deixa a porta aberta e pelo ângulo do sofá em que estou, consigo a ver e ouvir perfeitamente

Ela vai até uma mesinha. Pega uma vasilha com várias cápsulas, me fala as opções de sabores e escolho um expresso. Vai até a máquina, liga na tomada, retira o dispenser de água e se encaminha até um canto onde tem uma pia, geladeira e um fogão. Enche o dispenser e o coloca de volta na máquina.

- Faz muito tempo que trabalha aqui?

- Não senhor, apenas dois meses. - Ouço o barulho da máquina e o cheiro delicioso de café.

- hum... - espero alguns segundos em silêncio. Desde que sumiu ela esteve aqui. A vejo colocar minha xícara em uma bandeja, junto com outros objetos. Ela vem até mim.

-Açúcar? Adoçante? - Pego a xícara e adoço. Com açúcar mesmo. Amo doces. Fazer o quê. Esse é o meu fraco. Junto com café. E minha mulher, claro. Pensando bem tenho muitos fracos.

Espero ela ir e voltar antes de continuar. Bebo meu expresso e suspiro. Precisava disso.

- Ele é um bom chefe?

- Sim. E um ótimo amigo também. - De repente ela em seu caminho até sua mesa, se vira e olha para mim. Quase fecha os seus olhos, em um olhar desconfiado.

- O que você veio fazer aqui? Eu sei que não é o que parece... O que quer saber? - Ela tem bons instintos não posso negar.

Me levanto e vou até ela.

- Aurora... eu sei quem você é. Só quero saber porque está aqui.

 Só quero saber porque está aqui

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aurora

Sabia que ele não estava mentindo, mas estava omitindo. Com certeza. Ao mesmo tempo sinto que ele não é mau. Pelo contrário, tem um senso de justiça muito forte, o que pode ser bom ou ruim dependendo da situação. Existem muitos tons entre o preto e o branco e quando não se consegue ser muito flexível, nossas decisões podem ser prejudiciais. E existem tantas belas cores além desses opostos! Eu bem sei como as pessoas são complexas e que nem sempre estão conscientes do que sentem ou sobre o que as motivam. Se as pessoas assim o são, não existem generalizações que deem conta de nada sobre elas.

- Aurora... eu sei quem você é. Só quero saber porque está aqui.

Meu coração acelera e minha boca fica seca na hora. Ele sabe quem eu sou!

- V-você sabe?

- Sim. Vim atrás de você.

- Quem é você?

- Eu já disse...

- Não! Não é isso! Não é isso que estou... - Respiro fundo, afasto meu cabelo do rosto e percebo que minha mão está trêmula. - Eu te conheço?

Vejo que ele percebe que alguma coisa estava errada. Claro! Como sou burra! Como ele poderia imaginar que eu perdi a memória!? Vou até o sofá e me sento.

- Me desculpa é que... é que eu perdi a memória e não sei de muita coisa sobre mim.

Ele fica surpreso. Me olha durante um tempo e pega o celular. Começa a digitar e faz uma ligação.

- Vai ligar para quem? - Ele me ignora e continua. Mordo meus lábios, me sentindo frustrada e ansiosa.

- Senhor? Sim estou aqui... Sim estou com ela... Bem senhor, ela perdeu a memória, então não tem como saber... claro. Parece estar bem agora. Vou te mandar uma mensagem com o endereço.

Ele desliga e manda a mensagem para ele. Seja lá quem ele fosse. Estou ansiosa e só quando vejo Lucius entrar pela porta que percebo isso, pois ele na hora fica preocupado ao me ver.

- O que aconteceu Aurora? - Me levanto e vou até ele.

- E-ele.. - Engulo em seco. - Sabe de tudo! Quem eu sou! - Lucius fica surpreso e desconfiado. Olha para o Marcus que já tinha guardado o celular e vai até Lucius.

- Boa tarde. Sou Marcus Aguiar. - Estendeu a mão, que Lucius aperta. - Detetive particular. E venho procurando a Aurora desde que ela sumiu.

- Sei. Quem está procurando-a?

- O marido dela. Já deve estar vindo para cá. - Não sei o que dá em mim, mas minha visão começa a escurecer. Eu não estou só nesse mundo! Existe alguém que me procura!

Laços Eternos 1 - A EmpáticaOnde histórias criam vida. Descubra agora