Promessa

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Ficamos na estrada por algumas horas, enquanto a chuva voltava e desaparecia novamente. Através de Sam, eu acabei descobrindo que estávamos na cidade de Jacksonville, à cerca de 910 km e quase nove horas de Sioux Falls. Logo, seria uma longa viagem.

Dean recobrou sua mentalidade nesse meio tempo e quase surtou quando percebeu que tinha jogado o Impala de cima do morro — e muito mais quando descobriu que ele havia sido pilotado pela gangue do mal. Digo, ele quase chorou enquanto acariciava o painel do veículo e fazia juras de amor ao "bebê".

Já eram quase dez horas da noite, eu estava exausta e morrendo de fome. Tudo o que eu queria agora era um cheesburguer, um banho e uma cama — todos nós queríamos. O Winchester mais velho então sugeriu que passássemos a noite em um hotel que havia perto do Kansas, o único em mais de 100 km de árvores e mato. E ao chegarmos, eu fiz minha primeira constatação: Não diria que era bem um "hotel", e sim uma estalagem de beira de estrada caindo aos pedaços. O prédio de dois andares não era muito grande, de tijolos à vista e pintura descascada nas cores de laranja e amarelo. Uma placa escrita com tinta preta em letras de forma dizia "Hotel azul", embora não houvesse nada azul ali.

Dean estacionou o Impala ao lado do prédio enquanto Sam e eu tirávamos algumas bolsas do porta malas.

— Acho que hoje não é o meu dia de sorte e algum de vocês estocou peças de roupas femininas em uma dessas malas, não é? — perguntei, já que havia revirado o carro e não encontrei minhas roupas casuais que eu havia trocado, apenas a calça jeans estava socada no assoalho, perto do banco traseiro.

— Minhas roupas te esperam. — brincou o loiro.

— É, suas roupas me amam. — sorri sarcástica.

— E agora com licença, quem vai se trocar sou eu. Não vou entrar lá dentro assim. — ele apontou para o próprio peito, insinuando as roupas de cowboy — Podem ir à frente. — gesticulou catando algumas peças e indo para dentro do Impala.

Entramos no lugar e a música era alta. O cheiro de cigarro e cerveja pairava no ar juntamente com a fumaça acinzentada. As paredes eram de alvenaria, com reboco em algumas partes. Havia várias mesas e cadeiras rústicas, com homens mal encarados sentados nelas, alguns com belas mulheres sorridentes de lingerie. As janelas eram grandes e sujas de poeira, a escada de cimento ficava no fundo do cômodo de frente para um corredor pouco iluminado. Sam e eu nos entreolhamos desconfortáveis e seguimos até o balcão. Uma prateleira lotada de bebidas enfeitava a parede atrás dele.

— Olá! — disse a mulher morena de pele bronzeada e sorriso malicioso, apenas para Sam, eu fui ignorada igual cachorro pobre. Ela aparentava uns quarenta anos de idade ou mais, e tinha sardas no rosto. Apertei os olhos, jogando a mala pesada em cima da superfície onde ela estava apoiada. A mulher me encarou e então eu sorri, cínica.

— Dois quartos, por favor. — pedi. Ela já estava começando a formar uma carranca, mas quando ouviu "dois quartos", tratou de colocar um sorriso no rosto.

— Olá, Wanda. — cumprimentou Dean, passando pela porta e se escorando no balcão. — Um quarto para nós e o outro para nossa... — ele se virou para mim, franzindo a testa enquanto elaborava uma mentira — prima. De preferência um ao lado do outro.

— Todos os quartos estão meio ocupados agora. Se é que você me entende. — ela piscou — Mas a meia noite é o nosso toque de recolher, aí vocês poderão descansar.

— Esse barulho é a noite toda? — se intrometeu Sam, se referindo à música.

— Não, querido, ela acaba às onze horas. — a mulher colocou a palma sobre a mão do moreno, dando um sorriso e em seguida lambendo o lábio inferior. Ele se afastou, sem graça, e então fuzilou Dean com o olhar — Podem se sentar, bebidas por conta da casa!

Supernatural: RéquiemOnde histórias criam vida. Descubra agora