Jaqueline, ainda se encontrava no jardim e decidiu subir para seu quarto, mas só conhecia a escadaria principal e não queria encontrar com Kay e os convidados. Sem saber o que fazer, começou a andar pelo jardim. Anabel se encontrava na cozinha e vendo que Jaqueline estava sozinha, resolveu perguntar se ela precisava de algo e aproveitar para saber mais sobre aquela jovem tão viajada. Anabel saiu da cozinha pela porta dos fundos e foi ao encontro de Jaqueline.
– A senhorita precisa de algo?
– Não, Anabel. Não estou precisando de nada no momento.
Anabel continuou parada ali.
– Anabel, você deseja me falar mais alguma coisa?
– Oh, senhorita! Desculpe-me o atrevimento, mas gostaria de saber se é verdade que a senhorita já viajou por muitos países?
– É verdade sim, Anabel!
– Deve ser lindo poder viajar e conhecer lugares novos, senhorita!
– Você não viaja, Anabel?
– Não, senhorita! Nunca sai aqui do Arquipélago!
– Você gostaria que eu te contasse sobre minhas viagens?
– Oh, senhorita! É o que eu mais queria!
– Então me diga uma coisa, há outro modo de subir para o quarto sem ser pela escadaria principal?
– Há sim, senhorita, mas é restrita aos empregados.
– Não tem problema, Anabel. Leve-me aos meu quarto por esta escada e lá contarei sobre minhas viagens.
Anabel, ansiosa por saber das histórias de Jaqueline e sem se dar conta de que ela não deveria fazer isso, concordou:
– Tudo bem, senhorita, mas ninguém poderá saber.
– Este será nosso segredo, Anabel.
– Venha comigo, senhorita! – falou Anabel dirigindo-se para a cozinha.
Anabel entrou pela porta dos fundos e Jaqueline ficou esperando-a do lado de fora. Elas precisavam ter cuidado para que ninguém as vissem. De repente, a porta se abriu:
– Venha, senhorita! – cochichou Anabel.
Jaqueline entrou pela porta e logo viu as escadas. Anabel ia na frente e Jaqueline logo atrás. Subiram rapidamente e se depararam com outra porta. Anabel espiou para fora e logo elas estavam se dirigindo ao quarto de Jaqueline. Ao entrarem, Jaqueline sentou-se na cama e Anabel no chão aos seus pés. Então, Jaqueline começou a contar suas aventuras desde que era garota. A cada palavra de Jaqueline, Anabel parecia viajar junto com ela. Estava vislumbrada com o que Jaqueline contava e seus olhos brilhavam.
Kay conversava com os convidados que haviam chegado na sala de estar, mas não conseguia tirar os olhos da porta onde Jaqueline certamente seria vista se subisse para seu quarto.
Após algumas horas de conversa, Anabel desceu para a cozinha, pois precisava ajudar com o jantar e os preparativos para os convidados que haviam chegado. Jaqueline ficou em seu quarto descansando enquanto pensava nos momentos que havia passado desde que saíra de Deli. Sempre que se sentia saudosa ou confusa, Jaqueline dançava. Sua dança preferida era a árabe, que havia aprendido com Zahra. Sem pensar em mais nada, colocou o traje especial, abriu sua caixinha de música árabe e começou a dançar.
Kay pediu licença aos convidados e retirou-se para seu quarto para descansar um pouco antes do jantar. Ao chegar na sacada olhou para o jardim, mas não viu Jaqueline ali. Dirigiu-se para seu quarto pensando onde aquela bela jovem estaria. Chegando a porta de seu quarto notou que havia alguém no quarto ao lado do seu que se mexia de um modo estranho. Sem ligar para a etiqueta, resolveu dar uma espiada para ver o que a pessoa fazia, já que a cortina se encontrava entreaberta. Chegando perto da porta, percebeu que ali se encontrava Jaqueline, que com uma roupa estranha mexia seu corpo de um modo que ele nunca havia visto antes. Ele ficou ali parado, hipnotizado.
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As Rosas de Narayan
Historical FictionSéculo XVIII Jaqueline Rosset nasceu em uma pequena cidade ao norte da França. Ainda muito jovem descobre ser portadora de um dom especial e seu único desejo se torna usá-lo para ajudar a quem precisar. A realização desse sonho a levará a uma jornad...