No Bar, Confesso |✓|

10 - De volta ao bar

10 - De volta ao bar

Num primeiro momento, eu não sabia muito bem onde estava indo. Sabia que queria me distanciar significativamente de todo aquele drama por enquanto. Ao chegar no centro da cidade, depois de ter percorrido algumas ruas agitadas,  passei por um local que recém tinha descoberto. Ou, bem, que tinha descoberta a noite passada. Não pensei duas vezes antes de pedir para o taxista parar e, ao paga-lo e me ver sozinha em meio a rua, demorei-me um bom tempo apenas observando o letreiro torto daquele bar onde as minhas confissões tinham escorrido da minha boca com a ajuda de muitas doses e um estranho disposto a me ouvir e me dar bons conselhos.

Decidi entrar ali. O ambiente era mais escuro do que eu me lembrava e mais agitado também, no entanto, eu nem tinha reparado em como era aquele ambiente quando entrei nele noite passada. Apenas segui em direção ao bar sem desviar o meu olhar das banquetas dispostas para nenhum outro lugar, querendo apenas tomar algumas doses de uísque e esquecer do ocorrido que me deixara com os nervos aflorados. Agora, ali, prestei atenção nas pessoas que conversavam e dançavam animadamente. Amigas discutiam sobre amenidades, casais atracavam-se escorrados nos cantos mais escuros e pessoas conversavam entretidas nas banquetas do bar. Decidi me sentar naquelas banquetas, pedir uma dose e tentar relaxar.

Depois de apenas um gole, uma voz que tinha conhecido a pouco tempo preencheu os meus ouvidos:

— Então é aqui mesmo o refugiu dos desgarrados?

Volvi-me para o lado, encontrando primeiramente dois pares de olhos castanhos esverdeados que fitavam-me com certa intensidade. Sorri. Era Merlin que estava ali me encarando. Ele tinha um sorriso no rosto e os seus cabelos estavam mais bagunçados que noite passada.

— Como me achou aqui?

— Tive um leve pressentimento de que pudesse estar aqui. Fico contente de ter acertado.

Ele sorriu novamente, proporcionando outra gargalhada minha.

— Você nem imagina o que aconteceu! — respirei fundo, frustrada.

— No intervalo de tempo em que ficamos separados aconteceu muita coisa então.

— Como assim? — questionei intrigada, franzido a testa.

— Minha ex namorada me ligou. Pediu desculpas e falou o quanto estava arrependida. Ela estava chorando, a mais pura chantagem emocional.

Ri da situação em que estávamos expostos. Com um outro gole, me pus a falar:

— Briguei com o meu melhor amigo e com Diana.

— Parece que estamos ferrados.

— Nesse bar, confesso que somos extremamente azarados.

Merlin riu e acompanhei-o numa risada frouxa também.

— Tudo bem, acho que uma outra conversa vai nos fazer bem. — Merlin pediu uma dose para si e, depois de tomar um gole e acender um cigarro tragando-o profundamente, continuou a falar: — Que tal se confessar para um estranho no bar novamente?

Eu sorri, brindando com ele com os nossos copos.

— É uma boa ideia.

Nada melhor do que uma outra conversa com outra trocas de problemas em meio às confusões que nos cercavam.

Mais uma dose, garçom?

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@trizsbeatriz