Ruth
Mais um amanhecer. Eu dormi bem, não tive mais sonhos bizarros por esses dias. Me sinto bem agora.
Se passaram algumas semanas desde o incidente desagradável, tudo está sob controle agora. Consigo me concentrar nas aulas, me afeiçoar mais com as turmas novas. Estou aliviada, ele me deixou em paz, creio que era uma "marcação" comigo.O dia passou depressa, mas estou tão cansada. Foi dia de faxina e, tive que ir comprar um presente pro meu lindo, fofo amigo. Hoje é o aniversário dele. Espero que o bolo que fiz tenha ficado bom também.
Estou ansiosa para ir logo para o trabalho. Depois do nosso passeio na Liberdade, senti algo diferente entre nós, não sei ao certo explicar. E passando esses dias, comecei a observa-lo mais.
Deu minha hora. Hoje me arrumei mais do que o normal. Passei meu perfume novo, estou usando meu vestido branco. Deus do céu! Quem quero enganar? Eu quero impresioná-lo, que vergonha Dios mio!
Vou o caminho toda ansiosa, rindo, feliz.
Cheguei e logo avistei ele. Quero entregar já o presente, sou tão apavorada.- Tom!
- Ruth, você - fez uma pausa - uau!- Feliz aniversário! - digo lhe dando o presente.
- Nossa!
Nos abraçamos rapidamente para não ser vítimas de comentários.
- Você é incrível!
- Você também, muito.Percebo algo diferente em seu olhar, não sei, está estranho e ele não está me olhando profundamente como antes. O que será que eu fiz? Será que aconteceu algo?
O sinal bate. Nos despedimos brevemente e fomos ao trabalho.
Dei as aulas normalmente, mas aquilo não me saia da cabeça. Eu conheço ele, sei que há algo estranho ali. Me decepcionei um pouco, ele parece não ter me notado como eu queria. Pensei que ele diria: "Você está linda!". Ele me dizia antes.- Professora, professora, professora!
Me assusto e percebo que estava desligada. Coro de vergonha.
- Sim, Fátima?
Respondo suas dúvidas e logo vou para última aula.
No meio do caminho tropeço em alguém, já me vejo com a cara batida no chão. Mas ele me segura.- Muito obrigada! Me desculpe.
- Disponha.Reconheço a voz imediatamente. Stefan, tinha que ser com o Stefan?
Deus!- Está tudo bem?
Espera, ele está sendo gentil? Como assim? Há algo de solidariedade nessa criatura?
- Sim, sim. Não se preocupe. - digo desanimada.
- Nunca disse que estava preocupado. - diz e se retira. Estava demorando pra voltar a ser um cavalo.
Os minutos se passaram lentamente, parecia não acabar aula final.
A tela do meu celular acende. Mensagem do Ailton. Meu coração dispara instantaneamente. Não resisto e deslizo a tela."Preciso te contar algo."
Gelo.
"Sim, pode me dizer."
"Quando sairmos."
"Certo."
Se eu já estava ansiosa, estou pior agora. Faltam 10 minutos, apenas 10 minutos. Calma Ruth, calma ou terá um treco aqui mesmo.
- Pessoal, aguardo essa atividade para amanhã no máximo. Estão liberados.
Espero os alunos se arrumarem e saírem da classe, logo arrumo meus materiais e faço o mesmo.
Desço as escadas rapidamente, chego na sala dos professores, mas ele ainda não está aqui. Oh! Ele entrou na sala.
- Foi cansativo hoje!
- Foi sim. - ele diz em um suspiro pesado.
- O que quer me dizer? Estou preocupada!
- Vamos para o estacionamento, lá teremos mais privacidade.
- Ah, claro. É claro!
Nos despedimos do pessoal e fomos em direção á nossos carros. Mas cada passo que eu dava, parecia escutar as batidas do meu coração.
- Bom, cá estamos. Diga-me, o que está acontecendo Tom, isso me deixou inquieta desde quando cheguei aqui, percebi que você estava estranho e - me interrompe.
- Eu, eu estou namorando, Ruth.
Por um momento fico perplexa, a boca semi aberta pra falar qualquer palavra. Não tive uma reação descente para disfarçar isso.
- Nossa! Eu conheço a sortuda?
- Não, ainda não. Mas quero apresentar ela, para minha melhor amiga.
- Será um prazer! - rio sem graça - Você merece toda felicidade do mundo, Tom.
Nos abraçamos forte, e sinto uma lágrima solitária cair. Me recomponho rapidamente, e logo me lembro do bolo que fiz, sinto um aperto. Eu fiz com carinho e entusiasmo, mas eu sinto muito, não vou entregá-lo. Vou precisar de algo para deprê de hoje.
- Desde quando? - pergunto impulsivamente.
- Ontem.
- Por que nunca me falou dela? Você sempre foi aberto comigo.
- Me desculpe, me senti constrangido.
- Constrangido pelo o quê exatamente? Por favor, desde quando você fica com vergonha de mim?
- Desde do momento que me senti apaixonado, por você.
- Mas, mas...
- Eu não senti que seria correspondido Ruth!
- Você é um imbecil Ailton! Você ao menos falou pra mim, você não me disse nada. Absolutamente nada!
- Por favor Ruth, já chega. Por favor.
- Vamos pra casa, certo?
Nos despedimos com o olhar. Ele sai, coloco as mãos sobre o rosto e me encho de fúria, me senti tão nada. Droga, estou horrível agora. Eu estou chorando, como? Como eu posso estar chorando de desilusão agora? Porquê?
Sinto novamente alguém a me observar. Mas não há nada além de uma paranóia estúpida pós um pé no traseiro.
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Stefan, meu aluno problema.
RomanceSou apenas uma professora universitária comum. Até a chegada de Stefan, o novo aluno. Ele parece me odiar. Me aborrece, desrespeita minhas ordens, faz o que der na telha dele quando se trata da minha aula. Eu sinto que ele não vai parar tão cedo.