A BASE
QUANDO ACORDO, ESTOU NO CENTRO DA SALA SOBRE A PLATAFORMA.
Coloco-me sentado e já não estou com as dores abdominais.
Vejo sobre a bancada arrumada algumas roupas dobradas. Levanto-me e vou ao encontro delas, me visto, pois não há nada mais para fazer mesmo.
Meus olhos estão normais, olhos castanhos como sempre foram, as cores voltaram ao padrão que sempre conheci, a cor da minha pele, minhas mãos ainda estão avermelhadas por conta das queimaduras, porém, sem dor.
Isso é uma base de Símbios acordados e, por alguma razão, eles estão poupando a minha vida. Devo ser cauteloso.
O acesso se abre e o Símbio Cláudio entra.
— Olá Mathias, você está bem?
Eu confirmo com a cabeça demonstrando um ar de receio. Porém, imediatamente, ele pergunta.
— O que lhe preocupa, Mathias?
Não gosto de rodeios, vou direto ao assunto:
— Pelo que eu sei, estou em uma espécie de base de Símbios acordados, e longe de uma área habitável, o que significa que estou preso e sem controle da situação.
O Símbio espalma as mãos, me mostrando que ele não é uma ameaça e com cautela se coloca submisso sem esboçar aquela postura arrogante de antes, quando eu o vi sentado com os pés na parte inferior da abertura panorâmica.
— É isso que te preocupa? Não estar no controle e achar que está em perigo? No período passado, eu lhe falei que era um convidado há muito esperado e isso não mudou.
Não sei por que, mas confio nele. Aceno com a cabeça e aceito sua fala de forma pacífica.
— Vamos, precisamos conversar, tem muita coisa que você precisa saber e outras que você precisa abandonar e se conformar. Por favor, por aqui, venha comigo.
Com um gesto calmo me mostra o caminho e eu o sigo.
Estamos em um corredor de acesso, saímos da sala circular e agora caminhamos para o fim do corredor.
Logo chegamos a uma sala maior com quatro acessos de entrada, ele se encaminha para outro corredor e eu simplesmente o sigo.
"Já não sei mais o que pensar, ele era meu alvo e agora é uma espécie de amigo, cuidou de meus ferimentos e parece que tenho algum valor para ele."
— Cláudio? Esse é o seu nome de Símbio, correto? Podemos conversar enquanto caminhamos?
— Certamente que sim, Mathias.
— Quando eu estava no meu Deslocador, você me olhava com espanto. Percebi que não era pelas queimaduras, pois, assim que você se libertou das amarras de contenção de força, saltou sobre mim, segurou meu rosto e me encarou. O que você viu?
Ele para, vira de frente para mim e com muito cuidado começa a explicar.
— Neste momento, eu o vejo como um humano, pois, agora, é assim que você se revela. Porém lá no Deslocador vi dentro de você e se revelando a mim por meio de seus olhos. Quem eu vi não está se revelando agora. Pois quem está aqui é você sem a consciência dele, mas logo isso mudará.
Apesar do esforço, não entendi nada do que ele disse. Mas balanço a cabeça mostrando que sua explicação de certa forma foi de simples compreensão, e me lanço na conversa tentando explicar o que entendi.
— Certo, pelo que entendi sou um humano e me comuniquei com você por meio de meus olhos? É isso?
— Não, Mathias. Acredito que isso seja um pouco mais complicado. Vamos deixar essa conversa paralisada nesse momento e, assim que chegarmos à reunião, retomaremos. O que me diz?
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O Símbio - Primícia
Science Fiction3823, ano corrente. Aqui não há necessidades, as catástrofes naturais e as guerras estão no nosso esquecimento. Mathias Aldebaran é um ex-lider de setor sem privilégios, apenas um excluído, descontinuado pelo sistema. Sofrendo por seu apego intrinca...