Emanuele ficou irritada quando chegou em casa depois daquela noite desastrosa e encontrou Olegário esperando por ela.
_Chiii...já vi que o seu tal plano não deu certo._adiantou o filho do futuro prefeito olhando desanimado para a mulher visivelmente mal humorada.
A diretora não respondeu, apenas abriu a porta de seu apartamento e entrou sem convidá-lo a segui-la.
Olegário não esperou convite, afinal, tinham um acordo: afastar Jonas e Beto.
_Não acredito que uma mulher com a sua inteligência não conseguiu fazer algo com uma bichinha daquelas. Pela sua cara, eu poderia até imaginar que você foi dar o cu pra ele, mas você não seria estúpida o bastante pra oferecer carne de primeira pra veado que está acostumado a comer retalho, tenho certeza._Olegário falou com escárnio entrando no apartamento também.
Se fosse em algum outro dia, a diretora o repreenderia por falar algo assim a plenos pulmões na porta do seu apartamento, correndo o risco de algum vizinho ouvir e queimar a reputação dela.
Naquela noite, ela queria que a sua reputação, assim como a sua dignidade, explodissem junto com todo o resto!
Ema ignorou a crítica dele. se Olegário soubesse que tinha acertado em cheio, iria rir da cara dela! Tinha vontade de mandá-lo sumir!
"Péssimo prêmio de consolo nesta noite de merda!", quis gritar.
_O que você está fazendo aqui?_Ema explodiu finalmente.
Olegário assustou-se com a rispidez na voz dela:
_Pode recolher as suas garrinhas, tigresa, que eu não costumo ouvir desaforos de mulher. Vai, desembucha logo por que o seu tal plano perfeito não deu certo.
_Por que não deu certo?_ela falou alto o suficiente para todo o prédio escutar._ Porque ao invés de você fazer a sua parte no combinado, você não fez e estava aqui, me esperando feito um tonto.
_Minha parte é ficar de olho no meu irmão e, pelo que sei, a esta hora, ele já deve estar chegando em casa após ter deixado a tal namorada em casa.
Ema sentou-se exausta no sofá.
Ainda não acreditava que tinha se produzido toda...se depilado toda...feito massagem...inventado uma reunião de última hora...liberar os alunos mais cedo...liberar os vigias...segurar Jonas na escola...e tudo pra quê? Pra nada!
Reconheceu que teve prazer ao jogar na cara do seu comparsa que não fora apenas ela quem levara a pior naquela noite:
_Aí é que você se engana, Olegário. O seu irmãozinho querido não está chegando em casa depois de deixar a princesinha dele em seu castelo numa hora dessas...ele está junto com o professor Jonas neste exato momento, isso sim! E eu duvido que eles estejam trocando ideias sobre algum conto de Machado de Assis!
Olegário, que já se jogara num sofá, deu um pulo assustado:
_Mas como assim? Beto não foi à aula hoje?
_Foi à aula...eu inventei uma reunião...liberei os alunos mais cedo...fiquei sozinha com o professor Jonas para conversarmos e, de repente, quem surge?
_O meu irmão?
_Não, seu idiota...o Batman! Mas é claro que foi o Beto!
Olegário não tentou controlar a revolta:
_Puta que pariu! O Beto foi atrás do professorzinho de merda? Você só pode estar brincando comigo, Ema...
O irmão mais velho de Beto começou a andar feito um leão na jaula na sala da diretora.
Ema não se conteve e completou:
_Apareceu lá, do nada...depois que todo mundo já tinha ido embora, seu irmãozinho chega que nem um herói e leva o professor Jonas com ele. Aliás, só posso deduzir que já tivessem marcado, porque como o Beto iria saber que o Jonas ainda estava na escola? A menos que ele ficou quase uma hora em frente ao prédio esperando o Jonas sair e como ele demorou, foi atrás dele.
_Não, espere aí que eu não estou entendendo nada. O Beto levou o Jonas? Mas pra onde?
Emanuele ficou impaciente, pois acreditava que se não estivesse completamente nua, talvez ela mesma os seguisse pra ver onde eles estavam indo.
_E eu vou lá saber, Olegário?! Que ideia! Pra casa eu tenho certeza de que os dois não foram.
_Ah, agora sim eu vou ter uma conversa de macho pra macho com o meu irmão e ele vai ter que me ouvir! De jeito nenhum ele vai ficar desfilando pela noite com aquele cara na garupa, mas não vai mesmo!
_E vai dizer o quê, seu idiota? Vai dizer que eu lhe contei que os dois saíram juntos da escola?
_Não preciso falar que foi você...falo que foi alguém que viu os dois saírem juntos da escola.
_Pouco provável. Não ouviu o que eu disse? Não tinha mais ninguém na escola, só nós dois. Se falar com ele, saberão que nós dois estamos juntos.
_Então deixa comigo que depois eu penso no que fazer, agora que o seu plano não deu certo. Aliás, conta aí, diretora...que tipos de ameaças a senhora estava fazendo contra o seu funcionário que o Beto interrompeu?_quis saber Olegário.
"Queria que ele comesse o meu rabo", pensou Emanuele ainda contrariada por ter sido rejeitada tão humilhantemente.
Ema preparou-se para inventar alguma mentira, pois ainda não estava preparada para contar ao seu cúmplice que o seu interesse no jovem professor ultrapassava e muito o profissional. Que ele continuasse pensando que ela só queria manter o seu garoto propaganda na escola.
_Você tem certeza de que o seu pai não vai deixar o seu irmão casar-se com esta menina? Seria a solução perfeita dos nossos problemas._sugeriu Ema.
_Tenho certeza absoluta! Beto pode até continuar brigando pra ficar com a piranhazinha, mas o meu pai quer netos e sabe que não virão de mim, pois não posso fazer filhos. Então, o Beto inventa de arranjar uma garota que também não pode ter filhos, pensa bem. Além da garota ter toda pinta de piranha, ainda não vai dar cria?
Ema ficou chocado com a forma grosseira e baixa daquele homem conversar. Fosse Beto como ele e nunca teria se aproximado de Jonas, pensou.
_O meu pai é capaz de mandá-la pro Alasca, mas não deixa de jeito nenhum o Beto se casar com alguém que não vá perpetuar o nome dele. Meu pai quer a casa cheia de netos! Se estava pensando no já manjado golpe da barriga, risca este da sua lista, a menos que a gente arranje outra garota.
_Então, o seu pai aceitar que o seu irmão está querendo virar veado..._quis saber Emanuele.
Olegário a interrompeu com visível repulsa:
_Nem pensar, pode ter certeza. Meu pai vai preferir ver o Beto internado num hospício do que andando de mãos dadas com um outro cara...ainda mais com este lance dele ser candidato...Se a população ao menos desconfiar que o Beto tem tido estes encontros às escondidas com este professor, aí é que a reputação dele vai pro saco de qualquer jeito. A campanha do meu pai é baseada na moral e nos bons costumes, agora o Beto vai inventar de fazer safadeza? É por isso que eu quero o meu irmão bem longe desse cara. Eu ajudei os meus pais a criarem o Beto...eu sei que ele é macho...mas aí teve aquela merda daquele acidente e o meu irmão ficou confuso deste jeito. E o seu professorzinho está se aproveitando disso pra confundir a cabeça do meu irmão. Aposto que já estava de olho no Beto quando teve aquele lance de doar sangue pro meu irmão...cara safado! Vontade de esmagar aquela cara de veado dele, viu?!
Ema viu o ódio estampado na face de Olegário e temeu pela integridade física de Jonas.
Decidiu falar o que mais a estava preocupando:
_Pois é...e ainda tem este tal passeio como prêmio pelo festival de talentos e aí...é um dia inteiro que eles vão ficar juntos._desabafou Emanuele.
_Nem pensar! Inventa qualquer coisa, diz que o dinheiro não deu, que não teve condução..._começou Olegário mais nervoso ainda.
_E tem como? Quem está dando o transporte é o seu pai e quem está custeando os outros detalhes do passeio é o outro candidato a prefeito. Eles não vão querer queimar o filme deles cancelando a premiação.
_Droga!
Ficaram alguns minutos em silêncio, quando Olegário anunciou:
_Ah, mas eu não vou perder este passeio por nada neste mundo. Pode exigir aí um outro motorista que não seja o Beto pra dirigir este ônibus.
_Não, eu já tinha pedido, afinal, não seria justo ele trabalhar no dia em que a turma dele está sendo premiada justamente por um feito dele. Seu pai vai mandar outro motorista da empresa, já combinei com ele.
_Vai mesmo...eu._Olegário falou firme.
_Você?
_Vou mexer os meus pauzinhos lá, junto do meu pai. Eu vou dirigir este ônibus e aí vou poder ficar na cola do Beto o dia inteiro. Quero ver o seu professor boiola aproximar-se do meu irmão._ameaçou.
Ema decidiu também participar do passeio dos alunos, pois não podia deixar aquela fera sozinha com o seu professor preferido. Acreditava conseguir deter Olegário, caso ele decidisse partir pra cima de Jonas.
Quando Olegário foi embora, levava um sorriso satisfeito no rosto.
Ema reconhecia que o sexo com ele fora bom, porém, o prêmio de consolação depois do fiasco da noite com Jonas, fez com que ela se sentisse uma prostituta: estava pagando com o próprio corpo a proteção de seu amado. Temia não conseguir acalmar os nervos de Olegário de outra forma, a não ser na cama.
Olhou-se no espelho: a depilação ficara perfeita e Olegário aprovara.
Ema tinha certeza de que se Beto não a tivesse interrompido, Jonas teria caído nas investidas dela...em algum momento, ele cederia, acreditava a diretora.
_De costas..._disse acariciando as nádegas._Homens e mulheres são todos iguais. Eu ou algum outro cara...Jonas não veria a diferença na hora de trepar.
Apesar de ter ficado com Olegário, a diretora não resistiu a masturbar-se gemendo, de olhos fechados, o nome de Jonas.
Daria a ele uma nova chance: escolheria o clube da cidade, onde, na beira da piscina, o professor pudesse ver tudo o que rejeitou na noite anterior. Depois disso, numa nova investida, ele com certeza aceitaria ficar com ela, pensou Ema esperançosa decidindo ir deitar-se para evitar algum traço de noite mal dormida no dia seguinte.
