Prólogo

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"I'm standing on a ledge above a fall I can't face, but you pushed me anyway. You got me in a free fall, you're my sweet surrender." -Against The Current.

Dallas, Texas. 10:35hr da manhã.

Alguma música da Twenty One Pilots ecoa pelos meus fones de ouvidos tão alto que nem escuto o sinal que anuncia o fim da aula tocar, só me dou conta quando vejo todos saindo pela porta.

-Jasmine, espera, posso falar com você? -a professora me para antes que eu tivesse a chance de andar até a porta. Me viro para encará-la, nem um pouco empolgada para a conversa.

-Claro. -digo, retirando os fones de ouvido um de cada vez.

-Não é permitido ouvir música durante as aulas. -ela me avisa como se eu não soubesse, mas é claro que eu sei, as regras da escola estão escritas por toda a parte, até na porta da primeira cabine do banheiro caso você queira dar uma lida enquanto aproveita o esvaziamento.

-Sério? Me desculpe. -me faço de desentendida, a senhorita Patty é uma das professoras novas, não me conheceu há um ano atrás quando eu estudava aqui, diferente do professor de ciências, Matty, que deixou bastante claro como está decepcionado comigo e como eu era uma aluna tão melhor há um ano atrás.

-Sei que você está um pouco atrasada. Vou preparar algumas atividades para você, e talvez possa te dar os pontos que precisa para conseguir a média. -ela está falando em um tom de voz calmo, parece preocupada comigo, o que significa que já ficou sabendo sobre o trágico acidente que me assombra.

Ela se vira para pegar suas coisas na mesa, provavelmente está esperando que eu acompanhe até a sala dos professores para conversarmos sobre como perder pessoas pode afetar nossa vida, e que ela sente muito, e blá-blá-blá.

Saio da sala em silêncio, enquanto ela volta a dizer alguma coisa, mas não escuto. Caminho até a biblioteca em passos longos e rápidos.

-Bom dia, Jasmine. -Sarah está sempre na recepção da biblioteca, ela nunca deixa de me cumprimentar, temos duas aulas juntas, e conversamos cerca de três vezes antes de eu sair da escola e ficar fora por um ano, ambas as três vezes eu apenas concordei com a cabeça enquanto ela parecia citar falas de personagens de filmes dos anos oitenta, mas por algum motivo, ela acha mesmo que somos amigas.

-Oi, Sarah. -digo, mas passo por ela rapidamente. Sidney está me esperando atrás do quinto corredor, onde ficam os livros de ficção, como sempre.

Ainda não estou acostumada com o fato dela ter mesmo cortado o cabelo nos ombros, sem dúvidas há um ano atrás ela ganharia qualquer competição de Rapunzel.

-Achei esse livro de romance, estava na sessão de ficção. É sobre uma mulher acomodada e esse cara, Ben. Ela aposta com o amigo dela que vai responder sim a todas as perguntas por uma semana inteira. Ela conhece o tal do Ben, ele pede para morar com ela. -ela começa a tagarelar antes mesmo de eu me sentar no chão ao seu lado.

-Ela precisa dizer sim, e eles se apaixonam? -pergunto, prevendo o fim.

-Romances são tão previsíveis! -ela afirma enquanto coloca o livro na prateleira de baixo, onde pode alcançar mesmo estando sentada. Ela pega outro livro.

-Minha irmã devoraria isso em um dia. -digo, mas acho que reconheço a capa e tenho quase certeza que ela já possuí.

-E como está indo a grande volta ao colégio de Jasmine Muller? -Sidney pergunta fazendo uma voz de efeito. Antes de ontem, no meu primeiro dia de volta, quando nos reencontramos ela disse que estava pensando em escrever um livro de drama sobre minha vida, adicionando ficção. Garota que não se encaixa com irmã popular, pais que sofreram um acidente recente, ela descobre que tem poderes secretos e é jogada em um novo universo, quando descobre que seu pai também tinha poderes e se apaixona pelo mais poderoso de todos. Por fim, acabamos concordando que já existe alguma história exatamente desse jeito em algum lugar.

-Eu deixei a senhorita Patty falando sozinha. E o professor de física me disse que está decepcionado comigo, eu respondi que ele podia entrar na fila. -respondo brevemente, na verdade, com exceção de alguns olhares de pena de pessoas que sabiam do acidente, estava tudo normal. Mas o "normal" na escola já costumava ser uma porcaria.

-Adultos são tão idiotas. Me lembre de nunca ser uma! -Sidney pede, e eu assento, mas diferente dela não vejo a hora de completar logo meus dezoito anos dali a dois meses e poder fazer o que eu bem entendesse. -E sua irmã? -ela pergunta colocando outro livro no lugar.

-Sthefany parou de chorar toda vez que falamos sobre nosso pai. Eu disse que agora ela está namorando Alan Max? -pergunto. Minha irmã era apenas um ano mais nova que eu, porém três vezes mais querida por todos que conhecia, até os professores seguiam ela no Instagram.

-Mas ela não voltou do Texas há três dias?!

-Eu sei! É incrível como tenha dado tempo dela ter um novo namorado. Eu ainda sequer tirei minhas coisas da mala. -estou realmente impressionada.

De repente, eu e Sidney paramos de conversar. Gemidos vindo do corredor frente ao nosso começam a ficar altos demais.

-Que nojo! -ela diz, enojada, se levantando do chão.

-Contamos a Sarah? -sussurro enquanto também me levanto.

-Sarah vai expulsá-los pela orelha. Eu mesma posso fazer isso. -ela decide, e nós duas vamos até o corredor da frente.

-Ei, idiotas. Isso é uma biblioteca! -Nicolas Evans e Deisy Hoover estão com as línguas um no outro. Quando finalmente param de se beijar, o batom dela está borrado, e ele está com expressão irritada.

-Sério? Achei que era um quarto de motel. -Nicolas responde, por algum motivo ele acha mesmo que é engraçado. Deisy está nos encarando, tentando imitar um biquinho estranho que essas metidas estão sempre fazendo, um que tenta dizer "sou superior do que vocês", mas quando ela faz parece apenas "eu sou mais idiota do que vocês".

-Sim, nós percebemos. -respondo, obviamente percebemos. Ele revira os olhos.

-Por que as duas namoradinhas não vão ser nerds em outro lugar, pode ser? -ele diz. Ele nem sequer está na lista de mais populares do colégio, ao contrário na verdade, Nicolas é um dos garotos estranhos que estão sempre sentados sozinhos no refeitório, se metendo em brigas no meio dos jogos de basquete e esquecendo de entregar o trabalho de filosofia, diferente do primo dele, Dean Evans, esse sim está no topo da cadeia alimentar da popularidade desde o fundamental. Mas Nicolas é um total idiota exatamente como o primo. Que tipo de demente acha que chamar alguém de lésbica ou nerd é uma ofensa em 2018?

Sidney está começando a ficar irritada, eu percebo porque ela sempre fecha forte a mão, cravando as unhas na palma, quando está muito furiosa.

-O que será que o treinador Ganter vai achar sobre isso, não é?! Quase fazer sexo na biblioteca é motivo suficiente para ser expulso do time de basquete, não acha Minnie? -Sidney se vira para mim, sorrindo.

-Com certeza! -respondo com outro sorriso, mas o meu sorriso é mais por ela ainda se lembrar do apelido que me dera há muito tempo atrás do que por qualquer outra coisa. O biquinho de Deisy some instantaneamente, e Nicolas não está mais com o tom debochado de antes.

-Não precisam se incomodar. Nós já acabamos aqui. -ele responde, agora sério, pega uma das mãos de Deisy e os dois saem dali rapidamente.

-Cara, eu senti falta de você. -digo à Sidney, rindo. O ano que passei no Texas, na casa da minha tia Nanda, não fora nenhum um pouco animado quanto os três últimos dias na companhia de Sidney outra vez, fico feliz por não termos nos afastado durante o ano.

-Você não tem ideia do inferno que era aqui sem você. -ela responde e entrelaça um dos braços nos meus. Caminhamos até a sala de aula outra vez. 

(...) 


Oiê, se tiver alguém por aqui. Migrei do Nyah pra cá, então é oficialmente minha primeira história nesse site, tô um pouco perdida, mas acho que aos pouquinhas a gente se ajeita. Ficaria muito grata se você que deu uma lidinha também deixasse um comentário, thank u, next! kkkkkk

Sweet SurrenderWhere stories live. Discover now